Endereços com 100 a 1.000 BTC alcançam máxima de volume acumulado
Esse fenômeno sugere uma transferência gradual de oferta de baleias para participantes médios, endereços que não são gigantes, mas tampouco meros varejistas.
Endereços com 100 a 1.000 BTC alcançam o maior volume da história, com mais de 5,1 milhões de BTC sob custódia, segundo a Glassnode.
Baleias reduzem posições enquanto investidores intermediários ampliam participação, tornando o mercado mais descentralizado.
Com mais de 14,3 milhões de BTC classificados como ilíquidos, a escassez estrutural do ativo se intensifica.
Cortes de juros pelo Federal Reserve reduzem o custo de oportunidade e impulsionam o apetite por ativos de risco como o Bitcoin.
Dados on-chain recentes revelam que os endereços que detêm entre 100 e 1.000 BTC atingiram um novo pico histórico em volume acumulado. A métrica reforça uma dinâmica interessante de redistribuição de oferta no ecossistema, conforme analistas destrincham nas redes sociais.
No gráfico da Glassnode, a curva laranja, que representa o estoque de BTC mantido por esses endereços, vem subindo consistentemente ao longo de 2025. Mesmo enquanto o preço (linha preta) segue variações típicas de mercado.
(Imagem: Glassnode)
Esse fenômeno sugere uma transferência gradual de oferta de baleias maiores para participantes médios, endereços que não são gigantes, mas tampouco meros varejistas.
Também implica que parte do BTC que estaria em mãos altamente concentradas está sendo ‘migrado’ para essas camadas intermediárias, possivelmente como estratégia de diversificação ou de mitigação de risco.
Dados corroboram essa tendência: plataformas como Santiment reportaram que o número de carteiras na faixa de 100 a 1.000 BTC chegou a 15.777. E em períodos recentes, esses endereços teriam adicionado dezenas de milhares de BTC, ou 65.000 BTC em uma semana, segundo relatórios públicos como da CoinNess.
Ao mesmo tempo, observa-se que grandes endereços com mais de 1.000 BTC vêm reduzindo suas posições. Um movimento que reforça a tese de que parte da oferta está sendo rebaixada para estes detentores médios.
Essa redistribuição pode ser vista como forma de diluir riscos de concentração e preparar para ciclos mais amplos, reduzindo a dependência da curva de liquidez das grandes baleias.
Pressão de oferta, volume acumulado e sustentabilidade de alta
No mercado cripto, grande parte do BTC circulante é classificado como ‘ilíquido’. Ou seja, estima-se que mais de 14,3 milhões de BTC estejam em mãos de detentores de longo prazo ou tesourarias institucionais, sem intenção de vender (illiquid supply. Portanto, naturalmente cada movimento de oferta é observado com cautela.
A ascensão da faixa 100–1.000 BTC adiciona uma camada de pressão adicional, pois embora não se trate de vendas maciças, representa oferta fresca potencialmente realizável.
Esse estoque ‘disponível intermediário’ funciona como uma almofada de liquidez latente: se o preço subir muito, esses holders médios podem decidir monetizar parte de seus saldos, contribuindo para correções.
Mas diferentemente de baleias que detêm grandes quantidades, elas tendem a agir de forma mais gradual. Isso pode trazer mais resiliência ao mercado, mitigando despejos abruptos.
Cortes de juros historicamente tendem a injetar liquidez nos mercados, o que pode beneficiar ativos de risco como criptomoedas. Conforme comentários de gestores de portfólio, taxas menores tornam menos atrativas as aplicações de renda fixa tradicional e podem direcionar capital para classes alternativas como criptomoedas mais promissoras.
Ainda assim, correlações passadas mostram que o efeito não é linear. Em diversos momentos, o Bitcoin reagiu moderadamente a cortes, com investidores ‘vendendo a notícia’ ou mantendo estratégias cautelosas.
Contexto macro: juros, liquidez e narrativa institucional
A conjuntura macro dos EUA em 2025 tem sido marcada por expectativas de flexibilização monetária após um período prolongado de taxas elevadas.
A estratégia de acumulação institucional, por meio de ETFs, reservas corporativas e políticas nacionais de criptoativos, tornou-se parte integrante da narrativa altista. Com taxas mais baixas, o custo de oportunidade de manter Bitcoin diminui frente a ativos de renda fixa.
Além disso, o mercado digital busca cada vez mais clareza regulatória. Em cenários onde os reguladores mostram abertura, seja por legislação de stablecoins ou movimentações governamentais em Bitcoin, o risco percebido diminui, atraindo mais capital de investidores institucionais.
Dentro desse cenário, a pressão de oferta gerada por endereços com 100 a 1.000 BTC aparece como uma variável relevante, mas não necessariamente adversa. Se a liquidez na mão estiver parcialmente absorvida pelo mercado, os compradores podem atuar de forma gradual e sustentada, suavizando picos de volatilidade.
Perspectiva e implicações para investidores
Para quem está investido ou pretende ingressar no mercado cripto, o que está em jogo é a interação entre oferta potencial e demanda institucional.
O crescimento da faixa intermediária de holders sinaliza confiança no BTC como reserva de valor, ao passo que reduz a dependência de vendas de grandes baleias como motor de correção.
Entretanto, não se deve subestimar os gatilhos externos: notícias macro, mudanças regulatórias e fluxos de capital global ainda têm poder para alterar o cenário de forma abrupta.
A atenção ao comportamento desses holders médios pode oferecer pistas valiosas sobre a sustentação de novas altas ou eventuais consolidações.
Em síntese, a máxima de que quem controla a oferta controla o preço ganha uma releitura. Isso porque o controle, agora, pode estar sendo distribuído entre classes médias de investidores, em um movimento mais orgânico e menos sujeito a choques concentrados.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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