Empresas acumulam 190.611 BTC no trimestre – Maior volume desde 2024

Updated on Out 9, 2025 at 6:23 pm UTC by · 7 mins read

Empresas públicas de todo o mundo adicionaram o equivalente a US$ 23,36 bilhões em compras líquidas aos seus balanços entre julho e setembro.

O terceiro trimestre de 2025 consolidou o maior movimento corporativo de acumulação de Bitcoin (BTC) desde o final de 2024. De acordo com dados da BitcoinTreasuries.net, empresas públicas de todo o mundo adicionaram 190.611 BTC aos seus balanços entre julho e setembro, o equivalente a US$ 23,36 bilhões em compras líquidas.

Esse salto reforça a continuidade de um ciclo de acumulação institucional que redefine o comportamento do mercado e reacende o debate sobre a oferta limitada do ativo.

(Imagem: Bitcoin Treasuries Net)

Ritmo de aquisição de BTC por empresas mostra consistência

O volume registrado no trimestre fica atrás somente do recorde do quarto trimestre de 2024, quando companhias de capital aberto haviam comprado mais de 232.000 BTC.

Desde então, o ritmo das aquisições corporativas mostra consistência. O primeiro trimestre de 2025 teve 107.000 BTC adicionados, o segundo alcançou 139.000 BTC e o mais recente voltou a acelerar.

Portanto, para muitos analistas a trajetória confirma que o Bitcoin deixou de ser um ativo especulativo isolado para se tornar um componente estratégico das tesourarias globais. Apesar de já existirem empresas que focam suas tesourarias em outras criptomoedas promissoras, o BTC ainda domina a narrativa.

Empresas como a norte-americana Strategy (antiga MicroStrategy) continuam na vanguarda desse movimento.

Sob a liderança de Michael Saylor, a companhia superou a marca de 294.000 BTC em custódia, o que representa quase US$ 36 bilhões em valor de mercado, considerando o preço atual de cerca de US$ 122.000 por unidade.

Só em 2025, a Strategy ampliou sua posição em 41.000 BTC, enquanto relatou ganhos não realizados de US$ 3,9 bilhões com a valorização acumulada no ano.

Além das gigantes ocidentais, novos players asiáticos também entraram no jogo. O destaque recente é a japonesa Metaplanet, que já acumula 30.823 BTC e anunciou sua “Fase II” de expansão, com meta de atingir 1% de todo o suprimento de Bitcoin até 2027.

O movimento acompanha a tendência de diversificação de reservas em países como Japão, Coreia do Sul e Cingapura, onde a adoção institucional cresce com apoio regulatório.

Pressão de oferta e estrutura de mercado mais descentralizada

O impacto desse apetite corporativo aparece de forma clara nos dados on-chain. Segundo a Glassnode, o número de endereços que possuem entre 100 e 1.000 BTC atingiu uma nova máxima histórica no início de outubro, somando mais de 5,1 milhões de BTC nessa faixa.

Esses endereços intermediários, geralmente compostos por empresas, fundos e family offices, reforçam a descentralização da oferta, que antes se concentrava em grandes baleias e exchanges.

Essa redistribuição tem duas consequências diretas. A primeira é o aumento da pressão de oferta: com mais unidades de BTC nas mãos de investidores de longo prazo, o volume disponível para negociação em bolsas continua caindo.

Estima-se que mais de 14,3 milhões de BTC estejam em carteiras classificadas como ‘ilíquidas’, ou seja, sem movimentação há mais de 155 dias. Isso significa que cerca de 72% da oferta total do ativo está fora de circulação efetiva.

A segunda consequência é a redução do risco de concentração. Diferentemente das baleias que dominavam o mercado no ciclo de 2017 ou 2021, os detentores médios tendem a agir com menor volatilidade emocional e com horizontes mais estratégicos.

Estes players compram em fases de acumulação e vendem de forma gradual em momentos de pico, o que contribui para suavizar as correções.

O novo paradigma pós-ciclo de quatro anos

Paralelamente, a tese de que o Bitcoin seguiria rigidamente um ciclo de quatro anos alternando bull runs e grandes correções após cada halving começa a perder força.

O cofundador da BitMEX, Arthur Hayes, declarou recentemente que um colapso de 70% ‘está fora de cogitação’, afirmando que ‘o ciclo de quatro anos está morto’.

Hayes argumenta que o amadurecimento da base de investidores institucionais e a entrada de grandes corporações tornam improvável a repetição de quedas acentuadas. No passado, a ausência de liquidez institucional amplificava as correções.

Agora, com a presença de ETFs à vista, tesourarias empresariais e instrumentos de crédito colateralizado em Bitcoin, o mercado tende a encontrar pisos mais altos em cada ciclo.

De fato, os números reforçam a tese. Somente nos Estados Unidos, os ETFs à vista registraram US$ 1,19 bilhão em influxos líquidos no início de outubro. Portanto, seria o segundo maior valor da história, impulsionando o saldo total sob gestão a mais de US$ 78 bilhões.

Esse nível de participação institucional reduz a elasticidade do preço e limita o espaço para crashes abruptos.

O contexto macro: juros em queda e dólar resiliente

Enquanto o ecossistema corporativo e on-chain reforça a tendência de acumulação, o ambiente macroeconômico global adiciona nuances ao cenário.

Como destacou André Franco, CEO da Boost Research, o Bitcoin mantém um viés levemente positivo em meio à euforia do setor de inteligência artificial e à recuperação dos mercados asiáticos, mas o dólar forte impõe resistência.

Nos últimos dias, o índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de pares, permaneceu acima de 108 pontos, limitando a performance de ativos de risco.

Ao mesmo tempo, o ouro manteve-se acima de US$ 4.000, sustentado por expectativas de cortes de juros futuros e busca por proteção.
O Federal Reserve já sinalizou um ciclo de afrouxamento monetário gradual, com reduções de 25 pontos-base por reunião até o primeiro trimestre de 2026.

Ou seja, para o analista o movimento tende a liberar liquidez e favorecer o fluxo para classes alternativas de ativos, incluindo criptomoedas.

Entretanto, o mercado precificou parte desse otimismo antecipadamente, o que explica a lateralização recente do BTC entre US$ 119.000 e US$ 124.000.

Bitcoin, IA e tecnologia: convergência de narrativas

Outro vetor que sustenta o apetite institucional é a interseção entre inteligência artificial e blockchain. Grandes fundos de tecnologia enxergam o Bitcoin não apenas como reserva de valor, mas como infraestrutura para soluções energéticas e de dados descentralizados.

O avanço de iniciativas que unem mineração sustentável e IA, incluindo a instalação de data centers modulares no Texas e no Brasil, cria um elo entre o crescimento do setor tecnológico e o fortalecimento da rede Bitcoin.

Portanto, a narrativa de ‘ativo tecnológico de reserva’ diferencia o atual ciclo dos anteriores. Em vez de depender apenas do sentimento especulativo, o BTC passa a fazer parte de um ecossistema produtivo de alta tecnologia, com conexões tangíveis à economia real.

Equilíbrio entre liquidez e escassez

Apesar do otimismo, analistas alertam que o atual equilíbrio entre liquidez e escassez exigirá atenção. O acúmulo corporativo e o aumento de endereços médios reduzem o volume em circulação, mas também concentram poder econômico em grandes instituições.

Se a liquidez de mercado diminuir demais, pode haver períodos de volatilidade extrema em eventos de realização de lucros.
Ainda assim, o consenso predominante entre gestores é de que o Bitcoin entrou em uma fase estrutural de alta sustentada.

Com juros em queda, inflação sob controle e uma macroeconomia global cada vez mais digitalizada, o ativo encontra terreno fértil para consolidação.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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