Tether emitiu mais de US$ 157 bilhões em USDT até junho de 2025, com crescimento de US$ 20 bi no ano.
Reservas totais superam US$ 162 bilhões, com mais de US$ 127 bi em Treasuries americanos.
Lucro líquido foi de US$ 4,9 bilhões no 2º trimestre (US$ 5,7 bi no semestre).
Empresa prepara nova suíte de produtos e amplia reinvestimentos nos EUA e em setores como IA e energia.
A Tether, emissora da maior stablecoin do mundo, divulgou nesta semana o relatório de atestação referente ao segundo trimestre de 2025. O documento foi auditado pela BDO, uma das cinco maiores firmas de contabilidade do mundo.
O documento apresenta os números mais robustos já registrados pela empresa em termos de reservas, lucros e expansão da oferta do USDT. Com crescimento acelerado e lucros bilionários, a Tether consolida sua liderança no mercado de stablecoins e amplia sua presença como infraestrutura financeira baseada em dólar. Além disso, o cenário regulatório dos EUA converge para um ambiente bastante favorável para a emissora de USDT.
Ao final de junho de 2025, o USDT atingiu a marca de 157,1 bilhões de unidades em circulação, com crescimento de 13 bilhões apenas no segundo trimestre e um total de 20 bilhões no acumulado do ano.
Crescimento da USDT
A capitalização de mercado do token cresceu em ritmo exponencial, como mostra o gráfico de performance trimestral divulgado pela própria Tether. A curva do segundo trimestre ultrapassou com folga os trimestres anteriores, e o terceiro trimestre já iniciou com uma aceleração notável.
(Fonte: Relatório Tether Q2 25)
As reservas totais da Tether somaram US$ 162,5 bilhões no período, sendo mais de US$ 127 bilhões aplicados em títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Incluindo tanto exposição direta (US$ 105,5 bi) quanto indireta (US$ 21,3 bi). Esse volume coloca a Tether entre os maiores detentores privados de dívida pública americana no mundo, uma posição até então rara para uma empresa privada do setor cripto.
O relatório destaca ainda que a Tether mantém US$ 5,47 bilhões em reservas excedentes, ou seja, valores que superam os 100% exigidos para garantir a paridade de cada token com o dólar.
Esses recursos funcionam como um colchão contra volatilidades de mercado e garantem a solvência da operação mesmo diante de choques externos. A companhia também reforça que todos os tokens emitidos estão lastreados em ativos líquidos.
Em termos de rentabilidade, o trimestre também foi histórico. A Tether registrou lucro líquido de US$ 4,9 bilhões entre abril e junho de 2025, somando US$ 5,7 bilhões no primeiro semestre.
Desses, US$ 3,1 bilhões são provenientes de atividades recorrentes, enquanto os outros US$ 2,6 bilhões vieram da valorização de ativos como ouro e bitcoin. Estes são ativos que fazem parte da reserva da empresa.
Além do desempenho financeiro, a Tether destacou o uso estratégico dos lucros em investimentos de longo prazo. A companhia aumentou seus aportes em setores como inteligência artificial, energia renovável e infraestrutura de comunicações. Entre os projetos mencionados no relatório estão a XXI Capital e o desenvolvimento da Rumble Wallet.
A empresa também revelou que mais de US$ 4 bilhões já foram reinvestidos no ecossistema doméstico dos Estados Unidos, ampliando sua influência institucional e presença regulatória.
CEO celebra USDT
Paolo Ardoino, CEO da Tether, celebrou os resultados com uma análise otimista: “Com mais de US$ 127 bilhões em Treasuries, reservas robustas em bitcoin e ouro, e mais de US$ 20 bilhões em novos USDT emitidos, não estamos apenas acompanhando a demanda global, estamos moldando-a.”
Para ele, o desempenho recorde do trimestre é reflexo direto do modelo adotado pela Tether, baseado em transparência, solidez operacional e eficiência em escala global.
O executivo também mencionou a importância do momento regulatório. Nos Estados Unidos, propostas como a GENIUS Act buscam criar um marco legal claro para stablecoins, e a Tether tem se posicionado como exemplo de compliance proativo.
Empresa tem aliança política nos EUA
A empresa vê sua atuação como aliada de políticas públicas americanas, oferecendo um canal eficiente e auditável para a circulação de dólares tokenizados no mundo.
O relatório afirma que os ativos totais da Tether somavam US$ 162,57 bilhões, frente a US$ 157,1 bilhões em passivos, sendo quase 100% relacionados à emissão de USDT.
Os investimentos próprios da empresa em setores emergentes não estão incluídos nas reservas que lastreiam os tokens, mantendo clara a separação entre capital de risco e o lastro das stablecoins.
Esse modelo, segundo Ardoino, é o que garante confiança para que o USDT continue liderando o mercado. Hoje, a stablecoin tem uma vantagem superior a US$ 100 bilhões em relação à segunda maior do setor, o que evidencia não apenas a tração do produto, mas também a consistência da sua base de usuários, especialmente em mercados emergentes e regiões com acesso limitado a sistemas bancários tradicionais.
Empresa foca em novos produtos para stablecoins
A Tether também adiantou que está desenvolvendo uma nova suíte de produtos nos Estados Unidos, com foco em stablecoins, pagamentos programáveis e soluções financeiras nativas para o ambiente digital. O objetivo é reforçar a liderança tecnológica da empresa no setor e atender a uma nova geração de usuários corporativos e institucionais.
Segundo a companhia, o USDT tem sido cada vez mais utilizado por fintechs, exchanges, usuários de varejo e até governos. Principalmente em regiões onde a infraestrutura bancária tradicional é frágil ou inexistente.
Ao oferecer acesso ao dólar de forma rápida, transparente e sem fronteiras, o USDT está se consolidando como uma alternativa prática e confiável para remessas, comércio eletrônico e proteção cambial.
O crescimento da Tether também reacende debates sobre a interseção entre o setor privado e a política monetária pública. Ao se tornar um dos maiores detentores de dívida pública dos Estados Unidos, a empresa evidencia como ativos digitais podem se alinhar com os objetivos macroeconômicos de uma nação. Desse modo, promovendo liquidez, estabilidade e acesso ao dólar em escala global, via redes blockchain.
Regulação é favorável para Tether
Enquanto isso, o cenário regulatório segue em evolução. A expectativa do mercado é de que os Estados Unidos avancem em um marco legal para stablecoins nos próximos trimestres, e a Tether pretende continuar ajustando seus modelos operacionais para se adequar a esse novo ambiente.
Ao mesmo tempo, a empresa busca fortalecer suas reservas e manter a independência operacional para lidar com cenários adversos. Em conclusão, os resultados do segundo trimestre de 2025 mostram que a Tether consolidou sua liderança no mercado de stablecoins. Não obstante, também ampliou seu papel estratégico no sistema financeiro global.
Com reservas robustas, lucros recordes e planos ambiciosos, a empresa se posiciona como um dos principais pilares da nova arquitetura financeira baseada em blockchain. E tudo indica que essa posição deve se manter, e crescer, nos próximos trimestres.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
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