Empresas públicas investiram mais de US$ 2,5 bilhões em Bitcoin na última semana.
A Strategy comprou 21.021 BTC (~US$ 2,46 bilhões) e agora detém cerca de 628.791 BTC (~US$ 73 bilhões).
A Metaplanet comprou 463 BTC (~US$ 53,7 milhões), elevando sua reserva para 17.595 BTC (~US$ 2 bilhões).
Já a Trump Media investiu US$ 2 bilhões em BTC.
O mercado de Bitcoin (BTC) registrou um novo capítulo na sua evolução institucional. Empresas públicas compraram mais de US$ 2,5 bilhões da moeda em apenas uma semana, conforme dados da plataforma SoSoValue. O valor é referente ao período entre 28 de julho e 3 de agosto de 2025.
Esse movimento faz parte de uma tendência ainda maior, que a Strategy — empresa de Michael Saylor — iniciou ainda em 2020. No entanto, com a recente alta do Bitcoin e o sucesso do modelo de Saylor, a narrativa está ainda mais forte em 2025.
Neste ano, empresas listadas em bolsa investiram cerca de US$ 47,3 bilhões em Bitcoin. Desse modo, superaram os US$ 31,7 bilhões que entraram via ETFs spot ao longo do mesmo período.
É uma mudança clara no modelo tradicional de exposição institucional. Além disso, mostra a força das Bitcoin Treasuries Companies, empresas que acumulam BTC em tesouraria.
(Fonte: SoSo Value)
Empresas enchem o caixa de BTC
Apesar de já existir uma grande movimentação de empresas comprando outras criptomoedas promissoras para formarem seus caixas estratégicos, o Bitcoin ainda é a escolha mais popular.
Em meio a esse cenário, a Strategy — anteriormente MicroStrategy, conhecida como a principal referência em estratégia corporativa centrada em BTC — adquiriu 21.021 BTC por aproximadamente US$ 2,46 bilhões na última semana. A empresa pagou em média cerca de US$ 117.256 por unidade.
A Strategy já soma cerca de 628.791 Bitcoins em seu balanço, adquiridos ao longo dos anos por cerca de US$ 46 bilhões. Atualmente, o montante vale mais de US$ 73 bilhões. Além disso, os ativos respondem por cerca de 3% da oferta total de BTC.
A japonesa Metaplanet também se destacou. Após uma queda de cerca de 5% no preço do Bitcoin durante o fim de semana, a companhia aproveitou para comprar 463 BTC por cerca de US$ 53,7 milhões. Com isso, elevou o total que detém para 17.595 BTC, avaliados em mais de US$ 2 bilhões.
Essa compra posiciona a Metaplanet entre as maiores holdings corporativas de BTC no mundo. Ela está atrás da Strategy, Trump Media e outros players credenciados do setor.
Trump Media também compra BTC
A Trump Media & Technology Group teria adquirido US$ 2 bilhões em Bitcoin, equivalentes a dois terços de seus US$ 3 bilhões em ativos líquidos. Também destinou US$ 300 milhões a opções relacionadas à criptomoeda, reagindo a um cenário regulatório mais favorável nos EUA.
A atividade corporativa ocorre em meio a um momento único para o Bitcoin. Afinal, o ativo alcançou máximas históricas nas últimas semanas. Isso ocorreu devido à liquidação de posições vendidas (o chamado short squeeze) de mais de US$ 1,01 bilhão em operações alavancadas, além dos altos volumes de influxos em ETFs. Os ETFs chegaram a ter um influxo de US$ 1,18 bilhão em um único dia.
Analistas destacam que essa combinação de compras corporativas, injeções de capital em ETFs e momentum do mercado vem criando um ciclo positivo. As corporações que adicionam BTC aos seus balanços reforçam a narrativa da moeda como reserva estrutural de tesouraria, e não apenas um ativo especulativo.
Essa virada institucional também reflete uma mudança na forma como empresas tratam a nova classe de ativos. Ao adotar políticas como emissão de ações preferenciais ou standby lines para financiar aquisições de BTC, como fez a própria Strategy, essas companhias demonstram um comprometimento estruturado com a estratégia cripto, em vez de alocações financeiras pontuais.
Brasil ganha destaque com Méliuz
Embora a Méliuz não tenha feita aquisições na última semana de julho, a empresa também ganha destaque no cenário internacional. Afinal, a fintech brasileira reforçou sua presença estratégica em BTC no fim de junho de 2025.
Na época, a empresa adquiriu 275.43 BTC por cerca de US$ 28,6 milhões. Com isso, elevou seu total para aproximadamente 595,67 BTC, consolidando-se como a maior companhia pública detentora do ativo na América Latina.
A operação foi financiada por meio de uma oferta subsequente de ações que levantou cerca de R$ 180 milhões. Agora, a Méliuz se posiciona oficialmente como a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil, tendo ajustado seus estatutos e estrutura corporativa para promover o BTC como principal reserva de valor de longo prazo.
Portanto, a iniciativa de Israel Salmen, CEO da Méliuz, coloca a empresa junto a companhias dos EUA, Reino Unido e Canadá. Conforme dados da SoSo Value, a Europa ainda está bem trás na adoção corporativa de Bitcoin.
(Fonte: SoSo Value)
Nova tese ganha legitimidade
Para o mercado financeiro, essa abordagem vem ganhando legitimidade. Instituições como o Citi e gestores de ativos estão reverenciando o Bitcoin como um ativo de diversificação com características únicas, diferentes daquelas do ouro ou das ações tradicionais.
A estratégia de balanço em BTC tem sido vista como uma inovação ousada, mas consistente com a lógica de proteção contra inflação e riscos geopolíticos.
No entanto, críticos alertam para riscos operacionais e regulatórios. A volatilidade do BTC pode gerar desalinhamento com métricas contábeis convencionais e criar pressões sobre CFOs e conselhos de administração.
Além disso, regimes regulatórios mais rígidos podem limitar a capacidade de empresas de emitir dívida ou ações para comprar criptomoedas.
Ainda assim, o movimento corporativo mais recente prova que o Bitcoin se consolidou como protagonista estratégico nos balanços institucionais.
Adoção de empresas veio para ficar
Ao registrar um influxo de US$ 2,5 bilhões por empresas públicas em apenas uma semana, o mercado sinaliza que a adoção faz parte de uma agenda deliberada de tesouraria digitalizada.
A tendência aponta para o aproveitamento de oportunidades — como quedas momentâneas no preço — mas também destaca uma mudança robusta na forma como empresas veem o BTC: não como especulação, mas como ferramenta de resiliência financeira e posicionamento geopolítico digital.
Enquanto isso, o mercado de criptomoedas acompanha com atenção o desenrolar dessa fase: se mais empresas públicas ingressarem nessa lógica, poderemos registrar um novo ciclo de fundadores e gestores privados migrando parte de seu caixa para ativos cripto estruturais.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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