Especialistas apontam que a privacidade é o maior desafio para o avanço do Drex.
Evento Ethereum Brasil destacou potencial do país em integrar cripto ao sistema financeiro.
Tokenização e stablecoins são vistas como próximas grandes oportunidades do setor.
O Drex, moeda digital do Banco Central (BC), foi tema central no Ethereum Brasil, realizado nesta quarta-feira (10/9) em São Paulo.
Especialistas apontaram que o projeto perdeu força nos últimos meses, principalmente por ainda não ter resolvido o problema da privacidade das transações.
Privacidade é o principal obstáculo
Segundo Fernando Fontes, da Truther:
É triste que o projeto não foi muito para frente. Porque eles deixaram por último a barreira mais importante, de privacidade, e agora precisou mudar.
Além disso, ele destacou que até mesmo blockchains consolidadas, como Ethereum, ainda lidam com dilemas nesse ponto. Afinal, o caráter pseudônimo pode entrar em conflito com legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Marcos Viriato, CEO da Parfin, ampliou a crítica ao Drex:
A questão do Drex foi além da privacidade, você consegue não mostrar saldos… A escalabilidade foi um problema. Nenhuma blockchain entrega a mesma quantidade de operações do Pix hoje.
No entanto, ele acredita que o próximo movimento do setor será justamente resolver a questão da privacidade. Aliás, hoje, a identificação de uma carteira já permite monitorar todas as transações de um usuário.
Integração com o sistema financeiro tradicional
Por outro lado, há otimismo quanto ao potencial do Brasil em liderar a integração entre criptomoedas promissoras e finanças tradicionais.
Fontes lembrou que a infraestrutura do Pix dá ao país uma vantagem única:
Hoje fizemos uma revolução onde a pessoa pode deixar sua cripto em autocustódia e fazer um Pix usando esses ativos.
Também citou que a Truther já oferece cartão de crédito autocustodiado e contas dolarizadas em USDT, utilizáveis no Brasil e no exterior.
Aliás, essa integração começa a se refletir em casos práticos. Dênis Martineli, diretor da Telium, anunciou que a empresa terá ‘um camarote no Morumbis que irá aceitar criptomoedas’.
Afinal, segundo ele, as criptomoedas só vencerão quando romperem a barreira do uso cotidiano, permitindo que o consumidor pague todo o seu dia a dia com ativos digitais.
Tokenização e stablecoins ganham espaço
Também houve destaque para a tokenização de ativos reais (RWA), que enfrenta resistência de setores tradicionais, como cartórios. Segundo declaração de Fontes durante a Ethereum Brasil.
O que a gente propõe é bom para o usuário, mas quem tem o controle hoje não quer que mude.
Além disso, Viriato ressaltou que o interesse por stablecoins tende a acelerar esse movimento:
Vão surgir diversas stablecoins em real, já existem algumas, mas devemos ver até bancos criando suas stablecoins.
Por fim, o consenso entre os participantes foi de que a integração entre criptos e o sistema de pagamentos brasileiro é inevitável. Portanto, nesse cenário, o Drex pode recuperar sua relevância caso consiga superar os desafios técnicos e priorizar a privacidade.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
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