Gustavo Franco defende que os ativos digitais são alternativa para o comércio global.
Ex-presidente do BC afirma que dominância do dólar não está ameaçada.
Franco cita que avanço depende de regulação e não ocorrerá no curto prazo.
Os ativos digitais podem ser uma alternativa ao dólar e a solução mais viável para o futuro do comércio global.
Essa é a análise de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, que participou do DAC Insiders 2025, em São Paulo.
Dólar ainda não está ameaçado
Segundo Franco, a queda de 14% do dólar neste ano não indica que sua posição de moeda dominante esteja ameaçada. Além disso, ele destacou que não basta substituir o dólar por outra moeda, como o renminbi chinês ou criptomoedas promissoras:
Não é só uma moeda, é uma jurisdição e um meio de pagar e receber.
Na sua visão, convencer os exportadores a operar em renminbi, a moeda chinesa, seria inviável na maioria dos casos.
Tente convencer um exportador brasileiro a receber a receita dele em renminbi, deixar o dinheiro depositado em Xangai e fazer investimentos em CDBs dos bancos locais ou em títulos de empresas locais ou do governo chinês.
Franco reconhece o esforço da China em testar alternativas de liquidação. No entanto, ele considera mais interessante o avanço de soluções digitais, que não dependem de um país ou bloco econômico.
Mas Franco ressaltou que o uso de ativos digitais como alternativa ao dólar em transações internacionais não deve se consolidar tão cedo.
O trânsito internacional de pagamentos com ativos digitais vai esbarrar nos reguladores zelosos.
Além disso, ele destacou que, embora ainda não exista algo maduro para substituir o dólar, o debate é importante.
Em seguida, lembrou que a transição para modelos alternativos exigirá mudanças profundas nos sistemas financeiros globais:
Não é uma coisa para daqui a pouco.
Busca por alternativa ao dólar
Por fim, o economista comentou a alta de 40% do ouro neste ano, relacionando-a à busca por proteção contra incertezas monetárias:
O ouro e os ativos digitais estão acomodando um tanto o interesse.
Além disso, ele reforçou que o momento é propício para desenvolver novas ferramentas financeiras, que poderão ganhar relevância no médio e longo prazo.
Então, para Franco, a digitalização das finanças é um caminho natural, mas que exigirá coordenação regulatória e aceitação do mercado antes de desafiar o papel do dólar.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
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