BlackRock, com US$ 13,5 tri sob gestão, aposta na tokenização própria

Updated on Out 17, 2025 at 2:33 am UTC by · 5 mins read

A BlackRock, maior gestora de ativos do planeta, revelou estar desenvolvendo sua própria tecnologia para tokenização de ativos.

Nos bastidores do mercado financeiro e em meio à queda do Bitcoin, uma notícia recente chamou a atenção. A BlackRock, com US$ 13,5 trilhões sob gestão, afirmou que está construindo internamente sua própria tecnologia para tokenização de ativos.

O CEO da empresa, Larry Fink, reforçou o novo posicionamento em relação às criptomoedas, dizendo que ‘há um papel para o cripto, assim como para o ouro’ e que o universo digital já carrega reservas superiores a US$ 4,5 trilhões no mundo.

Esse é mais um movimento que ilustra a crescente interseção entre finanças tradicionais (TradFi) e finanças digitais (DeFi). Portanto, pode abrir caminho para transformações profundas no modo como ativos são emitidos, negociados e armazenados.

Produtos tradicionais tendem a migrar para a tokenização

A iniciativa de tokenização da BlackRock não surge do nada. Nos últimos meses, o mercado presenciou um ruído crescente sobre a necessidade de migrar instrumentos financeiros clássicos, como ETFs, fundos, instrumentos de renda fixa, títulos públicos.

A empresa avalia trazer seus já bem-sucedidos ETFs para redes públicas, permitindo que sejam negociados diretamente como tokens.

Adicionalmente, sua parceria com a infraestrutura on-chain KAIO para tokenizar fundos de liquidez regulados reforça essa ambição de digitalização institucional.

Fink também intensificou sua reinterpretação sobre as criptomoedas mais promissoras. Ele antes associava Bitcoin à lavagem de dinheiro, mas revisitou suas posições em entrevista à CBS.

Há um papel para o cripto da mesma forma que há um papel para o ouro.

Fink também ponderou que os ativos desse tipo podem servir como instrumento de diversificação, embora não devam consumir uma parcela excessiva da carteira do investidor.

Nesse contexto, o universo cripto já difere da periferia. Segundo projeções de mercado e as falas do CEO da BlackRock, mais de US$ 4,5 trilhões estariam ‘alocados’ no ecossistema digital, embora esses números façam referência a valores estimados e interpretações diversas do que significa ‘alocado’.

Essa guinada institucional na tokenização e na percepção sobre cripto ocorre precisamente no momento em que reguladores e mercados começam a abrir espaço para uma transição.

Por exemplo, no Reino Unido, a autoridade reguladora financeira (FCA) lançou propostas para permitir que fundos de investimento sejam tokenizados. Isso reduziria prazos de liquidação, custos de intermediação e exigências de capital.

Essa convergência entre regulação e inovação torna-se crucial, pois abre caminho para que instrumentos tokenizados sejam integrados aos mercados regulados com clareza jurídica.

Por que a BlackRock quer tokenizar?

A tokenização de ativos permite transformar instrumentos tradicionais, como quotas de fundo, títulos públicos, ações ou imóveis, em tokens digitais que rodam em redes blockchain.

Essa digitalização confere benefícios como negociação mais rápida, liquidação instantânea, fracionamento de ativos, transparência no livro de registro e potencial de interoperabilidade entre plataformas. Para um player do porte da BlackRock, isso significa maior eficiência operacional e menor custo de execução em larga escala.

Vale destacar que a BlackRock já se movimentou nesse terreno: seu fundo BUIDL (USD Institutional Digital Liquidity Fund) é mencionado como exemplo de produto tokenizado com demanda institucional.

Paralelamente, ela investe em parcerias com empresas de infraestrutura blockchain, como KAIO, para viabilizar o acesso regulado a ativos tokenizados. A estratégia é levar sua escala, credibilidade e rede de distribuição do mundo TradFi para o mundo tokenizado, moldando uma ponte entre ambos.

A BlackRock também está explorando a tokenização de seus ETFs. Fontes afirmam que a empresa considera transformar parte de seus ETFs em tokens em redes públicas, o que permitiria aos investidores negociar esses produtos diretamente em rede blockchain, sem depender exclusivamente de corretoras tradicionais.

Caso isso realmente ocorra, pode revolucionar o formato dos ETFs. Afinal, reduziria atritos de liquidez e ampliaria o acesso a esse produto.

Impactos e desafios à frente

Embora a promessa da tokenização institucional seja sedutora, sua maturação enfrenta obstáculos relevantes:

  • Liquidez e adoção: Muitos ativos tokenizados até hoje apresentam volume reduzido, com baixa negociação secundária e longo período de retenção por investidores. Um estudo acadêmico recente destaca que a liquidez continua sendo o gargalo central da tokenização de ativos reais (RWAs).
  • Regulação e compliance: Integrar ativos tradicionais à blockchain exige garantir requisitos regulatórios de custódia, KYC/AML, auditoria, transparência legal e interoperabilidade com sistemas financeiros legados.
  • Infraestrutura robusta: Oráculos de preço, mecanismos de liquidação, custódia de chaves e segurança digital precisam atingir níveis institucionais para ganhar credibilidade frente a investidores tradicionais.
  • Padronização e interoperabilidade: Diferentes padrões de token, redes blockchain diversas e formatos distintos podem criar um nível de fragmentação que inviabilizaria a escala.
  • Risco tecnológico e sistêmico: Bugs em contratos, falhas de consenso, ataques a redes ou vulnerabilidades de custódia podem desencadear crises amplificadas, especialmente considerando o tamanho potencial dos ativos tokenizados.

Ainda assim, a entrada de gigantes como BlackRock acelera a curva de aprendizado do setor. Uma tokenização bem-sucedida pode consolidar um novo padrão de emissão e negociação de fundos, títulos e outros instrumentos financeiros, combinando eficiência técnica e credibilidade institucional.

O paralelo com cripto: convergência de narrativas

O movimento da BlackRock está profundamente alinhado com o que já se observa no mercado cripto: uma transição de meros experimentos para infraestruturas que integram o capital tradicional.

A tokenização institucional propõe elevar os instrumentos financeiros clássicos para o ambiente blockchain, enquanto o setor cripto oferece uma experiência nativa de negociação descentralizada, inovação em contratos e liquidez 24/7.

A visão de Larry Fink sobre criptomoedas também demonstra essa convergência, reconhecendo que criptos podem servir como reserva de valor.

Sua declaração de que ‘há um papel para o cripto, assim como para o ouro’ transmite uma admissão de que ativos digitais vieram para ficar, embora dentro de limites racionais.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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