Movimento posiciona a empresa como uma das maiores detentoras corporativas de ativos digitais do mundo.
A BitMine Immersion Technologies (NYSE American: BMNR), empresa americana que nasceu como fornecedora de infraestrutura para mineração de Bitcoin, anunciou nesta semana que suas reservas totais de criptomoedas e moeda fiat atingiram a impressionante marca de US$ 13,4 bilhões. Portanto, a empresa se consolida como uma das maiores tesourarias digitais do planeta.
O número inclui 3,24 milhões de tokens de Ethereum (ETH). Ou seja, ela detém o equivalente a aproximadamente 2,7% de todo o suprimento da rede. Além disso, possui cerca de US$ 219 milhões em dinheiro.
O feito coloca a companhia à frente de gigantes como Tesla e Marathon Digital em valor de ativos digitais sob custódia. Atualmente, a BitMine fica atrás apenas da Strategy, líder isolada no setor de Bitcoin corporativo.
O anúncio foi feito por meio de um comunicado à imprensa no domingo (19/10), no qual a BitMine destacou que sua estratégia agora vai muito além da mineração tradicional.
BitMine aposta forte em Ethereum
Trata-se de uma virada de chave rumo à gestão de tesouraria em blockchain, tendo o Ethereum como principal ativo de reserva. A empresa pretende ampliar ainda mais sua exposição, estabelecendo uma meta de longo prazo de deter 5% do total de ETH em circulação. O anúncio reforça a onda de empresas que escolhem as melhores criptomoedas para alocar em suas tesourarias.
De acordo com Thomas ‘Tom’ Lee, presidente do conselho da BitMine, o movimento reflete a convergência entre os dois maiores vetores tecnológicos do momento: inteligência artificial (IA) e criptoeconomia.
Segundo ele, ambos representam os ‘superciclos de investimento’ da década e estarão cada vez mais entrelaçados:
Ethereum é a plataforma fundamental sobre a qual a nova economia digital está sendo construída. Nossa convicção é de que o ETH ainda está subvalorizado em relação ao seu potencial de longo prazo, e por isso o consideramos o principal ativo de tesouraria da BitMine.
A estratégia é ousada. Com um preço médio de aquisição estimado em torno de US$ 4.100 por token, a BitMine passou a deter uma posição equivalente a mais de US$ 12,9 bilhões apenas em ETH. Por outro lado, o restante de seu balanço é composto por Bitcoin, stablecoins e participações estratégicas em startups cripto chamadas internamente de ‘moonshots’.
A empresa também mantém uma posição minoritária na corretora Eightco Holdings (ORBS), voltada à infraestrutura Web3.
Além do volume expressivo de reservas, o papel da BitMine Immersion (BMNR) na bolsa americana tornou-se um dos mais negociados do setor, registrando média diária superior a US$ 2 bilhões em volume de transações, segundo dados recentes da Bloomberg.
Essa liquidez incomum para uma empresa de capital intermediário reflete o interesse institucional crescente em companhias que tratam criptomoedas como ativos estratégicos e não apenas como um instrumento de especulação de curto prazo.
Ethereum como ativo de tesouraria
A decisão de priorizar o Ethereum em vez do Bitcoin surpreendeu parte do mercado, mas faz sentido sob a ótica da BitMine. A rede de Vitalik Buterin, que migrou para o modelo de Proof of Stake (PoS) e reduziu sua emissão líquida, oferece atualmente um arcabouço mais flexível para finanças descentralizadas, stablecoins, tokenização de ativos e aplicações em inteligência artificial.
Para a BitMine, isso significa que o ETH pode desempenhar duas funções simultâneas: reserva de valor digital e infraestrutura para negócios do futuro. Como explicou Lee em entrevista recente:
A Ethereum é o motor da tokenização global, da economia da IA e das finanças descentralizadas. É um ativo que combina escassez programável, utilidade tecnológica e base institucional’
A empresa também destacou que o staking, mecanismo que permite validar transações e receber recompensas em ETH, será uma fonte futura de receita previsível, fortalecendo o fluxo de caixa operacional.
O plano de staking ainda está em fase inicial. Mas analistas acreditam que uma posição desse tamanho poderia gerar rendimento anual superior a US$ 400 milhões.
Tesourarias corporativas entram na era blockchain
A movimentação da BitMine é mais um sinal de que o uso de criptomoedas por empresas de capital aberto está se tornando cada vez mais estratégico.
Depois de a Strategy ter transformado o Bitcoin em um ativo de tesouraria, surge um novo paradigma. O Ethereum como ativo de tesouraria de segunda geração representa a transição da simples reserva de valor para um modelo mais produtivo e interoperável.
Empresas com balanços robustos estão percebendo que podem diversificar suas reservas fora do sistema bancário tradicional, reduzindo exposição a riscos cambiais e ganhando liquidez global 24/7.
No caso da BitMine, a meta de deter 5% da oferta total de ETH representa um plano de longo prazo e reforça a narrativa de escassez digital do ativo. Isso é importante principalmente em um momento em que a emissão líquida de Ethereum é negativa desde a atualização EIP-1559.
Riscos e oportunidades
A transformação da BitMine em uma espécie de ‘MicroStrategy do Ethereum’ não vem sem riscos. A volatilidade continua sendo um desafio.
Uma correção acentuada no preço do ETH pode reduzir substancialmente o valor contábil da empresa, uma questão sensível para companhias listadas em bolsa.
Além disso, a dependência de ativos digitais torna o balanço mais suscetível a mudanças regulatórias, particularmente se órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) endurecerem a classificação de tokens como valores mobiliários.
Por outro lado, o posicionamento estratégico da BitMine representa uma vantagem competitiva difícil de replicar. A empresa conta com infraestrutura, know-how tecnológico e liquidez suficientes para navegar por ciclos de alta e baixa, o que a diferencia de investidores institucionais comuns.
Portanto, sua capacidade de levantar capital no mercado acionário para financiar novas compras de criptoativos cria um efeito multiplicador. Por isso, a empresa transformou-se em um veículo híbrido entre empresa operacional e fundo de investimento em Ethereum.
A corrida pela dominância institucional
Com o anúncio, a BitMine passa a rivalizar com outras companhias de capital aberto que têm seguido o mesmo caminho, como Hut 8, Marathon Digital e Galaxy Digital. No entanto, o foco em Ethereum dá à empresa uma narrativa distinta.
Enquanto a maioria dos concorrentes ainda mantém portfólios dominados por Bitcoin, a BitMine aposta que a próxima onda institucional virá das plataformas de contratos inteligentes.
Segundo estimativas do mercado, se a empresa atingir sua meta de 5% de supply de ETH até 2027, o impacto potencial na liquidez do mercado secundário será significativo. Isso porque grande parte desses tokens ficaria bloqueada em staking ou reservas, reduzindo o float disponível para negociação.
Analistas do setor acreditam que essa pressão de oferta poderia sustentar o preço do ETH em patamares historicamente elevados, especialmente se combinada à crescente adoção de aplicações de inteligência artificial on-chain.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
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