O influenciador se encontrou com Geraldo Alckmin durante o lançamento de um livro sobre Bitcoin.
Audiência pública debateu a criação de uma reserva estratégica de BTC no Brasil.
Ativismo cripto ganha espaço no centro da política nacional.
Na véspera da primeira audiência pública da câmara dos deputados para discutir a criação de uma reserva estratégica de Bitcoin (BTC) no brasil, uma cena inesperada tomou conta das redes sociais. O influenciador e autor Renato Amoedo, o ‘Trezoitão’, posou ao lado do vice-presidente do país, Geraldo Alckmin, durante o lançamento do livro Graças a Deus pelo Bitcoin.
O encontro gerou reações intensas no debate político e no mercado cripto. Afinal, evidenciou como a pauta cripto começa a ganhar espaço nos mais altos círculos de poder.
Renato ‘Trezoitão’ se defendeu de críticas por foto
Renato Trezoitão se consolidou nos últimos anos como uma das vozes mais marcantes na defesa do Bitcoin no Brasil. Ele usou as redes para rebater críticas de quem questionou sua postura ao aparecer ao lado de Alckmin, figura histórica do PSDB e atual vice-presidente.
Em tom provocativo, ele afirmou que não planejou o encontro, já que mais de 200 pessoas estavam no evento e tiraram fotos com Alckmin. Segundo Renato, os eventos de que participa são abertos a todos os que aceitarem o BTC e a ‘verdade’.
No X, o influenciador deixou claro que não votou nem votaria em Alckmin. Mas reconheceu o peso político da imagem: ‘Você prefere Alckmin presidente ou receber mais picanha?’, ironizou.
(Imagem: X)
Para ele, figuras de diferentes espectros ideológicos, do bolsonarismo ao MBL, passando até por simpatizantes da esquerda, são bem-vindas em seus eventos se estiverem dispostas a ouvir a mensagem do Bitcoin. A lógica, segundo ele, é simples. Se aceitarem a verdade, poderão se curar de ideologias nefastas.
Audiência pública discutiu reserva de BTC
A publicação também viralizou porque ocorreu em um momento importante: na quarta-feira (20/8), o Congresso realizou a primeira audiência pública sobre o projeto de lei 4.501/2024, de autoria do deputado Eros Biondini. Apesar de o projeto focar em Bitcoin, pode impulsionar outras criptomoedas promissoras.
O texto prevê a criação de uma reserva estratégica soberana de BTC pelo governo federal. A proposta pretende iniciar um programa de acumulação estatal do ativo, com metas anuais de compra, sob a inspiração de modelos de países como El Salvador.
A presença de Alckmin serviu como combustível para especulações políticas. Muitos enxergam o episódio como um indicativo da crescente institucionalização do debate sobre Bitcoin no Brasil. Se até poucos anos atrás o tema estava restrito a círculos de entusiastas e investidores, agora atravessa fronteiras e chega a encontros com figuras da alta cúpula do executivo.
Alckmin esteve no lançamento ao lado de seu chefe de gabinete, Pedro Guerra, que já havia defendido em ocasiões anteriores a importância de discutir a criação da reserva de Bitcoin.
A narrativa reforça a percepção de que, independentemente de divisões ideológicas, a questão dos ativos digitais se impõe como pauta estratégica para o futuro do país.
Veículos internacionais acompanham o que ocorre no Brasil
Internacionalmente, a notícia também repercutiu. Perfis como o Coinbureau publicaram que o Brasil realizará nesta semana sua primeira audiência pública para debater a criação de uma reserva estratégica de BTC, o que atraiu a atenção da comunidade global.
O anúncio de que o Congresso está prestes a avaliar oficialmente uma política de acúmulo da moeda coloca o país em destaque no radar internacional. Especialmente, em um momento em que grandes economias ensaiam suas posições quanto ao ativo.
Além disso, o encontro de Trezoitão com Alckmin teve contornos simbólicos. De um lado, estava um influenciador polêmico, acostumado a usar a linguagem dura da internet para defender sua visão. Do outro, um político com décadas de trajetória institucional, representante de um partido historicamente ligado ao establishment. Portanto, a foto com os dois serve como metáfora do avanço da pauta Bitcoin, unindo universos que há até pouco tempo pareciam incompatíveis.
Já a audiência na quarta-feira reuniu deputados, especialistas do setor, representantes do Banco Central (BC) e entusiastas.
Temas como soberania monetária, proteção de reservas internacionais e o papel do Brasil em um cenário geopolítico marcado pela digitalização financeira estarão na pauta. Além disso, a presença de atores não convencionais, como Trezoitão, dá combustível ao debate público e ajuda a popularizar a discussão para além dos muros de Brasília.
Projeto de lei enfrenta obstáculos
O Projeto de Lei 4.501/2024 ainda enfrenta obstáculos políticos e técnicos. Afinal, críticos alertam para riscos de volatilidade do ativo, potenciais impactos fiscais e ausência de arcabouço regulatório global unificado.
Por outro lado, defensoras da proposta afirmam que o Bitcoin representa a única reserva digital verdadeiramente escassa e descentralizada. Portanto, seria capaz de blindar o país contra choques cambiais, inflação externa e manipulações monetárias de grandes potências.
O que já está claro é que a audiência inaugurou uma nova fase no debate. Pela primeira vez, o Congresso abriu espaço para discussões do Bitcoin não como um ativo especulativo, mas sim como instrumento de política econômica e de estratégia nacional.
Enquanto Estados Unidos e União Europeia focam na regulamentação de stablecoins e ativos digitais, o Brasil se posiciona como um dos poucos países emergentes a debater abertamente a adoção de Bitcoin em escala estatal.
Essa postura pode atrair olhares de investidores globais e consolidar o país como polo de inovação monetária. Mas também aumenta as responsabilidades na gestão de riscos.
Muito mais que uma foto
O encontro de Trezoitão com Alckmin um dia antes da audiência sobre a reserva estratégica de Bitcoin sintetiza a convergência entre ativismo digital e política institucional.
Mais do que uma foto, para os seguidores do influenciador, o episódio simboliza a entrada definitiva do Bitcoin no debate nacional, com potencial de remodelar não apenas a economia, mas também a dinâmica de poder no Brasil.
Se a audiência resultará em avanço concreto para o projeto de lei, ainda é cedo para afirmar. O que não resta dúvida é que a pauta agora tem uma visibilidade inédita. E que, de agora em diante, o Bitcoin se tornou tema incontornável na política brasileira.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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