Cynthia Lummis diz que o financiamento da reserva estratégica de Bitcoin dos EUA pode começar a 'qualquer momento'.
A ordem executiva de Trump, assinada em março de 2025, autoriza que Bitcoins apreendidos em processos legais componham o estoque inicial da reserva.
A SBR seria financiada sem impacto orçamentário direto, utilizando ativos já sob custódia do governo.
O movimento pode consolidar o Bitcoin como ativo de segurança nacional e atrair maior fluxo institucional para o mercado.
A senadora norte-americana Cynthia Lummis, uma das vozes mais atuantes em favor das criptomoedas no Congresso dos EUA, afirmou recentemente que o financiamento da Strategic Bitcoin Reserve (SBR) poderia ‘começar a qualquer momento’.
Segundo ela, o principal obstáculo que resta é a morosidade legislativa. Contudo, tecnicamente, nada impediria que os aportes fossem iniciados de imediato.
Lummis fez o comentário em uma publicação no X, respondendo a uma discussão entre o gestor Jeff Park e o investidor Anthony Pompliano sobre como os EUA poderiam converter ganhos não realizados em ouro em Bitcoin (BTC) para reduzir déficits fiscais.
Em sua mensagem, ela disse que ‘legislar é lento, mas graças ao presidente Trump, a aquisição de fundos para uma SBR pode começar a qualquer momento.’
O conceito de uma reserva estratégica de Bitcoin foi formalizado por Trump por meio de ordem executiva em março de 2025. Nesse contexto, o texto estabeleceu que fundos apreendidos em processos civis ou criminais poderiam compor parte do estoque inicial do SBR.
Além disso, o texto da ordem também prevê que futuras aquisições sejam feitas por meios ‘neutros ao orçamento’. Ou seja, sem onerar o contribuinte.
O que pode mudar com o início do financiamento?
Se a SBR realmente começar a receber aportes públicos, isso representaria um marco simbólico e prático para o Bitcoin no cenário macroeconômico. Além de reforçar a legitimação do BTC como ativo estratégico, poderia atrair capitais institucionais e alterar expectativas de preço nas criptomoedas mais promissoras.
Entretanto, a senadora enfatiza que, embora a ordem executiva já tenha criado a estrutura inicial, a efetivação depende de aprovação legislativa. O que, segundo ela, tem sido atrasado por trâmites no Congresso. Portanto, tecnicamente podemos estar prontos para operar, mas politicamente ainda aguardamos.
Nos bastidores, há especulações de que uma estratégia sugerida por Park, realocar ganhos não realizados de ouro para Bitcoin, foi bem recebida por Lummis, que a qualificou de ‘articulação fabulosa’ para justificar o BITCOIN Act e a SBR. Essa proposta já vinha sendo discutida como fonte de capital ‘neutra para o orçamento’.
Desafios regulatórios e críticas
Apesar do otimismo declarado, há críticas e incertezas que pairam sobre o projeto. Uma delas está no fato de que apenas uma fração dos BTC apreendidos atualmente está legalmente disponível para uso, boa parte permanece contestada judicialmente.
Além disso, críticos apontam que o Bitcoin, sendo um ativo volátil, carrega riscos que governos não costumam assumir como reservas estratégicas.
Outra dúvida está na operacionalização de como o governo concretamente fará estas compras. Se via Tesouro, por meio de lei especial, ou por reavaliação de ativos existentes como ouro. Dessa maneira, cada caminho suscita debates sobre competência, transparência e impactos fiscais.
Impactos no mercado cripto
Para o mercado, o anúncio de que o financiamento da SBR pode começar a qualquer momento acende expectativas. Se o governo dos EUA iniciar compras institucionais de Bitcoin para compôr sua reserva, isso escancara a narrativa de adoção soberana e fortalece a ideia de que governos podem atuar não só como reguladores, mas como participantes do mercado.
Altistas enxergam esse movimento como suporte para preços mais altos no curto e médio prazo. Especialmente se os aportes forem modulados e bem escalonados.
Por outro lado, eventuais anúncios precipitados ou compras abruptas poderiam gerar volatilidade e especulação excessiva em cima da iniciativa governamental.
E no Brasil?
No Brasil e em outros mercados emergentes, a atitude dos EUA pode servir de argumento político para acelerar debates sobre regulação de criptoativos, reservas estaduais em Bitcoin e adoção institucional local. Tudo como reflexo de uma mudança de paradigma global.
Não é à toa que um debate semelhante vem ganhando corpo nos corredores do Congresso. O Projeto de Lei 4501/2024, conhecido como Reserva Estratégica Soberana de Bitcoins (RESBit), propõe que o governo federal destine até 5 % das reservas internacionais brasileiras para aquisição gradual de Bitcoin, sob gestão compartilhada entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda.
Além disso, o texto determina que o governo realize as compras de forma planejada, garantindo transparência ao Congresso, auditorias regulares e uma infraestrutura robusta de custódia para proteger os ativos digitais.
Reserva de BTC brasileira é mais distante que dos EUA
Embora ainda não tramitando em regime de urgência, o projeto já passou por comissões como a de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e Finanças.
No entanto, foi retirado de pauta em agosto de 2025 por requerimentos de parlamentares que pediram mais estudos e debates técnicos.
Essa suspensão sinaliza que o tema ainda enfrenta resistência política e cautela quanto aos riscos operacionais e fiscais.
O paralelo entre a proposta norte-americana e a brasileira é inevitável. Nos EUA, a estratégia parte de ativos já apreendidos por via judicial. Ou seja, o governo aproveita bitcoins confiscados para compor sua futura reserva, sem onerar o orçamento público.
Já no Brasil, a proposta envolve uso das próprias reservas cambiais em dólar como fonte primária para investimento em BTC. Um passo mais audacioso e de exposição direta ao risco de mercado.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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