O Banco Central deve abandonar o DLT no Drex para acelerar a entrega à população.
Reconciliação de gravames será foco da primeira versão, prevista para 2026.
Empresas seguem investindo em tokenização, mesmo com mudança de direção.
O Banco Central do Brasil decidiu mudar radicalmente a estratégia do Drex, sua plataforma para o ‘real digital’. A autoridade monetária optou por retirar a tecnologia de registro distribuído (DLT) da próxima fase do projeto. Com isso, a primeira versão, prevista para 2026, será mais simples e não incluirá tokenização.
Além disso, o Drex passará a operar com dois horizontes distintos. Um terá foco em funcionalidades práticas e imediatas, como a reconciliação de gravames. O outro terá como foco o amadurecimento da tecnologia DLT e das soluções de privacidade que a envolvem.
As informações são do coordenador do Drex no Banco Central (BC), Fabio Araujo, que deu entrevista ao Valor nesta quinta-feira (7/8), durante o Blockchain Rio.
Reconciliação será o foco inicial do Drex
A primeira entrega do Drex se voltará ao problema da reconciliação de garantias de crédito.
‘Eu tenho um ativo, ele me pertence, mas dei em garantia para uma transação’, explicou Araujo. O desafio é fazer os sistemas das corretoras e bancos se comunicarem com segurança e eficiência nesses casos.
Por outro lado, o BC ainda não revelou qual tecnologia usará para a reconciliação. Existe a possibilidade de usar a infraestrutura do Pix.
‘É como o que eles já tinham falado, que queriam integração com o Pix’, afirmou Marcos Viriato, CEO da Parfin.
A Hyperledger Besu, rede DLT permissionada que seria usada inicialmente, ficou de fora por limitações técnicas. Por exemplo, houve dificuldade em conciliar privacidade e programabilidade.
Com isso, o BC diminui suas ambições no curto prazo, em um cenário de novos ICOs de criptomoedas e amadurecimento do mercado.
Privacidade e tokenização seguem como metas futuras
Três soluções de privacidade que o BC testou na primeira fase do Drex não atenderam completamente às exigências. O órgão avaliou outras três depois. No entanto, ainda é necessário desenvolvimento. Segundo Araujo:
Achamos boas soluções de privacidade, só que aparentemente não é suficiente.
O DLT fora nesta etapa não significa o abandono da ideia. Afinal, o BC quer amadurecer a tecnologia antes de aplicá-la em larga escala. Assim como ocorreu com o Pix, a ideia é fazer o Drex evoluir de maneira progressiva.
Empresas continuam investindo na tokenização
Mesmo sem DLT na próxima entrega, as empresas que participaram dos testes seguem confiantes.
João Aragão, do Banco Inter, contou que a instituição tokenizou soja e operou interoperabilidade em uma plataforma de trade finance. Por isso, deve seguir pesquisando esse tipo de solução.
Vamos continuar trabalhando em tokenização.
Além disso, Caixa e BB testaram com sucesso a tokenização de uma venda de imóvel.
Por fim, o BC enfrenta também críticas políticas. Afinal, grupos conservadores passaram a associar o Drex a um suposto controle estatal excessivo.
A inspiração vem da oposição republicana ao projeto de CBDC do Fed, nos EUA. Congressistas americanos chegaram a aprovar uma lei que barra iniciativas do gênero.
No entanto, o Banco Central brasileiro nega qualquer relação entre os ajustes no projeto e essas pressões externas.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
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