O fundo já detinha 410.596 ações da empresa, avaliadas em US$ 166 milhões.
Desde agosto de 2020, o valor das ações da Strategy subiu de US$ 125 para mais de US$ 400 em setembro de 2025.
A falta de consenso entre candidatos do CalPERS, com alguns rejeitando a ideia, reflete divisões internas que podem complicar decisões futuras.
O fundo de pensão dos funcionários públicos da Califórnia (CalPERS) anunciou o investimento de US$ 142 milhões na estratégia de Bitcoin liderada por Michael Saylor, fundador da Strategy.
A decisão, que envolve a compra de ações da Strategy (antiga MicroStrategy), reflete um passo ousado em direção à diversificação dos US$ 506 bilhões do portfólio do CalPERS. O fundo já detinha 410.596 ações da empresa, avaliadas em US$ 166 milhões.
Aos olhos dos especialistas, o investimento sinaliza uma aceitação crescente do Bitcoin como ativo de reserva, apesar de divisões internas e preocupações regulatórias.
O investimento de US$ 142 milhões eleva a exposição do CalPERS ao Bitcoin via Strategy. A empresa de Saylor detém mais de 580.000 BTC, sendo a maior detentora corporativa da criptomoeda.
Com o preço do Bitcoin em US$ 112.000, o movimento reflete confiança na visão de Saylor de que o BTC é um ‘hedge contra a inflação’. Isso é ainda mais relevante com a previsão de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) em setembro, segundo o Morgan Stanley.
Contexto do investimento e estratégia de Saylor
A decisão do CalPERS ocorre após debates acalorados entre os seis candidatos ao conselho de administração do fundo. Eles expressaram visões divididas sobre criptos durante um fórum em 4 de setembro.
O novo investimento de US$ 142 milhões, que eleva o total a aproximadamente US$ 308 milhões, foi motivado pela performance impressionante da estratégia de Saylor. Afinal, ela transformou a Strategy de uma empresa de software em um ‘fundo de Bitcoin’ ao trocar caixa por BTC e emitir dívidas para comprar mais da moeda.
Desde agosto de 2020, o valor das ações da Strategy subiu de US$ 125 para mais de US$ 400 em setembro de 2025.
A estratégia de Saylor inspirou diversas empresas a adotarem a estratégia de tesouraria em caixa com as melhores criptomoedas do mercado.
O empresário, cuja fortuna pessoal atingiu US$ 10 bilhões em dezembro de 2024, defende que o Bitcoin é uma reserva de valor superior ao ouro, uma visão que ressoou com alguns membros do CalPERS.
A empresa, que agora detém 580.000 BTC adquiridos a um custo médio de US$ 69.000, viu sua capitalização de mercado crescer para US$ 75 bilhões, superando rivais como Riot Platforms.
O investimento do CalPERS alinha-se a essa narrativa, com analistas da aminagroup.com sugerindo que a estratégia ‘buy-borrow-buy’ de Saylor continua a girar, apesar de riscos associados à volatilidade do BTC.
Portanto, o fundo, que atende a 2 milhões de aposentados e funcionários públicos, busca diversificar seus US$ 506 bilhões em ativos. No entanto, a decisão gerou debates sobre a adequação de cripto em um portfólio conservador.
Impactos no mercado cripto e regulação
A decisão do CalPERS, um dos maiores fundos de pensão do mundo, pode incentivar outros gigantes, como o CalSTRS (US$ 340 bilhões), a seguir o exemplo. Portanto, potencializaria exponencialmente a adoção de Bitcoin.
Mas o investimento do CalPERS também enfrenta escrutínio regulatório. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), que monitora ativos cripto como possíveis valores mobiliários, pode investigar se a exposição indireta ao Bitcoin via Strategy viola diretrizes de risco.
A proposta PQFI da SEC, em revisão desde 4 de setembro, pode exigir que fundos como o CalPERS considerem ameaças quânticas, adicionando complexidade à decisão.
No Brasil, a Lei 14.478/2022 exige relatórios de transações acima de R$ 30.000, afetando exchanges locais que processam esses investimentos. Enquanto isso, a União Europeia (UE), prioriza a sustentabilidade com a regulação MiCA. Esse é um ponto sensível dado o impacto em carbono do Bitcoin, que chega a 36,5 megatoneladas anuais, segundo o Digiconomist.
Influência institucional
A longo prazo, o investimento do CalPERS pode catalisar uma onda de adoção institucional. Com US$ 308 milhões alocados à Strategy, o fundo segue o exemplo da BlackRock, que investiu US$ 14,8 bilhões em ETFs de Bitcoin em 2025.
Analistas da WinterGreen Research estimam que os fluxos institucionais podem atingir US$ 60 bilhões até 2027, com fundos de pensão representando uma fatia crescente.
A decisão também pode pressionar a Strategy a aumentar sua reserva de BTC, possivelmente emitindo mais dívida. Essa estratégia elevou o patrimônio de Saylor de US$ 500 milhões em 2020 para US$ 10 bilhões em 2024.
A influência da Califórnia, lar de 12% do PIB dos EUA e importante polo tecnológico, amplifica o impacto. A narrativa de Saylor, combinada com o peso do CalPERS, pode inspirar outros estados, como Texas e Wyoming, a integrar criptos em portfólios públicos.
A integração do GCUL do Google, previsto para 2026, também pode facilitar essas transações, oferecendo infraestrutura segura para as instituições.
Controvérsias e críticas
As controvérsias não tardaram a surgir. A Better Markets, em seu relatório de 4 de agosto, alertou que a exposição a criptos ameaça a segurança de aposentadorias, citando a queda de 50% do Bitcoin em 2022 como precedente.
Outro analista questionou a fonte do investimento. Mas há quem recorde que o CalPERS não comprou BTC diretamente, mas ações da Strategy, limitando o impacto real. A falta de consenso entre candidatos do CalPERS, com alguns rejeitando a ideia, reflete divisões internas que podem complicar decisões futuras.
No entanto, o investimento de US$ 142 milhões do CalPERS na estratégia de Bitcoin de Michael Saylor marca um avanço na adoção institucional. E elevou a exposição do fundo a US$ 308 milhões.
Mesmo com controvérsias e desafios regulatórios, o movimento reforça a narrativa do Bitcoin como reserva de valor. Também posiciona a Califórnia como líder em inovação financeira em um mercado de US$ 2,7 trilhões.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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