Os acordos representam aproximadamente US$ 3,7 bilhões em receita ao longo de 10 anos.
Parceria com a TeraWulf, que utiliza energia renovável, alinha-se aos compromissos de sustentabilidade da gigante de tecnologia.
O mercado de criptomoedas vive um momento histórico com a recente notícia de que a Google, por meio da Alphabet, adquiriu uma participação de 8% na mineradora de Bitcoin TeraWulf.
O movimento, que coincidiu com uma semana de alta volatilidade e otimismo no mercado, sinaliza uma mudança significativa na postura de grandes corporações em relação ao Bitcoin.
Investimento chega a US$ 3,7 bilhões
A Google tomou uma participação minoritária de 8% na TeraWulf, empresa líder em mineração de Bitcoin com foco em infraestrutura de carbono zero.
Os acordos representam aproximadamente US$ 3,7 bilhões em receita contratada ao longo de 10 anos. Eles incluem duas opções de extensão de cinco anos que, se exercidas, elevariam a receita total do contrato para aproximadamente US$ 8,7 bilhões.
Para apoiar a expansão, o Google garantirá US$ 1,8 bilhão em obrigações de arrendamento da Fluidstack. Assim, apoiará o financiamento da dívida relacionada ao projeto e receberá garantias para adquirir aproximadamente 41 milhões de ações ordinárias da TeraWulf.
O montante equivale a uma participação acionária pro forma de aproximadamente 8%. Desse modo, alinha a TeraWulf a um dos parceiros globais de inteligência artificial (IA) mais influentes atualmente. A TeraWulf também planeja acessar o mercado de capitais para financiar parte do projeto.
O valor da participação da Google na TeraWulf é estimado em cerca de US$ 296 milhões, com base na capitalização de mercado da mineradora e na estrutura do acordo.
A TeraWulf é conhecida por operar data centers de mineração nos Estados Unidos. Também tem se destacado por sua abordagem ecológica, utilizando energia renovável para processar blocos de Bitcoin.
Portanto, o alinhamento com os princípios de sustentabilidade da Google pode ter sido um fator decisivo na decisão de investir. Isso ocorre em um contexto de críticas à mineração tradicional por seu impacto ambiental.
Bitcoin disparou com previsão de juros baixos
O investimento ocorre em um momento de interesse corporativo crescente no Bitcoin e otimismo em relação aos empreendimentos em tecnologia. A última semana foi marcada por especulações sobre políticas monetárias, com o Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sugerindo um corte de 50 pontos-base nas taxas de juros em setembro de 2025. Isso, inclusive, levou a um preço recorde do Bitcoin.
A possibilidade de taxas mais baixas pode estar incentivando empresas a diversificar suas reservas, com o Bitcoin emergindo como uma alternativa atraente ao dólar enfraquecido.
Além disso, o recente aumento da capitalização de mercado do Bitcoin para US$ 2,457 trilhões, ultrapassando a Alphabet, reforça a percepção de que a criptomoeda é um ativo viável.
Por isso, a decisão da Google também pode ser vista como uma resposta estratégica a movimentos de concorrentes. Empresas como a SpaceX, que anunciou uma posição de US$ 1 bilhão em BTC, e a Tesla, que mantém uma reserva significativa, estão liderando a adoção corporativa de cripto.
A participação na TeraWulf permite à Google não apenas investir diretamente no Bitcoin, mas também se posicionar na infraestrutura de mineração, um setor crítico para a segurança e escalabilidade da rede.
Implicações para o mercado de criptomoedas
O investimento da Google na TeraWulf tem várias implicações potenciais. Por exemplo, a entrada de uma gigante como a Google no setor de mineração valida o Bitcoin como um ativo legítimo.
Desse modo, incentiva outras empresas de tecnologia a seguir o exemplo. Isso pode aumentar a demanda por BTC, reduzindo a liquidez e elevando os preços.
Além disso, a parceria com a TeraWulf, que utiliza energia renovável, alinha-se aos compromissos de sustentabilidade da Google. Esse aspecto pode atrair investidores ESG (ambiental, social e de governança), expandindo o apelo do Bitcoin.
Por fim, o acordo de US$ 3,7 bilhões, incluindo contratos de colocation, pode modernizar a infraestrutura de mineração, aumentando a eficiência e a capacidade de processamento. Isso reforça a segurança da rede Bitcoin, que depende de mineradores para validar transações.
Interesse institucional no radar
Analistas veem o movimento como um sinal bullish (otimista), com potencial para o BTC alcançar novos recordes, possivelmente acima de US$ 130.000, caso a tendência de adoção institucional continue.
Por outro lado, há preocupações sobre a estratégia da Google. A decisão de investir após um suposto ‘banimento acidental’ de carteiras de cripto na plataforma da empresa levantou especulações sobre intenções oportunistas, com a possibilidade de a empresa ter tentado adquirir ativos a preços mais baixos antes do anúncio.
Apesar disso, a escala do acordo sugere um compromisso de longo prazo. Portanto, o investimento pode inspirar outras empresas de tecnologia a explorar o setor de mineração e cripto.
Países como Singapura e Canadá, que abrigam mineradoras de ponta, podem se beneficiar de parcerias semelhantes.
No Brasil, onde o mercado cripto tem crescido rapidamente, a notícia pode incentivar startups a investir em infraestrutura de mineração sustentável. Especialmente, com a regulamentação avançando em 2025.
A adoção de energia renovável pela TeraWulf também ressoa com os esforços brasileiros para integrar sustentabilidade na economia digital. Isso pode abrir oportunidades para parcerias entre empresas locais e mineradoras internacionais, fortalecendo o ecossistema cripto nacional.
Quais são os riscos?
Apesar do otimismo, desafios persistem. A volatilidade do Bitcoin pode afetar o retorno do investimento da Google, especialmente se ocorrerem correções significativas.
Além disso, a dependência de infraestrutura centralizada, como data centers, expõe a TeraWulf a riscos cibernéticos, como os recentes ataques associados a grupos norte-coreanos. A Google terá que navegar por essas vulnerabilidades para maximizar os benefícios do acordo.
Outro ponto é a regulação. Embora o Departamento do Tesouro dos EUA tenha sancionado indivíduos ligados a atividades ilícitas com criptos, a falta de um framework global harmonizado pode criar incertezas. A Google precisará equilibrar sua posição inovadora com a conformidade regulatória para evitar contratempos.
Perspectivas de futuro
O investimento de US$ 3,7 bilhões posiciona a Google como um player relevante no ecossistema Bitcoin. Com a TeraWulf expandindo sua capacidade de mineração, a rede pode se tornar mais robusta, suportando o crescimento da demanda.
Analistas preveem que, se o preço do BTC continuar subindo, impulsionado por cortes de taxas e adoção corporativa, a participação da Google pode gerar retornos significativos, potencialmente ultrapassando US$ 500 milhões em valor nos próximos anos.
Além disso, o acordo pode pressionar outras big techs a entrar no mercado cripto, criando uma onda de inovação.
A colaboração com a Fluidstack sugere que a Google está interessada não apenas em mineração, mas também em soluções de computação de alta performance, possivelmente explorando sinergias com sua expertise em IA.
Um novo horizonte para o Bitcoin
Enquanto o mercado digere a notícia, o investimento da Google na TeraWulf marca um capítulo transformador para o Bitcoin.
Com uma participação de 8% em um acordo de US$ 3,7 bilhões, a gigante tecnológica não apenas valida a criptomoeda, mas também reforça sua infraestrutura. As imagens do logotipo da Google ao lado do símbolo do Bitcoin simbolizam essa fusão de inovação tradicional e descentralizada.
Para investidores, a notícia é um convite a monitorar os desdobramentos. Se a Google expandir sua exposição e outras empresas seguirem o exemplo, o Bitcoin pode consolidar seu lugar como um ativo essencial no portfólio global.
No entanto, a jornada será marcada por volatilidade e desafios regulatórios. Este momento reflete a crescente interseção entre tecnologia, finanças e sustentabilidade, apontando para um futuro onde o Bitcoin pode redefinir o valor no mundo corporativo.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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