A Circle, emissora da stablecoin USD Coin (USDC), anunciou a ativação da testnet pública de sua nova rede Arc.
A camada base (layer 1) foi construída para suportar casos de uso financeiros reais.
A participação de bancos e firmas de capital institucional sinaliza que o mercado tradicional está disposto a testar modelos de liquidação on-chain com stablecoins.
A Circle, emissora da stablecoin USD Coin (USDC), anunciou na terça-feira (28/10) a ativação da testnet pública de sua nova rede Arc. A blockchain é projetada para permitir liquidação quase instantânea, taxas denominadas em dólar, privacidade opt-in e integração direta com a infraestrutura da empresa.
O anúncio informa que mais de cem empresas, incluindo bancos globais, gestores de ativos, provedores de tecnologia e emissores de stablecoins, participaram do lançamento. Juntos, visam desenvolver, testar e construir sobre a Arc. Entre os participantes, estão a BlackRock, Inc., HSBC Holdings plc, Visa Inc. e Amazon Web Services, Inc. (AWS).
A Arc é descrita como um ‘Economic Operating System’ da internet. Trata-se de uma camada base (layer 1) construída para suportar casos de uso financeiros reais. Entre eles, estão a emissão de stablecoins, liquidação global, FX on-chain, tokenização de ativos do mundo real e pagamentos programáveis.
Circle quer ser plataforma de liquidez global
Para a Circle, o lançamento representa um avanço estratégico para conectar seu ecossistema USDC / stablecoins com infraestrutura de blockchain de última geração. Portanto, a iniciativa visa mover liquidez global, pagamentos e ativos tokenizados com eficiência e escala para as melhores criptomoedas.
O CEO e fundador da Circle, Jeremy Allaire, destacou que
As empresas envolvidas alcançam bilhões de usuários, movimentam, trocam e custodiam centenas de trilhões em ativos e pagamentos.
Além disso, Allaire pontuou que a Arc está construída para conectar todos os mercados locais à economia global.
Para o ecossistema de stablecoins e do mercado cripto em geral, o anúncio tem implicações gigantes.
Em primeiro lugar, o fato de uma emissora regulada como a Circle ampliar sua plataforma para dar suporte programático completo às stablecoins (inclusive como gás de rede) reforça a narrativa de que as moedas estáveis estão saindo de nichos de trading e passando a incorporar infraestruturas financeiras empresariais.
O lançamento da testnet pública indica também que a infraestrutura blockchain para uso institucional está se tornando tangível.
A participação de bancos e firmas de capital institucional sinaliza que o mercado tradicional está disposto a testar modelos de liquidação on-chain com stablecoins e tokenização de ativos reais. Por exemplo, a Bloomberg informa que a Circle já atraiu organizações como Goldman Sachs Group, Inc. para experimentação da Arc.
A tecnologia por trás da Arc
Do ponto de vista técnico, a Arc adota características-chave como a compatibilidade EVM (Ethereum Virtual Machine), tarifas em dólar estáveis e previsíveis, finalização de transações em ‘subsegundos’, privacidade opt-in e integração nativa com o ecossistema da Circle (USDC, APIs, custódia).
Para os emissores de stablecoins e projetos de tokenização, a Arc oferece um ambiente especialmente desenhado para ‘money-movement’ on-chain, liquidação de câmbio (FX) e pagamentos globais com eficiência, que até então eram casos menos explorados em redes generalistas.
No entanto, o anúncio também traz advertências para investidores e operadores. A rede está em estágio de testnet. Ou seja, não está ainda em produção plena. Isso implica riscos de adoção, interoperabilidade, regulação, performance e governança futura. A própria Circle deixa claro que a Arc não foi ainda aprovada pelo órgão regulador estadual de Nova York.
Além disso, para que a Arc cumpra sua promessa, serão necessárias a participação ativa dos parceiros, infraestrutura de custódia, liquidez de stablecoins, interoperabilidade entre cadeias e aceitação comercial ampla.
Brasil e América Latina
Para o mercado brasileiro e latino-americano, a iniciativa abre possibilidades interessantes. Isso porque, segundo o anúncio da Circle, já estão na testnet emissores regionais de stablecoins, como a brasileira BRLA, a mexicana MXNB e a filipina PHPC.
O anúncio vem em um momento de consolidação da indústria de stablecoins e tokenização. Segundo estimativas de instituições como o Citigroup Inc. e a Boston Consulting Group (BCG), o mercado de stablecoins pode atingir US$ 4 trilhões até o fim da década, e o de ativos tokenizados cerca de US$ 19 trilhões.
Na prática, isso significa que a Arc pode se tornar um dos pontos de infraestrutura de base para a próxima geração de finanças digitais. Isso ocorreria inclusive em países emergentes, nos quais pagamentos internacionais e liquidação de ativos são mais desafiadores.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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