Banco Central da Coreia suspende projeto de moeda digital oficial.
Bancos sul-coreanos avançam com stablecoin lastreada no won.
Governo coreano prepara legislação específica para stablecoins.
O Banco Central da Coreia (BOK) decidiu interromper o seu projeto de Moeda Digital do Banco Central (CBDC). A decisão ocorre após o país demonstrar apoio crescente ao desenvolvimento de stablecoins com lastro na moeda local.
Segundo fontes ouvidas pela imprensa local, a segunda fase de testes, prevista para este ano, foi oficialmente cancelada.
Teste com 7-Eleven e bancos é suspenso
Antes da suspensão, o BOK já preparava um piloto com participação de grandes bancos e empresas como a 7-Eleven. Aliás, o plano incluía descontos de 10% em compras com CBDC, entre abril e junho deste ano.
O objetivo era avaliar a velocidade, segurança e aceitação do sistema. No entanto, o banco central da Coreia do Sul já informou todos os participantes sobre a paralisação.
Por outro lado, a preferência do governo por stablecoins parece ter influenciado a decisão. Também há dúvidas sobre como uma CBDC poderia coexistir com esses ativos digitais emitidos por instituições privadas.
A mudança de visão ocorre em um cenário de adoção crescente de criptoativos, com novas criptomoedas surgindo e uma institucionalização crescente das que já existem — principalmente, o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH), que já têm ETFs nos EUA.
Bancos da Coreia do Sul planejam stablecoin atrelada ao won
Oito bancos sul-coreanos anunciaram planos para lançar uma stablecoin pareada ao won, a moeda fiat local. Fazem parte do projeto instituições como KB Kookmin, Shinhan, Woori e Citi Korea.
As entidades trabalham em parceria com a Open Blockchain e a Financial Settlement Institute. O próximo passo é o desenvolvimento da infraestrutura para emissão do token.
Segundo Ryoo Sangdai, representante do BOK, a emissão inicial deve ficar restrita aos bancos:
É desejável permitir primeiro que os bancos emitam stablecoins, já que eles estão sujeitos a regulações financeiras mais rígidas.
No entanto, ele também informou haver um plano de expansão gradual para o setor não bancário.
Regulação das stablecoins entra na agenda legislativa
O tema também chegou ao parlamento da Coreia do Sul. Afinal, o deputado Min Seok apresentou um projeto de lei que cria regras específicas para stablecoins.
O texto propõe um sistema de licenças e está alinhado com a legislação de criptoativos vigente no país. Para o parlamentar, a proposta vai fortalecer a posição do país na economia digital global.
Enquanto isso, a postura do BOK sugere cautela. Mas, com os bancos tomando a dianteira, o avanço das stablecoins parece inevitável.
CBDC no Brasil: Drex não deve sair em 2025
A Coreia do Sul não é o único país a ter se dedicado a um projeto de CBDC nos últimos anos. A ideia de contar com uma moeda digital ‘oficial’ vem sendo alvo de testes em muitos lugares — incluindo o Brasil.
Atualmente, o projeto do Drex, o ‘real digital’, está na segunda fase do piloto, que se estende desde 2024. Diversas soluções estão passando por testes na rede desenvolvida pelo Banco Central (BC). Afinal, o piloto conta com a participação de empresas como o Banco do Brasil, Nubank, Santander e muitos outros.
No entanto, ainda não há previsão de quando o Drex será lançado. O projeto vem enfrentando problemas relativos à privacidade e deve demorar mais do que se previa inicialmente.
Além disso, já se sabe que haverá uma terceira fase do piloto, desta vez com um foco específico. Segundo Rogério Lucca, secretário-executivo do BC, as próximas soluções devem mirar em crédito barato e acessível.
Enquanto isso, o Drex enfrenta opositores. Por exemplo, um projeto na Câmara dos Deputados pede a proibição da extinção do papel-moeda. Esse é um dos reflexos de uma campanha crescente nas redes sociais contra o ‘real digital’, que inclui acusações de tentativa de controle estatal.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
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