Greenlane Holdings capta US$ 110 milhões e lança estratégia de tesouraria em Berachain
A operação, liderada pela Polychain Capital com a participação de outras instituições como Blockchain.com e Kraken, representa um movimento significativo de diversificação de tesouraria corporativa em criptoativos.
A Greenlane firmou uma private placement ('PIPE') de US$ 110 milhões para financiar aquisição de BERA como ativo-reserva da tesouraria.
A transação inclui aproximadamente US$ 50 milhões em caixa e cerca de US$ 60 milhões em tokens BERA.
Participantes institucionais de peso incluem a Polychain Capital (líder), Blockchain.com, Kraken, North Rock Digital, CitizenX e dao5.
Após o anúncio, as ações GNLN subiram até 45% no pré-mercado.
A estratégia representa um novo patamar na adoção institucional de altcoins fora do eixo Bitcoin-Ethereum.
A Greenlane Holdings Inc. (Nasdaq: GNLN), tradicionalmente reconhecida como fornecedora de soluções para o mercado de consumo e distribuição de cannabis nos Estados Unidos, surpreendeu o mercado financeiro nesta segunda-feira (20/10). Afinal, a empresa anunciou uma colocação privada (private placement) de US$ 110 milhões voltada para o lançamento de uma estratégia de tesouraria corporativa em criptomoedas, denominada BeraStrategy.
O movimento marca a entrada definitiva da companhia no setor de ativos digitais e sinaliza um dos mais ousados experimentos de integração entre finanças corporativas tradicionais e Web3 já realizados por uma empresa listada na Nasdaq.
O plano da Greenlane é direcionar parte expressiva dos recursos captados para aquisições estratégicas do token BERA, nativo da blockchain Berachain.
Trata-se de um ecossistema que vem chamando a atenção pela proposta de combinar alta performance e liquidez institucional em um modelo inovador de governança chamado Proof of Liquidity.
O investimento foi liderado por fundos de capital de risco e gestoras reconhecidas no universo cripto. Entre eles, estão gigantes como a Polychain Capital, Blockchain.com, North Rock Digital, CitizenX, dao5 e Kraken Ventures.
De acordo com o comunicado oficial, cerca de US$ 50 milhões da operação serão aportados em caixa e US$ 60 milhões em tokens BERA adquiridos diretamente do ecossistema.
Logo após o anúncio, as ações da Greenlane (GNLN) dispararam no pré-mercado, chegando a registrar alta superior a 45% nas negociações da Nasdaq, segundo dados do Investing.com.
Uma virada estratégica com Berachain
Historicamente focada em infraestrutura e logística para o mercado de cannabis legal, a Greenlane vinha enfrentando desafios financeiros nos últimos trimestres.
O reposicionamento estratégico sinaliza um reposicionamento radical, que pretende transformar a companhia em uma holding híbrida capaz de operar tanto no segmento de bens de consumo quanto no emergente mercado de ativos digitais tokenizados.
O CEO da empresa, Craig Snyder, afirmou em nota que a transição reflete uma visão de longo prazo sobre o papel das blockchains na nova economia global.
O capital corporativo não pode mais ficar preso em instrumentos que rendem próximo de zero enquanto o mundo financeiro se move para ativos programáveis, com liquidez global e transparência total. A BeraStrategy representa nossa convicção de que a infraestrutura blockchain será o novo padrão operacional das empresas públicas.
O executivo também destacou que o projeto posiciona a Greenlane para competir na vanguarda da inovação corporativa, ao lado de companhias como Strategy, Metaplanet e BitMine Immersion, que adotaram criptomoedas em suas tesourarias como reserva estratégica. É cada vez mais comum empresas escolherem as criptomoedas mais promissoras do mercado para tesouraria.
O que é a Berachain e por que o token BERA importa
A Berachain é uma blockchain de camada 1 (L1) construída sobre o framework Cosmos SDK. Ela se vende como a primeira rede que utiliza um modelo de consenso único chamado Proof of Liquidity (PoL).
Diferentemente do Proof of Stake tradicional, no qual os validadores bloqueiam tokens para assegurar a rede, o PoL combina liquidez e segurança, incentivando usuários e instituições a prover capital ativo em pools de liquidez que validam transações simultaneamente.
Esse modelo permite que protocolos descentralizados gerem rendimento e governança de forma integrada, tornando o ecossistema atrativo tanto para instituições financeiras quanto para investidores individuais.
Segundo dados recentes do DefiLlama, o valor total bloqueado (TVL) na Berachain ultrapassa US$ 3,2 bilhões, com crescimento de 37% nos últimos 60 dias. O token BERA, por sua vez, valorizou mais de 80% no terceiro trimestre de 2025. No entanto, grande parte do impulso ocorreu por meio de listagens em grandes exchanges, como Kraken, OKX e Binance US.
Para a Greenlane, o BERA representa mais do que um ativo especulativo. Trata-se de um pilar estratégico de tesouraria digital, que poderá ser futuramente um colateral para emissões tokenizadas, pagamentos institucionais e instrumentos de liquidez corporativa.
Reação do mercado e visão institucional
O anúncio da BeraStrategy foi recebido como um sinal de amadurecimento do ciclo atual de adoção institucional de criptomoedas.
Analistas da CoinDesk Markets destacaram que a operação da Greenlane pode inaugurar uma nova onda de tesourarias híbridas. Nesse novo cenário, as empresas tradicionais passam a combinar ativos de fluxo estável, como títulos e stablecoins, com tokens de alto potencial de valorização.
O caso da Greenlane se diferencia dos anteriores por ser a primeira vez que uma companhia listada na Nasdaq monta uma posição relevante em um token alternativo (altcoin) que não seja Bitcoin ou Ethereum. Essa mudança de foco representa uma guinada no comportamento corporativo e pode abrir espaço para uma nova geração de ativos digitais integrados à economia real.
A analista institucional Jane Holloway, da North Rock Digital, sintetizou o momento:
Estamos vendo uma descentralização da própria tese corporativa de reserva de valor. O Bitcoin continua sendo o padrão, mas agora empresas estão olhando para redes produtivas, com utilidade real e ecossistemas de finanças descentralizadas. Desse modo, a Berachain é um dos exemplos mais promissores.
Impactos no ecossistema corporativo
A decisão da Greenlane ocorre em um contexto macroeconômico de redução das taxas de juros nos Estados Unidos. Portanto, também há um apetite por risco crescente entre os investidores institucionais.
Com o Federal Reserve sinalizando novos cortes de até 50 pontos-base até o final de 2025, o ambiente torna-se propício para ativos alternativos e de maior volatilidade.
Empresas com grande disponibilidade de caixa buscam agora oportunidades de alocação em criptoativos que possam gerar rendimento, liquidez e exposição tecnológica. A BeraStrategy, nesse sentido, funciona como uma vitrine para o potencial das blockchains em aplicações de tesouraria e gestão de liquidez corporativa.
Especialistas veem paralelos com o movimento da Metaplanet no Japão. A empresa já detém mais de 30 mil BTC em seu balanço. Também há a BitMine Immersion, que anunciou 3,24 milhões de ETH em reserva.
A diferença é que a Greenlane está apostando em uma rede emergente, o que aumenta o risco, mas também potencializa o retorno.
Perspectiva de governança e compliance
A Greenlane informou que a BeraStrategy atenderá plenamente à estrutura regulatória. Por exemplo, isso inclui auditoria independente e relatórios trimestrais de desempenho.
O conselho da empresa deverá aprovar diretrizes de compliance alinhadas às normas da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e às práticas contábeis do FASB, que autorizou recentemente a mensuração de ativos digitais a valor justo (fair value accounting).
Além disso, segundo o comunicado, a empresa utilizará custódia institucional com múltiplas camadas de segurança. Portanto, a ideia é combinar carteiras frias (cold storage) e soluções de liquidez administradas por parceiros regulados.
Essa estrutura permitirá transparência e mitigação de risco operacional. Afinal, esse é um ponto crítico para empresas listadas que ingressam no universo cripto.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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