Casos recentes de sequestros vêm alarmando a comunidade de criptomoedas. Afinal, em mais de uma oportunidade, os criminosos recorreram ao cárcere privado e até mesmo à tortura para obter as chaves das carteiras cripto das vítimas ou solicitar resgate.
By Flavio Aguilar
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Resumo da notícia:
Casos recentes de sequestros vêm alarmando a comunidade de criptomoedas. Afinal, em mais de uma oportunidade, os criminosos recorreram ao cárcere privado e até mesmo à tortura para obter as chaves das carteiras cripto das vítimas ou solicitar resgate.
Em um dos casos, no dia 23 de maio, um casal de russos foi sequestrado em Buenos Aires, na Argentina. Eles só foram liberados após os bandidos, também da Rússia, roubarem cerca de R$ 245 mil em criptoativos de suas carteiras.
No mesmo dia, um turista italiano sofreu uma tortura brutal por dois homens em uma mansão em Nova York. O objetivo deles era obter acesso a carteiras com somas milionárias em criptomoedas. No entanto, nesse caso, os criminosos acabaram atrás das grades.
Antes desses dois sequestros, a comunidade já acompanhava de perto os desdobramentos de dois ataques ocorridos na França, também em maio.
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A onda de sequestros recentes indica que ataques cibernéticos contra carteiras de Bitcoin e outras moedas podem deixar de ser a principal preocupação de detentores de criptos e empresários do setor.
A justiça não revelou os nomes dos criminosos russos responsáveis por sequestrar e roubar conterrâneos seus em Buenos Aires. No entanto, ambos tiveram ordens de prisão emitidas por uma juíza local.
No dia 23 de maio, todos se encontraram em um bar de Palermo para discutir negócios. Em seguida, os dois homens convidaram o casal para ir até um apartamento que estavam alugando no mesmo bairro. Mas, chegando lá, acabaram rendendo e espancando as vítimas. Então, tomaram seus celulares e transferiram US$ 43.398 para uma carteira cripto.
Além disso, os criminosos ligaram para parentes das vítimas na Rússia e exigiram o pagamento de um resgate de US$ 100 mil. A polícia não informou se esse valor foi pago.
Por fim, os sequestradores deixaram o casal preso no apartamento e seguiram para o Aeroporto Internacional de Ezeiza. Na mesma noite, um deles pegou um voo para os Emirados Árabes Unidos, enquanto o outro foi para a Turquia.
Eventualmente, as vítimas conseguiram chamar a atenção dos vizinhos, que alertaram a polícia. O casal estava em estado de choque, e os depoimentos ocorreram com a ajuda de tradutores oficiais. Afinal, nenhum deles falava espanhol.
Segundo uma reportagem do jornal argentino La Nación, o caso segue sob investigação da Polícia Federal Argentina (PFA).
Coincidentemente, outro caso bastante midiático ocorreu também no dia 23 de maio. No entanto, tudo se deu bem longe de Buenos Aires. Além disso, a agressividade foi maior que a de outros sequestros.
Em viagem a Nova York, o empresário e investidor italiano Michael Valentino Teofrasto Carturan acabou brutalmente torturado por dois criminosos.
As sessões de horrores duraram quase três semanas, e o local também chamou a atenção. Afinal, as torturas ocorreram no interior de uma mansão com 17 cômodos, no sofisticado bairro de NoLita, em Manhattan.
De acordo com relatos de promotores envolvidos no caso, Carturan foi amarrado com fios elétricos. Em seguida, sofreu golpes com uma pistola e levou choques com uma Taser. Além disso, os bandidos forçaram a vítima a consumir crack e ameaçaram-no de morte repetidas vezes.
Também há relatos de que os sequestradores cortaram partes do corpo da vítima com uma serra elétrica. Eles teriam ainda pendurado Carturan em uma altura de cinco andares e urinado nele.
O objetivo era forçar Carturan a revelar a chave privada de sua carteira de Bitcoin. Afinal, ela valeria US$ 30 milhões. Carturan conseguiu escapar do cativeiro sem fornecer a senha. Bastante ferido, correu até um agente de trânsito em busca de ajuda.
Os dois homens por trás das torturas acabaram presos em um intervalo de quatro dias.
O primeiro deles foi John Woeltz, um ex-sócio de Carturan que ficou conhecido como o ‘rei das criptomoedas de Kentucky’.
Em seguida, a polícia prendeu William Duplessie, ex-cofundador do fundo suíço Pangea Blockchain. Ele também é famoso pelo seu estilo de vida luxuoso.
Antes dos sequestros do dia 23 de maio, outros dois casos no mesmo mês, ambos na França, chamaram a atenção da comunidade cripto.
No dia 1º de maio, um empresário do setor cripto foi sequestrado em Paris, chegando a ter um dedo decepado.
Segundo o Le Parisien, quatro pessoas com máscaras de esqui teriam jogado o empresário em uma van e fugido. Em seguida, torturaram a vítima e pediram até € 7 milhões em criptomoedas para soltá-la.
A polícia francesa não revelou a identidade da vítima, que tem um negócio de criptos com o filho em Malta. No entanto, os agentes conseguiram prender cinco pessoas com envolvimento no crime.
No dia 13 de maio, uma tentativa de sequestro em plena luz do dia, também em Paris, chamou ainda mais a atenção. Afinal, toda a ação foi registrada em vídeo. Por isso, as imagens acabaram circulando nas redes sociais.
Na ocasião, uma mulher de 34 anos e seu filho de 2 anos escaparam de ser levados pelos criminosos. Eles seriam filha e neto de Pierre Noizat, cofundador da corretora de criptomoedas francesa Paymium.
Três homens tentaram levar mãe e filho para dentro de um furgão. No entanto, o pai da criança teria ajudado os dois a se salvarem. Os criminosos acabaram fugindo.
Recentemente, a polícia francesa anunciou a prisão de 24 pessoas com envolvimento nesse caso. Forças locais também teriam impedido outro sequestro na região de Nantes.
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Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
