Acusações de controle estatal motivaram uma pauta anti-Drex. Mas o que explica a polêmica e quais pontos do projeto geram mais dúvidas entre os brasileiros.
Quando sair do papel, o Drex criará uma infraestrutura blockchain de tokenização para o sistema financeiro.
Parlamentares de orientação bolsonarista passaram a atuar na prática contra o real digital. A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) lançou um abaixo-assinado afirmando que a tecnologia permitiria o monitoramento de cada passo dos cidadãos.
BC pode até vencer a guerra contra as ‘fake news’. Mas ainda terá dificuldades para viabilizar o processo ainda em 2025.
O Drex, também conhecido como ‘real digital’ tem dado o que falar no universo cripto — e não só. Afinal, o tema furou a bolha da blockchain e passou a ser alvo de críticas nas redes sociais e no Congresso.
Há até pouco tempo, o assunto não gerava tanto interesse. Isso mesmo já na segunda fase de testes, com alguns anos no ‘forno’ do Banco Central. No entanto, acusações de controle estatal motivaram uma pauta anti-Drex.
Então, vamos tentar entender do que se trata a polêmica e quais pontos do projeto geram mais dúvidas entre os brasileiros.
O que é o Drex? Entenda para que servirá o ‘real digital’
O Drex é uma Moeda Digital do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês). O projeto-piloto começou no Brasil ainda na gestão de Roberto Campos Neto no BC. No entanto, segue a todo vapor sob o comando de Gabriel Galípolo.
Em resumo, CBDCs são moedas digitais que muitos países aderem. As criptomoedas são um dos subconjuntos das moedas digitais que utilizam princípios criptográficos para garantir a segurança das transações e operam em redes blockchain descentralizadas.
Quando sair do papel, o Drex criará uma infraestrutura de tokenização para o sistema financeiro, totalmente regulada pelo BC. Ele servirá como representação digital do real, operando em uma rede de registro distribuído (DLT), semelhante a uma blockchain.
Segundo o BC, o Drex não deve chegar às pessoas físicas. Afinal, o objetivo é que ela cumpra o papel de uma moeda de atacado. Portanto, serviria para pagamentos, depósitos e transferências entre instituições financeiras — inclusive o BC.
Quando sai o Drex?
O Banco Central já está na segunda fase do projeto-piloto, que começou ainda em 2024.
No entanto, ainda não há previsão de quando o Drex será lançado. Portanto, ele dificilmente estará disponível já em 2025.
A principal razão, segundo fontes do setor e do próprio BC, são dificuldades enfrentadas em aspectos como privacidade e proteção de dados. Segundo o relatório da primeira fase do projeto, a autoridade monetária teve avanços nesse sentido na primeira fase do projeto-piloto. No entanto, ainda há questões em aberto.
Além disso, outro fator que pode atrapalhar os planos do BC é a atuação da base bolsonarista no Congresso e nas redes.
Por que o projeto virou alvo da oposição?
Nos últimos meses, parlamentares de oposição ao governo atual passaram a criticar o projeto do Drex nas redes sociais.
As falas contra a nova tecnologia aumentaram após o presidente dos EUA, Donald Trump, assinar uma ordem executiva contra CBDCs. A medida de Trump proíbe o Federal Reserve, o banco central dos EUA, de criar uma moeda digital nesses moldes.
O ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma declaração na qual afirmou que o projeto não traria problemas em outro governo. Por outro lado, disse que o Drex seria ‘uma ferramenta de controle social nas mãos da esquerda’.
Além disso, parlamentares de orientação bolsonarista passaram a atuar na prática contra o real digital. A deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) lançou um abaixo-assinado afirmando que a tecnologia permitiria o monitoramento de cada passo dos cidadãos. Segundo ela, bastaria um clique para o BC bloquear a conta de alguém ou sumir com o investimento em criptomoedas dessa pessoa.
Zanatta ainda lançou o Projeto de Lei PL 3.341/2024, que proíbe o fim da emissão de dinheiro em espécie no Brasil. Afinal, a possível extinção do dinheiro em papel é um dos boatos que tem circulado nas redes sociais a respeito do Drex.
Banco Central defende projeto de CBDC brasileira
Desde que teve início essa campanha de oposição ao Drex, o Banco Central veio a público diversas vezes para desmentir alguns dos principais rumores sobre o projeto. Por exemplo, negou que ele pressupõe o fim do papel-moeda ou teria como objetivo controlar a vida dos cidadãos.
No entanto, o fato de o piloto do Drex estar enfrentando questões relativas à privacidade dos usuários acaba servindo como combustível para quem desconfia do governo. Isso ocorre mesmo com toda a transparência durante os testes.
Portanto, o BC pode até vencer a guerra contra as ‘fake news’. Mas ainda terá dificuldades para viabilizar o processo ainda em 2025.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
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