SoFi ter remessas internacionais na Lightning Network do BTC
O movimento posiciona a empresa como uma das primeiras instituições financeiras dos EUA a adotar a infraestrutura de segunda camada do BTC em um produto bancário de escala.
A SoFi se uniu à Lightspark para lançar remessas globais usando Bitcoin via Lightning Network.
O serviço estreia com envios dos EUA para o México e expansão prevista para outros países.
Usuários enviarão dólares, que serão convertidos em BTC, transferidos pela rede de Camada Dois e reconvertidos em moeda local.
A fintech retoma operações cripto após pausa regulatória, mirando novos produtos digitais e maior inclusão financeira.
Em um movimento que sinaliza uma nova era em pagamentos internacionais, o banco digital norte-americano SoFi anunciou uma parceria com a empresa Lightspark para lançar um serviço global de remessas impulsionado por blockchain e fundamentado na Lightning Network do Bitcoin.
O anúncio posiciona a fintech como uma das primeiras instituições bancárias dos Estados Unidos a oferecer remessas internacionais com a tecnologia de Camada Dois da criptomoeda. Portanto, promete agilidade, baixos custos e integração nativa no aplicativo da SoFi.
Como a SoFi irá integrar a Lightining Network?
De acordo com o comunicado oficial, o sistema funciona em etapas integradas.
Em primeiro lugar, o usuário envia dólares americanos, quando ocorre a conversão instantânea em Bitcoin (BTC). Essa transferência ocorre via Lightning Network, canal de segunda camada que oferece confirmações em milissegundos e custos mínimos. Em seguida, no destino, o valor volta à moeda local, diretamente na conta bancária do recebedor.
Inicialmente, o serviço será liberado para usuários que enviam recursos para o México, com expansão prevista para outros países em fases seguintes. Ainda não há informações sobre o lançamento de produtos semelhantes pela empresa usando outras criptomoedas promissoras.
O CEO da SoFi, Anthony Noto, destacou que a tecnologia blockchain permite movimentar dinheiro de forma mais rápida, acessível e inclusiva, impulsionando o poder do aplicativo como central de serviços financeiros completos para seus mais de 10 milhões de usuários.
O executivo reforça que remessas mais eficientes representam uma melhoria significativa na qualidade de vida de quem depende dessas transferências. Já a Lightspark, por meio do CEO David Marcus, enfatizou a atratividade da Universal Money Address (UMA).
O lançamento se encaixa na estratégia mais ampla da SoFi de retornar ao universo cripto após uma pausa de dois anos, quando suspendeu seus serviços relacionados a criptoativos para obter uma licença como banco nacional.
Vale lembrar que a empresa Lightspark também está por trás da integração do Nubank com a rede de segunda camada do BTC. A integração entre Lightning Network e Nubank para saques de BTC foi celebrada em setembro de 2024 e também representa um marco para a indústria.
Mudança na regulação impulsionou decisão
Com as mudanças regulatórias recentes, especialmente as cartas interpretativas da OCC que permitem a bancos a custódia e operação de serviços com stablecoins, a SoFi retoma seu foco em ativos digitais e blockchain como vetor de inovação.
O uso da Lightning Network representa um salto tecnológico real. Conforme especialistas como Andreas Antonopoulos, essa solução oferece microtransações com velocidade extremamente alta, alta escalabilidade e maior privacidade.
Isso ocorre porque as transações são roteadas por canais entre nós sem exposição direta ao blockchain principal. Na prática, remetentes e destinatários ganham tanto em rapidez quanto em custo operacional, com taxas substancialmente menores do que em remessas tradicionais — que chegam a 6,5% em média, globalmente, segundo dados do Banco Mundial.
Analistas destacam também a relevância comercial do movimento. O volume de remessas dos EUA alcançou mais de US$ 93 bilhões em 2023. Portanto, há uma demanda clara por soluções mais eficientes e acessíveis, especialmente para comunidades que enviam dinheiro regularmente a familiares no exterior.
Ao oferecer essa funcionalidade diretamente no app e com total transparência sobre taxas e câmbio antes do envio, a SoFi ganha vantagens competitivas, reduz fricção e reforça sua proposta de ser um ecossistema financeiro completo.
Segundo o comunicado, o serviço será integrado ao SoFi Checking & Savings (produto bancário da fintech). Ou seja, estará disponível 24/7 na plataforma, sem a necessidade de aplicativos ou intermediários. Os interessados já podem se inscrever em uma lista de espera para acesso antecipado ao novo recurso.
SoFi vai reintroduzir compra e venda
Além disso, a fintech planeja reintroduzir funcionalidades de investimento em criptomoedas. Ou seja, permitiria a compra, venda e custódia de Bitcoin e Ethereum (ETH) ainda este ano.
No futuro, a SoFi prevê oferecer stablecoins, staking e empréstimos com garantias em cripto. Também deseja fornecer serviços de infraestrutura em sua plataforma tech, suportando outras empresas fintech globalmente.
O iminente retorno da SoFi ao universo cripto ocorre depois que a empresa suspendeu suas operações de cripto em 2023. Agora, ela se posiciona em um movimento alinhado com a tendência regulatória e com o retorno da demanda por serviços financeiros digitais mais ágeis e inovadores.
Segundo Noto, essa é apenas a primeira onda de muitas inovações com criptos e inteligência artificial que a fintech pretende lançar como parte de sua visão de futuro.
A implementação da plataforma de remessas via Lightning Network do Bitcoin traz também reflexões sobre o papel das criptomoedas na inclusão financeira global.
Ao derrubar barreiras históricas de custo e velocidade, utilizando um protocolo aberto, transparente e seguro como o do Bitcoin, a SoFi demonstra que bancos tradicionais podem escolher integrar, e não rejeitar, tecnologia cripto para oferecer valor real aos seus clientes.
Inovação ou hype?
O novo produto vem sendo alvo de discussões na comunidade cripto. No Reddit, alguns usuários defendem que a abordagem pode eliminar intermediários caros.
Um usuário comentou que instituições poderiam operar como market makers usando Bitcoin, reduzindo spreads e aumentando eficiência. Outro destacou que muitos serviços já oferecem custos menores do que em serviços tradicionais de remessas, como a Western Union.
Embora o movimento seja promissor, alguns desafios permanecem. Questões regulatórias em outros países, volatilidade cambial do Bitcoin e necessidade de liquidez nos mercados de destino podem afetar a estabilidade do sistema.
No entanto, a arquitetura via Lightning Network permite ajustes dinâmicos e abertura para diferentes rails, incluindo stablecoins e protocolos locais, reduzindo os riscos operacionais.
Por isso, a iniciativa da SoFi coloca a fintech na vanguarda dos pagamentos transfronteiriços de próxima geração. Afinal, traz remessas via Lightning Network, em um app financeiro completo, com promessas de rapidez, baixo custo, transparência e inovação.
À medida que o sistema se expande geograficamente, o modelo pode servir de benchmark para bancos tradicionais, fintechs globais e reguladores, todos em busca de soluções mais eficientes e inclusivas para o fluxo de valor internacional.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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