OranjeBTC cai 17% em semana de estreia

O recuo ocorre em meio a uma leve correção do Bitcoin (BTC) no mercado global.

Leonardo Cavalcanti By Leonardo Cavalcanti Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 5 mins read
OranjeBTC cai 17% em semana de estreia

Resumo da notícia

  • A OranjeBTC estreou na B3, tornando-se a primeira Bitcoin Treasury Company da América Latina.
  • A listagem foi feita por IPO reverso, via incorporação da Intergraus S.A., que já tinha registro ativo na bolsa.
  • A empresa detém 3.675 BTC, equivalente a aproximadamente R$ 2,4 bilhões, após comprar mais 25 BTC entre 25 de setembro e 6 de outubro.

A OranjeBTC (OBTC3) segue em trajetória volátil desde sua estreia na B3. O preço da última semana, a primeira após a listagem, refletiu bem a sensibilidade do papel às oscilações do mercado de criptomoedas.

Na sessão de sexta-feira (10/10), as ações recuaram 5,87%, fechando a R$ 19,89, o menor nível desde o início das negociações. No acumulado de cinco dias, a queda chegou a 17,12%, segundo dados do TradingView.

A empresa, primeira da América Latina dedicada totalmente à tesouraria de Bitcoin, abriu o pregão inaugural a R$ 21,99. O IPO reverso teve grande parte de seu impulso devido ao entusiasmo inicial com a proposta de integrar o mercado acionário brasileiro ao ecossistema cripto.

Desde então, no entanto, os investidores têm adotado uma postura mais cautelosa diante da volatilidade acentuada e da liquidez ainda reduzida do papel.

Além disso, o recuo ocorre em meio a uma leve correção do Bitcoin (BTC) no mercado global. A criptomoeda recuou brevemente abaixo de US$ 121.000, após uma sequência de altas recentes.

Como a OranjeBTC mantém quase todos os seus ativos em BTC, suas ações funcionam como uma alavanca direta da criptomoeda, amplificando ganhos e perdas conforme a variação do ativo.

Um espelho da volatilidade do Bitcoin

Desde o primeiro pregão, a ação OBTC3 tem se comportado como um reflexo fiel da volatilidade do Bitcoin. O movimento de queda na sexta-feira também representou um ajuste técnico após o rali de estreia. Afinal, o papel chegou a subir mais de 1% no primeiro dia de negociação.

Com o BTC variando em torno de US$ 121.500, analistas apontam que o movimento de realização de lucros é natural, especialmente entre investidores que buscavam ganhos rápidos com o ‘fator novidade’.

A liquidez reduzida, com volume médio diário inferior a 5 mil ações negociadas, tem potencializado as oscilações de preço. Contudo, a queda de preço das criptomoedas mais promissoras também afeta o sentimento de mercado.

Tesouraria de R$ 2,4 bilhões em Bitcoin

A OranjeBTC mantém 3.675 BTC sob custódia, avaliados em cerca de R$ 2,4 bilhões. O modelo da empresa é inspirado no da norte-americana MicroStrategy, utilizando o mercado de capitais para financiar a acumulação de Bitcoin por meio de emissões de ações e dívidas conversíveis.

A companhia adquiriu 25 BTC entre 25 de setembro e 6 de outubro, reforçando seu compromisso de expansão da reserva. Em termos de estrutura financeira, a empresa possui R$ 128 milhões em dívida conversível, o que pode resultar na emissão futura de até 6,96 milhões de novas ações.

A tesouraria em BTC é uma tendência em crescimento nos EUA. O terceiro trimestre de 2025 consolidou o maior movimento corporativo de acumulação de Bitcoin (BTC) desde o final de 2024.

De acordo com dados da BitcoinTreasuries.net, empresas públicas de todo o mundo adicionaram 190.611 BTC aos seus balanços entre julho e setembro, o equivalente a US$ 23,36 bilhões em compras líquidas.

Esse salto reforça a continuidade de um ciclo de acumulação institucional. Portanto, analistas já defendem que essa estratégia redefine o comportamento do mercado e reacende o debate sobre a oferta limitada do ativo.

Perspectiva dos investidores

Embora o recuo de dois dígitos em menos de uma semana chame a atenção, analistas avaliam que o desempenho está dentro do esperado para um ativo diretamente atrelado ao Bitcoin. OBTC3 é vista como uma forma regulada de exposição ao criptoativo. Portanto, consegue atrair investidores interessados em exposição indireta, mas aversos ao risco operacional de operar em exchanges.

A expectativa é que a liquidez aumente conforme mais corretoras e fundos locais passem a incluir o ativo em suas carteiras de negociação.

Apesar das oscilações, a estreia da OranjeBTC reforça o papel do Brasil como pioneiro na integração entre o mercado de capitais e a criptoeconomia. A B3 já havia dado sinais de interesse no setor ao lançar índices de criptoativos e oferecer infraestrutura para ETFs de Bitcoin e Ethereum, mas a listagem da OranjeBTC representa o primeiro caso de uma companhia inteiramente baseada em Bitcoin.

O movimento também se alinha à tendência global de institucionalização do setor, impulsionada pela entrada de fundos, bancos e empresas públicas em operações com ativos digitais.

O espelho do Bitcoin na bolsa brasileira

A estreia da OranjeBTC (OBTC3) coloca a B3 no radar global de empresas cripto, mas evidencia um ponto central: o desempenho da ação será tão instável quanto o ativo que a sustenta.

Com o BTC ainda oscilando fortemente e o mercado em transição entre otimismo e cautela, os próximos pregões dirão se o ativo encontrará um ponto de equilíbrio.

Por ora, OBTC3 se consolida como um termômetro do sentimento de risco em relação ao Bitcoin no Brasil, uma aposta de alto potencial, mas igualmente exposta às tempestades que tradicionalmente acompanham a criptoeconomia.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Leonardo Cavalcanti

Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.