Empresa de Jeff Bezos passa a aceitar BTC

A decisão sinaliza um passo simbólico para a adoção de cripto no setor de alto padrão e turismo espacial privado.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 5 mins read
Empresa de Jeff Bezos passa a aceitar BTC

Resumo da notícia

  • A Blue Origin agora aceita pagamentos em Bitcoin, Ethereum e stablecoins para seus voos espaciais.
  • Operações são realizadas via custodiantes cripto regulamentados, com compliance completado.
  • Adoção simboliza confiança cripto em setores de alto valor e inovação tecnológica.
  • Pode viabilizar futuros modelos de pagamento como seguros paramétricos e milhas tokenizadas.

A Blue Origin, empresa de turismo espacial de Jeff Bezos, deu um passo ousado rumo à economia digital global. Agora, clientes podem reservar seus voos suborbitais com pagamentos em criptomoedas, incluindo Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e diversas stablecoins.

Desse modo, a novidade impulsiona a narrativa de que criptoativos não só são meios de troca legítimos como começam a ganhar espaço em setores exclusivos, de alto valor e que até recentemente eram regidos apenas por sistemas tradicionais de pagamento.

A adoção foi comunicada oficialmente nesta segunda-feira (11/8), com a Blue Origin destacando que as reservas podem ser efetuadas de forma inteiramente digital. Desse modo, a empresa expande a experiência de ponta que seus voos espaciais prometem.

Como Jeff Bezos vai aceitar Bitcoin?

Os preços dos bilhetes para os voos são estimados entre US$ 250 mil e US$ 500 mil, valor que agora pode ser liquidado em ativos como USDC ou Bitcoin.

Além disso, a companhia fez questão de frisar que as operações são processadas via custodiante cripto regulamentado, seguindo rigorosos protocolos de compliance e KYC, para garantir a segurança e aderência a normas financeiras internacionais.

Essa escolha tem múltiplas camadas de significado. Em primeiro lugar, reforça a confiança institucional nas melhores criptomoedas do mercado. Afinal, uma empresa com a reputação e ambição da Blue Origin reforça que ativos digitais coexistem com casos de usos sérios e podem ser confiáveis para transações de elevado valor. Além disso, o case ressoa em ambientes corporativos e intersetoriais.

Também é um indicativo da convergência entre criptoeconomia e setores tecnicamente avançados e aspiracionais. Turismo espacial ainda é um nicho extremamente restrito. Afinal, é uma atividade acessível a poucos, com alto custo e forte apelo emocional e simbólico.

A adoção de cripto por um participante deste mercado sugere que, futuramente, poderemos ver o uso de ativos digitais em setores como a indústria aeroespacial, viagens de luxo, mercado de arte de ponta (NFTs físicos, galerias tokenizadas) ou mesmo contratos com pagamento contrapartes garantidos via blockchain.

Aliás, os pagamentos com garantias passaram a ser o foco do Drex, segundo informações recentes.

Blue Origin segue os passos de outras empresas

Não é a primeira vez que uma empresa de grande prestígio adota o Bitcoin como meio de pagamento. Nos Estados Unidos, o steakhouse NYC Gallaghers já aceitava cripto desde 2014. Mais recentemente, empresas como Tesla e DC Comics anunciaram integrações com BTC.

A Blue Origin se destaca porque integra cripto não como uma ação promocional temporária, mas como opção aberta a clientes com alto ticket — e com custódia institucional.

Essa transformação também ocorre em contexto mais amplo de adoção cripto no varejo e corporativo. Plataformas como Costco Japão já aceitam pagamentos em criptomoedas via app, e serviços como PayPal e Mastercard expandiram suas opções.

No Brasil, fintechs como Binance Pay permitem que lojistas recebam em reais convertidos de stablecoins ou Bitcoin. A Blue Origin eleva esse movimento a outro patamar.

O impacto de curto prazo é limitado em termos de volume — o turismo espacial segue restrito a bilhetes caros e a um número reduzido de clientes. No entanto, o efeito simbólico é relevante.

Reações após o anúncio

Do ponto de vista de mercado, a adoção desencadeou reações positivas. Em seguida ao anúncio, plataformas de monitoramento blockchain relataram um leve aumento nos volumes de BTC transacionados via serviços institucionais.

Além disso, alguns traders apontaram aumento de 2% no preço da Binance Coin (BNB) como reflexo do otimismo com finanças descentralizadas e redes independentes. Alguns especialistas argumentam que a implementação da custódia dos pagamentos da Blue Origin pode ser em chain compatível com BNB ou similares.

Vale ressaltar que voos espaciais da Blue Origin também dependem de contratos inteligentes e orçamentos automatizados para snacks, análises de segurança, passagens digitais e cronogramas de viagem.

No entanto, a infraestrutura cripto adiciona outra camada de transparência. Também pode, no futuro, haver pagamentos atrelados a seguros paramétricos (como seguro que libera reembolso caso haja mau tempo na data de voo) ou mesmo metricas públicas de tokenização de milhas de voo espacial.

Riscos e desafios

No entanto há desafios. Por exemplo, problemas regulatórios em torno de impostos, contrapartes internacionais e volatilidade de preços são questões que podem entrar no radar.

Um bilhete da Blue Origin pode custar US$ 300.000 hoje. No entanto, se o BTC der um salto de 10 % em uma semana, o comprador pode precisar cobrir valor residual ou programar pagamentos parciais estruturados via contratos inteligentes. A Blue Origin afirma ter previsto isso e permitirá reajustes automáticos baseados em orçamentos definidos em smart-contracts.

Além disso, há a questão da liquidez. A empresa de Jeff Bezos precisa se proteger da volatilidade. Isso deve ocorrer instantaneamente por meio de stablecoins ou contratos de swap automáticos, convertendo a maior parte para dólar antes da liquidação final.

Apesar desses desafios, a decisão da Blue Origin chega em um momento estratégico. Empresas aéreas comerciais, parques temáticos e marcas de luxo também começam a querer cripto como opção.

O setor turístico, em especial, pode se tornar um dos próximos grandes polos de adoção cripto, como já ocorre com o varejo digital e nos setores financeiros emergentes.

Texto: Leonardo Cavalcanti

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

Notícias de Criptomoedas
Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.