Exchanges como KuCoin, OKX e Kraken elevaram a transparência após o colapso da FTX.
A prova de reserva não identifica dívidas fora da blockchain ou passivos ocultos.
Verificações criptográficas são um avanço, mas não eliminam todos os riscos.
No mundo cripto, a confiança é tudo, goste-se disso ou não. E anúncios recentes sobre prova de reserva, ou Proof of Reserves (PoR), apontam para uma mudança profunda na indústria.
As novidades vieram de exchanges como a KuCoin e a CoinEx, no dia 10 de julho, e pela OKX, em 9 de julho. Além disso, as transformações aparecem em relatórios de pioneiras como a Kraken.
O que mudou com a prova de reservas?
Essa onda de transparência surge como resposta direta à confiança no setor após o colapso da FTX, em meio a muitos ICOs de criptomoedas. Portanto, levanta uma pergunta central: o setor realmente mudou?
A resposta é um ‘sim’ com ressalvas. A adoção do PoR representa um avanço em relação à antiga opacidade. No entanto, essa prática está longe de ser uma solução mágica.
Aliás, alguns especialistas do setor já chegaram a chamá-la de uma ‘má ideia’. Ela já recebeu críticas de Michael Saylor, por exemplo.
A mudança para o PoR foi moldada por uma crise. Antes de novembro de 2022, esse conceito era praticamente ignorado. Então, a queda da FTX — causada pelo uso indevido de bilhões em fundos de clientes — gerou uma crise de confiança que forçou o mercado a adotar um novo padrão.
Em seguida, quase todas as grandes exchanges correram para implementar seus próprios sistemas de PoR. Afinal, elas tentam provar solvência e evitar a fuga massiva de ativos para carteiras de autocustódia.
Como as exchanges disputam em transparência
O que começou como uma reação emergencial virou uma disputa aberta pela confiança dos usuários. Agora, as exchanges tentam se destacar pela qualidade e rigor de suas auditorias. No entanto, o mercado segue fragmentado — e o que cada empresa chama de ‘prova’ pode variar bastante.
A KuCoin foca na consistência. Ela concluiu sua 32ª auditoria mensal consecutiva, reforçando sua narrativa de confiabilidade a longo prazo.
Por outro lado, a OKX aposta na tecnologia, utilizando provas zk-STARK que prometem mais segurança e privacidade. Além disso, a empresa conquistou recentemente a certificação SOC 1 Tipo 2.
A Kraken, que iniciou seu programa de PoR em 2014, se destaca pelo nível de granularidade. Além disso, ela inclui passivos relacionados a negociações de margem e futuros. Então, oferece uma visão mais completa da saúde financeira da plataforma.
Por fim, a CoinEx reforça sua proporção 1:1 de reservas com o ‘CoinEx Shield Fund’. Com isso, aloca 10% das taxas de negociação para proteção adicional dos usuários.
Mas é essencial entender o que os relatórios PoR não mostram. Trata-se de uma ferramenta limitada, que não garante a saúde completa de uma exchange.
PoR ainda é uma solução parcial
Por isso, é importante destacar que essas auditorias funcionam como fotografias de um único momento — não como análises financeiras abrangentes.
Elas não expõem passivos fora da blockchain, como dívidas corporativas, que podem levar uma empresa à falência. Isso pode gerar uma falsa sensação de segurança, desviando a atenção de riscos mais amplos.
O setor cripto evoluiu, sem dúvida. A possibilidade de verificar reservas com tecnologia criptográfica é um avanço relevante. No entanto, o PoR ainda é uma solução parcial.
Também é importante que os usuários encarem esses relatórios como ponto de partida para suas próprias análises. Afinal, somente as carteiras de autocustódia eliminam completamente o risco de contraparte.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok