Pump.fun perdeu 60% de valor e agora representa apenas 10,6% dos lançamentos diários em Solana.
LetsBonk domina 82,6% do mercado de novos tokens na rede SOL, superando a Pump.fun.
A rede Base ultrapassou a Solana em número de tokens criados por dia.
Memecoins estão migrando para a Base por custos baixos, hype e liquidez.
Comunidade acusa Pump.fun de inércia e cobra mudanças mais profundas na experiência do usuário.
O ciclo das moedas meme segue se transformando de forma acelerada. Após meses de domínio quase absoluto na Solana, a plataforma Pump.fun, responsável por alavancar centenas de tokens virais, agora enfrenta um colapso no valor de seu token nativo (PUMP) e uma debandada de criadores rumo à rede Base, blockchain de segunda camada desenvolvida pela Coinbase.
Segundo dados compilados nas últimas semanas, a Pump.fun teve queda na receita diária para menos de US$ 300 mil, menor nível desde setembro de 2024. Mais grave, a participação no mercado de lançamentos de tokens em Solana desabou para apenas 10,6%, enquanto concorrentes como a LetsBonk passaram a dominar o cenário, abocanhando 82,6% do volume diário.
O reflexo disso no preço do token PUMP foi imediato: uma queda de cerca de 60% em apenas duas semanas. A desvalorização acendeu alertas e alimentou uma onda de críticas nas redes sociais. Muitos membros da comunidade passaram a chamar o projeto de “fracasso” e decretaram: “Pump.fun is dead”.
(Fonte: Dune)
A resposta: buybacks e promessas não confirmadas
Em meio à pressão crescente, surgiram rumores de que a equipe da Pump.fun estaria preparando uma ação de emergência para tentar salvar o token. Especulações apontam que a plataforma estaria destinando 100% da receita diária para recomprar PUMP no mercado, em vez dos 25% aplicados anteriormente. Também teria alocado 12 mil SOL para buybacks programados.
No entanto, até o momento, não há confirmação oficial nem cronograma definido para essas medidas. Para muitos, trata-se de uma reação tardia que pode não ser suficiente para recuperar o prestígio do projeto. Especialmente diante de um novo fenômeno que cresce de forma silenciosa, porém acelerada: a ascensão da rede Base como novo lar das novas melhores memecoins.
A rede Base ultrapassou a Solana em número de tokens lançados por dia. Desse modo, consolidando-se como o novo destino preferido de desenvolvedores de memecoins. A migração é impulsionada por uma combinação de fatores estratégicos.
Entre eles, destaca-se o custo de transação mais previsível e acessível, o que favorece a criação em massa de tokens de baixo valor unitário. Além disso, o ecossistema da Base é claramente orientado para usuários do varejo, com suporte nativo à rede Ethereum e ampla compatibilidade com ferramentas populares como a carteira MetaMask.
Outro elemento crucial tem sido o engajamento nas redes sociais, principalmente no X (antigo Twitter), onde bots automatizados rastreiam e divulgam cada novo token criado na Base, contribuindo para a viralização instantânea de projetos.
A infraestrutura também conta com plataformas como Degen e Aerodrome, que oferecem experiências de criação e liquidez otimizadas para criadores independentes, sem exigir conhecimentos técnicos avançados.
Esses fatores combinados transformaram a Base em um verdadeiro epicentro da experimentação cripto em pequena escala. A rede tornou-se o novo lar de tokens satíricos, colecionáveis narrativos e memecoins com forte apelo comunitário.
Do hype ao abandono: o ciclo das plataformas de moedas meme
O ciclo é conhecido por quem acompanha o mundo cripto: uma plataforma ganha tração, atrai criadores e investidores, lança um token próprio, e passa a capturar parte da receita para sustentar o preço do ativo. Quando o engajamento cai ou a inovação estagna, a liquidez desaparece e os usuários migram para o próximo ecossistema mais quente.
Foi assim com o fenômeno da Pump.fun, que em seu auge chegou a liderar os lançamentos de tokens na Solana e impulsionar campanhas virais envolvendo políticos, memes e até personalidades brasileiras. Agora, com a desvalorização do PUMP e o domínio da LetsBonk, muitos criadores buscam novos horizontes.
A Base surge como o destino natural. A camada 2 da Coinbase já vinha atraindo atenção por conta de sua integração com exchanges, stablecoins e soluções de escalabilidade. A explosão de memecoins por lá só consolidou a narrativa: a Base é o “novo faroeste” do cripto.
O protagonista que emergiu com força na rede foi o protocolo Zora, que tornou-se central no fenômeno de tokenização de conteúdo. Após o rebranding da carteira da Coinbase para Base App, a plataforma passou a integrar diretamente a infraestrutura da Zora, permitindo que os usuários criem, publiquem e tokenizem posts com apenas um toque.
Essa integração foi responsável por um salto expressivo: o número diário de tokens criados na Zora subiu de cerca de 4.000 para até 38.000 em um dia, enquanto o volume de negociação ultrapassou US$ 6 milhões diários.
Impacto no token Zora da Base
Esse boom teve impacto direto no token ZORA, que valorizou cerca de 440% em uma semana, pulverizando níveis anteriores e elevando a capitalização de mercado para mais de US$ 200 milhões.
De acordo com dados da plataforma Dune Analytics, mais de 12.000 criadores únicos ingressaram na rede durante esse surto, e milhares de carteiras smart Zora passaram a ser utilizadas diariamente, com recompensas diárias saltando de US$ 1.000 para mais de US$ 30.000.
Apesar do crescimento impressionante, Zora também é alvo de críticas. Analistas e membros da comunidade acusam o ecossistema de se comportar como um “hypercasino hellscape”, onde a maioria dos tokens nasce com valor especulativo e sem propósito real.
Mesmo assim, o modelo inovador de Zora está redefinindo o conceito de monetização social na blockchain. A tokenização de postagens e perfis do Farcaster, transformados em “Creator Coins” e content coins, está criando um novo mercado de conteúdo digital on-chain. Neste mercado, o viral se converte em valor econômico real. É uma mudança de paradigma que posiciona Zora como elemento estruturante da nova economia de criadores na Base.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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