Banco Central alerta instituições sobre movimentações suspeitas com USDT, ligadas a possíveis ataques ao sistema financeiro.
Recomendações incluem reforço de monitoramento noturno, aumento de autenticação e bloqueio imediato de transações suspeitas.
Truther (SmartPay) lança link de pagamento com múltiplas camadas de verificação, incluindo microtransferência e QR Code informativo.
Fintech prepara autenticação biométrica avançada, estendendo proteção até para não-clientes, em resposta ao alerta do BC.
Em uma medida preventiva sem precedentes, o Banco Central (BC), emitiu um alerta às instituições do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) apontando movimentações atípicas envolvendo a stablecoin USDT. Possivelmente, o alerto está relacionado a preparativos para um ataque ao sistema financeiro brasileiro.
A advertência, encaminhada na noite de domingo (17/8), foi direcionada a associações que representam os setores envolvidos em pagamentos instantâneos. O órgão destacou o uso de perfis ‘laranjas’ e operadores pouco usuais buscando USDT.
O cenário já havia sido observado antes do ataque à C&M Software em julho. Na época, o evento teve um impacto bilionário e trouxe à tona riscos associados ao uso de criptoativos no sistema financeiro.
Recomendações do BC sobre stablecoins
O BC recomendou que instituições financeiras reforcem o monitoramento de transações com criptomoedas, sobretudo à noite, elevem os níveis de autenticação e bloqueiem fluxos suspeitos.
A autoridade reforçou a importância de comunicação imediata às autoridades competentes diante de qualquer tentativa anômala de transação, seja de envio compatível com corretoras de criptoativos ou recebimentos incompatíveis com o histórico do cliente.
O comunicado também orienta que equipes de segurança operacional sejam integradas para uma avaliação contínua dos riscos ao longo da semana. Portanto, reforçou a resiliência do sistema frente a eventuais cenários de fraude em massa.
Em resposta rápida ao alerta, a fintech SmartPay, por meio do aplicativo Truther, intensificou suas medidas de segurança. O CEO Rocelo Lopes detalhou ações que já estavam em desenvolvimento, mas foram aceleradas após a ameaça.
Entre os procedimentos adotados, estão filtros aprimorados capazes de identificar movimentações suspeitas mesmo antes de sinais claros de fraude e um método exclusivo de recebimento via Pix com link de pagamento, que adiciona múltiplas camadas de verificação e rastreabilidade.
Como funciona o fluxo da SmartPay
Pelo novo fluxo da SmartPay, o usuário gera um link para receber via Pix. Em seguida, o pagador acessa uma página web onde deve informar CPF e chave Pix de origem. Também são coletados dados como geolocalização, IP e porta lógica.
Em seguida, o sistema executa uma microtransferência de centavos que serve como verificação de titularidade. Então, após a confirmação do valor, o sistema emite um QR Code Pix vinculado automaticamente à carteira do destinatário. Após o pagamento ser efetuado, o sistema envia uma confirmação dupla ao usuário, antes e depois da transação.
Rocelo ressalta que esse fluxo já estava em processo de qualificação, mas ganhou prioridade após o incidente com a C&M Software.
Desde o fim de semana, a maior parte dos usuários já opera com o novo link de pagamento. Além disso, a Truther está em processo de implantação de validação biométrica avançada em equipamentos fixos de alta tecnologia em pontos estratégicos do país.
Isso permitirá elevar os limites operacionais e oferecer uma camada a mais de proteção inclusive a não-clientes da fintech, ampliando o alcance de segurança no ecossistema.
Reações ao ataque à C&M Software
Análises de mercado mostram que, durante o ataque à C&M Software, o levantamento rápido e eficiente de padrões fora do habitual pela Truther permitiu bloquear transações suspeitas entre reais e USDT.
Esse histórico de atuação reforça o valor da vigilância precoce na prevenção de ataques similares, tornando tecnologia e algoritmos aliados importantes do sistema financeiro.
A combinação de um alerta preventivo do BC com a resposta tecnológica da Truther (SmartPay) marca um momento crítico no combate a fraudes no meio de pagamento brasileiro.
Stablecoins, Banco Central e regulação
Especialistas reforçam a importância de perceber a tecnologia blockchain e as stablecoins como instrumentos que, adequadamente regulados e monitorados, podem contribuir para um meio de pagamento mais seguro, rápido e resistente a ataques.
Ao mapear riscos e definir mecanismos de alerta e resposta, o Brasil dá um passo à frente na governança de incidentes envolvendo ativos digitais. Assim, constrói uma cultura de prevenção e colaboração entre autoridades e setor privado.
Em paralelo, o movimento sugere uma evolução da mentalidade institucional com relação às criptomoedas. Se antes o enfoque era de restrição ou desconfiança, agora se fala em integração consciente, tendo a segurança como prioridade e a inovação como ferramenta estratégica.
Filtragem avançada de padrões de transação, validações multifactoriais e rastreabilidade digital passam a integrar o arsenal de defesas do sistema financeiro nacional contra ameaças sofisticadas.
O episódio também evidencia a necessidade de um arcabouço regulatório que acompanhe o desenvolvimento do setor cripto e suportes emergenciais robustos em eventos críticos. O BC, ao antecipar um cenário de risco, demonstra liderança ao exigir ação rápida e coordenada do mercado.
Uso de stablecoins é cada vez mais relevante no Brasil
O uso da stablecoins, amplamente utilizada em operações entre cripto e real, ganhou ainda mais relevância nesse contexto de monitoramento do BC. Ao mesmo tempo em que facilita a liquidez e as transações internacionais, pode servir como vetor para atividades ilícitas se não houver controle e rastreabilidade adequados.
Portanto, o alerta do BC sensibiliza o mercado para a necessidade de vigilância segmentada, regras de compliance mais sólidas e integração com sistemas antifraude.
Com efeito prático imediato, as recomendações emitidas pelo BC reforçam o monitoramento noturno. Além de elevar a autenticação e bloquear e comunicar transações suspeitas, reduzem o tempo de resposta diante de ameaças em evolução. Portanto, minimizam danos e previnem perdas em larga escala.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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