Bolsa da Polônia lista seu primeiro ETF de Bitcoin

O produto acompanha o preço do Bitcoin via futuros ou derivativos, evitando a necessidade de custódia direta.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 5 mins read
Bolsa da Polônia lista seu primeiro ETF de Bitcoin

Resumo da notícia

  • Bitcoin BETA ETF na Bolsa de Varsóvia (GPW) é o primeiro ETF de Bitcoin da Polônia.
  • Novidade permite exposição ao Bitcoin via corretoras tradicionais, sem a necessidade de abrir conta em exchange ou custódia privada.
  • A estrutura baseada em derivativos/futuros pode implicar custos de rollover e variações entre preço à vista e futuros.
  • Supervisão regulatória pela KNF inclui exigência de transparência, relatórios e conformidade legal.

A Bolsa de Valores de Varsóvia (Warsaw Stock Exchange — GPW) acaba de dar um passo histórico. Afinal, passou a oferecer o primeiro ETF de Bitcoin da Polônia, com o nome de Bitcoin BETA ETF.

A novidade proporciona aos investidores locais acesso regulado ao ativo digital por meio de corretoras tradicionais, sem precisar lidar diretamente com carteiras cripto ou custódia de Bitcoin físico.

O movimento marca uma nova fase de convergência entre mercados tradicionais e criptoativos na Europa Oriental, sinalizando que regiões até então mais conservadoras começam a abraçar instrumentos regulados para exposição ao Bitcoin.

Entenda o modelo do ETF de Bitcoin da Polônia

O novo ETF permite que investidores poloneses acompanhem o preço do Bitcoin indiretamente, por meio de derivativos ou contratos futuros, com estruturas semelhantes às de outras jurisdições.

A novidade segue tendências internacionais. Afinal, mercados como o Canadá vêm aprovando ETFs de Bitcoin desde 2021, e os Estados Unidos abriram caminho para produtos equivalentes em 2024. Portanto, o ETF polonês insere o país em um grupo de bolsas que oferecem alternativas reguladas para exposição a uma das melhores criptomoedas do mercado.

Para a Polônia, com cerca de 38 milhões de habitantes, o lançamento do Bitcoin BETA ETF é simbólico e estratégico. Ele chega em um momento em que fintechs, ativos digitais e inovação regulatória têm ganhado fôlego no país.

A Bolsa de Varsóvia, por sua vez, registrou receita recorde e volume de negócios expressivo nos últimos trimestres, o que demonstra que há demanda crescente por novos ativos e produtos de investimento sofisticados. O lançamento do ETF pode capturar o interesse local e atrair capital internacional em busca de diversificação.

No entanto, como em qualquer produto novo no ecossistema cripto-financeiro, há nuances e riscos que os investidores devem considerar.

Por exemplo, o ETF não envolve a compra de Bitcoin diretamente, mas sim derivações ou futuros. Isso pode implicar custos de rollover, liquidação ou discrepâncias entre o preço à vista e o negociado nas bolsas de futuros.

ETF polonês tem proteção contra variação do Zloty

O Bitcoin BETA ETF é gerido pela AgioFunds TFI SA e estruturado de forma a replicar o desempenho do Bitcoin por meio de contratos futuros listados na Chicago Mercantile Exchange (CME). A CME é uma das principais referências globais em derivativos de criptoativos.

Diferentemente de outros produtos semelhantes lançados em mercados mais maduros, o ETF incorpora um mecanismo adicional que chama a atenção. Há uma estratégia de hedge cambial para mitigar a exposição dos investidores às flutuações entre o dólar norte-americano (USD) e o zloty polonês (PLN).

Esse detalhe técnico agrega previsibilidade e segurança, sobretudo para investidores locais que poderiam ver seus retornos impactados por movimentos abruptos na taxa de câmbio.

O processo de aprovação do fundo também reforça a credibilidade do produto. O prospecto foi validado pela Autoridade de Supervisão Financeira da Polônia (KNF) no dia 17 de junho, permitindo a emissão das séries A e B de certificados de investimento.

Com isso, o número de ETFs disponíveis na GPW chega a 16, abrangendo desde índices domésticos como WIG20, mWIG40 e sWIG80 até referências internacionais como S&P 500, Nasdaq-100 e DAX.

Também fazem parte do portfólio fundos setoriais, alavancados e inversos. Ou seja, o lançamento do Bitcoin BETA ETF não é um caso isolado, mas sim parte de uma estratégia maior da GPW de ampliar a variedade e sofisticação dos produtos no mercado polonês.

Os números mostram que essa estratégia vem funcionando. Dados recentes da GPW indicam que o volume de negociação de ETFs já atingiu PLN 1,9 bilhão em 2025, um salto de 94,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

Essa aceleração reflete não apenas o maior interesse por ETFs tradicionais, mas também a abertura dos investidores a novas fronteiras como as criptomoedas.

Novidade deve facilitar acesso de investidores locais

A autoridade reguladora exigirá relatórios, transparência e conformidade rigorosa. No entanto, a recepção do mercado parece positiva: investidores mais conservadores, que até evitavam comprar Bitcoin diretamente, agora terão uma porta de entrada regulada. Portanto, contornam questões como dificuldades de custódia, insegurança regulatória e desconhecimento técnico.

Um ETF de Bitcoin oferece uma camada de familiaridade para investidores acostumados com ativos regulados como ações, fundos ou títulos. Para muitos, bastará se dirigir a uma corretora já existente no mercado para comprar o produto. Ou seja, não haverá necessidade de abrir contas em exchanges de criptomoedas nem de gerenciar chaves privadas.

Em termos macro, o lançamento pode acelerar a adoção regulada de produtos cripto na Europa Oriental.

Contágio regulatório

Países vizinhos observam com atenção quando uma bolsa como a da Polônia lança um ETF cripto regulamentado. Afinal, isso pode gerar um efeito de ‘contágio regulatório’. Ou seja, outras jurisdições podem seguir ou adaptar suas regras para permitir ETFs de Bitcoin ou instrumentos semelhantes.

Portanto, o produto eleva o patamar de legitimidade do Bitcoin não apenas como objeto especulativo, mas como parte de portfólios institucionais ou para investidores que buscam diversificação.

Para o mercado de criptomoedas, esse tipo de inovação tem impacto prático. Por exemplo, há aumento de liquidez, potencial de maior capital institucional e percepção de risco regulatório menor para países com estruturas legais claras.

Por fim, os analistas avaliam que o preço do Bitcoin pode sentir esses impactos de demanda incremental, especialmente em mercados europeus onde  acesso seguro a criptos ainda é limitado ou caro.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.