A partir de 15 de outubro, todos os clientes do Morgan Stanley poderão investir em fundos de Bitcoin e cripto, sem exigência mínima de patrimônio.
O acesso antes restrito a investidores qualificados se estende agora a contas de aposentadoria e perfis conservadores.
A medida pode gerar um novo ciclo de entrada de capital institucional no mercado cripto.
No primeiro momento, os fundos da BlackRock e Fidelity serão as opções disponíveis, com planos de expansão para outros produtos em 2026.
O Morgan Stanley cedeu à inovação mais uma vez e, a partir de 15 de outubro, todos os seus clientes, inclusive aqueles com contas de aposentadoria (retirement accounts), poderão receber recomendações sobre fundos de criptomoedas como Bitcoin e Ethereum por seus assessores financeiros.
Até então, essa possibilidade estava restrita a investidores com pelo menos US$ 1,5 milhão em ativos e perfil de risco agressivo.
A alteração da política marca o fim de barreiras até então existentes que limitavam a difusão institucional de criptoativos dentro de grandes gestoras tradicionais.
Em comunicado aos assessores, o banco informou que, com a nova regra, todos os tipos de conta — inclusive previdenciárias e trusts — estarão habilitados a alocar em produtos cripto sob critérios de compliance e limites internos.
A mudança também elimina o requisito anterior de que tais ofertas fossem feitas apenas em contas tributáveis (brokerage accounts). Sob a nova norma, um cliente com perfil conservador ou moderado poderá receber sugestões de exposição cripto, ainda que o percentual sugerido seja restrito conforme sua estratégia.
Por que isso é relevante para o mercado cripto
A decisão sinaliza uma aceleração da integração institucional dos criptoativos mais promissores no mainstream financeiro. Até então, muitas instituições viam criptos como uma classe de ativos emergente, mas mantinham barreiras estruturais à sua adoção generalizada dentro de carteiras geridas.
O Morgan Stanley administra cerca de US$ 8,2 trilhões em ativos, o que torna sua nova política especialmente impactante para o fluxo de capital institucional potencialmente disponível para o setor cripto.
Para controlar riscos, o banco utilizará ferramentas automatizadas de monitoramento a fim de evitar concentrações excessivas em criptoativos e garantir que clientes não ultrapassem limites prudenciais previamente definidos.
Além disso, inicialmente, os assessores poderão oferecer apenas fundos das gigantes BlackRock e Fidelity, embora o Morgan Stanley esteja avaliando expandir o leque de opções cripto no futuro.
Impactos no cenário macro e regulatório
A decisão do Morgan Stanley ocorre em momento favorável ao mercado cripto. Os ETFs à vista de Bitcoin e Ethereum continuam registrando fortes aportes. Esse cenário reforça a tese de que investidores institucionais estão buscando exposições reguladas ao ativo digital.
Outro fator que reforça esse movimento é o avanço regulatório nos EUA. Em agosto, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para facilitar que planos 401(k) incluam cripto, ouro e private equity, o que ajudou a criar um ambiente legal mais permissivo para ativos alternativos em contas de aposentadoria.
Além disso, o Morgan Stanley planeja ofertar negociação direta de Bitcoin, Ethereum e Solana em 2026, por meio de sua plataforma E*Trade, com a infraestrutura da Zerohash. Esse movimento deve fortalecer ainda mais sua integração com o ecossistema cripto, ao permitir que clientes executem ordens diretamente via corretora.
Ressalvas e desafios
Apesar do avanço simbólico, a nova política será aplicada com cautela. O Morgan Stanley manterá restrições de alocação e supervisão rigorosa sobre exposição excessiva. Isso sugere que os criptoativos podem receber um tratamento de ativo complementar, e não como núcleo de carteira.
Outro ponto a considerar é que a abertura depende da evolução regulatória e do ambiente legal nos EUA, que ainda vive incertezas sobre fiscalização, tributação de ativos digitais e definição de normas para plataformas e custódia.
Também pode haver barreiras culturais: muitos clientes tradicionais do banco têm aversão a ativos voláteis. A função do assessor será central na comunicação de riscos e na educação do investimento.
Reflexos para Brasil e América Latina
No Brasil e na América Latina, o movimento do Morgan Stanley espelha tendências que já vinham se intensificando, como a institucionalização, regulação e oferta de produtos cripto mais sofisticados.
Se grandes players globais internalizam cripto como parte de suas estratégias, gestores e bancos locais podem seguir o exemplo, oferecendo exposição cripto em carteiras tradicionais.
Há uma clara evolução regulatória brasileira em marcha (como a Lei dos Criptoativos e debates tributários). Ou seja, existe um cenário propício para que ativos digitais ganhem espaço entre os produtos financeiros locais.
Para investidores brasileiros, a abertura de acesso em instituições de peso como o Morgan Stanley pode sinalizar que os criptoativos estão mais próximos de se tornar ‘mainstream’. Ao observar esse movimento, players brasileiros podem acelerar o desenvolvimento de infraestrutura, custódia institucional e produtos regulados.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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