O que esperar do mercado cripto em dezembro?

Análise de André Franco, CEO da Boost Research, destaca como pressões macro globais, movimentos regulatórios e avanços tecnológicos moldam simultaneamente o mercado cripto no fim de 2025.

Leonardo Cavalcanti By Leonardo Cavalcanti Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 4 mins read
O que esperar do mercado cripto em dezembro?

Resumo da notícia

  • Mercado global inicia a semana em queda após falas hawkish do Bank of Japan.
  • Receita Federal aponta que 90% do volume de criptos no Brasil é dominado por stablecoins.
  • China amplia a repressão e inclui stablecoins em nova rodada regulatória para proteger o yuan digital.
  • Desenvolvedores do Ethereum se preparam para o Fusaka, segunda grande atualização da rede em 2025.

O início da semana e do mês trouxe uma combinação de fatores macroeconômicos e regulatórios que reacenderam a aversão ao risco no mercado global e pressionaram especificamente o mercado cripto. Essa é a visão de André Franco, CEO da Boost Research.

As bolsas asiáticas abriram em queda após declarações firmes do presidente do Bank of Japan (BOJ), que sinalizou a possibilidade de novas altas de juros. Essa sinalização fortaleceu o iene e levou à desvalorização dos futuros de ações norte-americanas, contaminando o sentimento global.

O movimento gerou uma dinâmica clássica de proteção. Afinal, os investidores reduziram a exposição a ativos mais voláteis, incluindo as criptomoedas.

Nesse cenário, o Bitcoin chegou a recuar abaixo de US$ 85.000. E, para André Franco, o ambiente de curto prazo aponta para uma pressão vendedora contínua.

Moedas estrangeiras afetam mercado cripto

O fortalecimento do iene, combinado com o possível reposicionamento de grandes fundos globais diante de juros mais altos, tende a reduzir a demanda por ativos de risco, especialmente pelas melhores criptomoedas.

Se o dólar voltar a se valorizar frente às moedas asiáticas, a pressão pode se intensificar, levando o BTC a testar suportes mais baixos antes de qualquer tentativa de retomada.

A dinâmica reforça a sensibilidade do mercado cripto às expectativas de política monetária. Enquanto isso, no Brasil, novos dados divulgados pela Receita Federal revelam um retrato contundente da preferência dos investidores locais. Afinal, as stablecoins representam cerca de 90% de todo o volume de negociações registradas em criptoativos.

Para André Franco, esse dado é uma evidência clara da maturidade e da funcionalidade das stablecoins como porta de entrada para o ecossistema de ativos digitais no país.

Em um ambiente macro marcado por volatilidade cambial e juros elevados, ativos como USDT e USDC são uma alternativa eficiente para quem busca liquidez em dólar sem a burocracia tradicional.

Adoção de stablecoins manda recado

O uso massivo reforça o papel das stablecoins como pilar de liquidez. Não são apenas um instrumento de proteção cambial, mas também um facilitador de precificação, pagamentos e operações de mercado.

Se, no Brasil, a demanda por stablecoins cresce, na China, o caminho é o oposto. O governo chinês anunciou que intensificará a repressão contra moedas virtuais, ampliando o escopo da proibição para incluir stablecoins explicitamente.

Para Franco, a decisão faz parte de uma estratégia de defesa do yuan digital. Afinal, em um sistema financeiro rigidamente controlado, as stablecoins representam uma fonte de concorrência direta, ao permitirem que os cidadãos movimentem valores em paralelo ao ecossistema estatal.

A inclusão das stablecoins na lista de ativos reprimidos mostra que a China enxerga riscos sistêmicos no uso desses tokens, tanto do ponto de vista da evasão de capitais quanto da perda de controle monetário.

O contraste entre Brasil e China reforça que a adoção de criptomoedas segue trajetórias muito distintas dependendo da postura regulatória de cada país.

Ethereum segue firme

No campo técnico, os desenvolvedores do Ethereum trabalham para entregar o Fusaka, a segunda grande atualização da rede prevista para 2025. A atualização promete introduzir uma nova rodada de EIPs voltadas à eficiência operacional da EVM, otimização de taxas e reforço da segurança de longo prazo.

Embora os detalhes finais ainda estejam em debate, Franco observa que o roadmap do Ethereum segue firme em sua trajetória de maturação, com foco em escalabilidade, custos e sustentabilidade. Essas melhorias são essenciais para manter a competitividade da rede diante do avanço de blockchains alternativas e do crescimento de soluções de rollups.

Portanto, o conjunto de fatores que moldam a semana evidencia a complexidade do mercado cripto atual. Por exemplo,  estão no foco do mercado a pressão macro vinda do Japão, a dominância das stablecoins no Brasil, a repressão chinesa e o avanço técnico do Ethereum.

Para André Franco, essas forças agem simultaneamente em direções diferentes, mas todas afetam o comportamento dos investidores.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Leonardo Cavalcanti

Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.