O que esperar do lançamento de ETF de DOGE?

Updated on Set 15, 2025 at 10:36 am UTC by · 7 mins read

Novo ETF de DOGE deve estar disponível no mercado esta semana.

O mercado cripto nos Estados Unidos está prestes a testemunhar um momento marcante: o DOJE, o primeiro ETF focado em Dogecoin (DOGE), sob o selo da gestora REX-Osprey, recebeu luz verde regulatória para estrear em breve.

A aprovação desse produto representa um marco inédito, não apenas pela natureza da memecoin, mas sobretudo pelo teste de demanda que trará. Agora, a dúvida é se a comunidade, investidores de varejo e fundos institucionais demonstrarão apetite real por DOGE por meio de um instrumento regulado.

Como surgiu o novo ETF de DOGE

O ETF de DOGE será listado sob o ticker ‘DOJE’ e diferirá estruturalmente da maioria dos outros ETFs das melhores criptomoedas que foram homologados anteriormente.

Sua aprovação nos EUA ocorreu sob o Investment Company Act de 1940 (‘40 Act’), em vez de seguir o caminho usual do Securities Act de 1933, que rege os ETFs ‘spot’. Isso implica exigências específicas, inclusive relativas à diversificação, custódia, transparência e outros requisitos regulatórios.

Ao mesmo tempo, a Chicago Board Options Exchange (Cboe) aprovou planos para lançar contratos futuros contínuos de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), com duração de até 10 anos e liquidação diária em dinheiro.

Esse movimento amplia o leque de instrumentos regulados no mercado cripto, oferecendo alternativas tanto para quem busca exposição direta ao ativo quanto para aqueles interessados em derivativos de longo prazo.

Expectativas do mercado e visões de especialistas

Para Paulo Aragão, apresentador do podcast Giro Bitcoin, o lançamento do ETF de Dogecoin chama a atenção não apenas pela novidade de uma memecoin entrar para a lista de produtos regulados nos Estados Unidos. Também se trata de um experimento estrutural de verificação de demanda.

Aragão sublinha que produtos recentes, como o ETF de Solana, lançado pela mesma gestora (REX-Osprey), atraíram fluxo considerável logo no início justamente por oferecerem ‘algo além de Bitcoin e Ethereum’ — no caso de Solana, com staking como diferencial.

Ainda assim, ele lembra que o volume desse ETF de Solana ficou muito aquém dos gigantes de BTC e ETH em termos de liquidez. Ele supõe que o DOJE será recebido com alto interesse inicial dado o carisma da comunidade DOGE. Mas alerta que sustentar volumes significativos dependerá muito mais do humor de mercado, da efetiva adesão institucional e de um varejo consistente.

André Franco, CEO da Boost Research, compartilha dessa cautela curiosa: ele vê o ETF de Dogecoin como uma ‘peça de observação’. Ou seja, a demanda, os custos e as restrições serão elementares para avaliar o sucesso do produto. Caso vingue, ele pode abrir as portas para outras das melhores memecoins do mercado.

Franco aponta que, para muitos investidores em Wall Street, esse tipo de memecoin é visto com reserva. Isso ocorre tanto pelo risco percebido quanto pelas incertezas regulatórias e de utilidade real do ativo.

O fato de o ETF estar estruturado de forma não tão comum (via 40 Act, com estrutura de subsidiária fora dos EUA) sugere que os lançadores também anteciparam desafios.

O que já se sabe até agora: data, preço, movimentações

A negociação do DOJE estava prevista para a última semana, mas foi adiada e deve ocorrer nesta quinta-feira (18/9).

No período que precede o lançamento, o Dogecoin apresentou uma alta expressiva, à medida que investidores se posicionam para o efeito novidade, com volumes elevados e acumuladores (whales) comprando dezenas de milhões de tokens.

No entanto, apesar desse aumento de preço e de expectativa, ainda há resistências técnicas.

Observadores de mercado apontam que a DOGE enfrenta zonas de resistência próximas de US$ 0,29 a US$ 0,30, enquanto o suporte parece estar entre US$ 0,245 e US$ 0,26. Se o ativo conseguir fechar consistentemente acima desses níveis com volume, pode haver espaço para uma continuidade da valorização. Caso contrário, corre o risco de retração mesmo com o ETF ativo.

Riscos, críticas e desafios

O lançamento do DOJE carrega consigo uma série de incertezas. Primeiramente, há o risco inerente à natureza de uma memecoin de Dogecoin, que, apesar de sua popularidade, surgiu originalmente como paródia.

Seu tokenomics (plano econômico dos tokens) inclui emissão contínua de novas moedas (com recompensa por bloco). Portanto, funciona ao contrário de ativos como Bitcoin, que têm oferta limitada. Isso significa que pressões inflacionárias podem afetar seu valor real ao longo do tempo.

Outra crítica frequente é sobre custos de ETF. Alguns analistas observam que, para muitos investidores, pode sair mais em conta simplesmente comprar DOGE diretamente em exchanges ou wallets, evitando taxas de gestão do ETF.

A estrutura regulatória, exigências de custódia e diversificação do 40 Act também podem introduzir camadas de custo adicionais ou limitar certos tipos de exposição.

Há ainda o desafio da liquidez. ETFs de Bitcoin e Ethereum têm volumes diários muito superiores, com participação institucional robusta. O DOGE, embora com uma comunidade engajada, pode encontrar obstáculos para manter uma liquidez semelhante.

O interesse inicial pode ser alto, mas o teste será manter volumes suficientes nas semanas e meses seguintes. Afinal, isso tornaria o produto convincente como alternativa de investimento, e não apenas um alvo de curiosidade ou especulação.

Por fim, há a questão regulatória. Embora haja sinal verde, muitos produtos cripto ainda aguardam aprovações, decisões ou condições específicas impostas pela SEC.

A estrutura via 40 Act é uma forma de contornar alguns dos obstáculos. Mas não elimina todos os riscos de supervisão, mudanças de regra e requisitos adicionais que podem aparecer.

Potenciais impactos no médio e longo prazo

Caso o DOJE alcance volumes saudáveis e retenha investidores ativos, os impactos no mercado poderão incluir uma maior aceitação institucional de memecoins, talvez abrindo portas para ETFs similares (outras memecoins) em uma nova onda regulatória.

Como observou Aragão, a prova será se investidores institucionais, como fundos de pensão, family offices e gestores de carteira verão sentido em incluir DOGE em uma alocação diversificada.

A estrutura regulada também traz legitimidade para o ecossistema cripto como um todo. Investidores mais conservadores, que até então evitavam ativos mais ‘arriscados’, podem passar a olhar para o DOGE com outros olhos, se o ETF provar ser transparente, seguro, bem-administrado e com liquidez decente.

Além disso, o lançamento pode incentivar exchanges, custodiais e provedores de serviços financeiros a desenvolverem melhores práticas. Isso incluiria auditoria, segurança, divulgação e processos educacionais para explicar ao investidor comum os riscos e benefícios de memecoins com casos de uso mais maduros.

Conclusão: o que esperar do ETF DE DOGE

O lançamento do ETF DOJE promete iniciar uma nova fase para o DOGE. Afinal, seria um produto financeiro regulado, sob escrutínio, passando maior segurança para os investidores formais.

Espera-se que, no curto prazo, haja forte especulação, volumes ocasionais elevados e grande visibilidade na mídia e nas redes sociais. Nos primeiros dias, o sucesso será medido pela liquidez inicial e pela presença de investidores institucionais.

Se o ETF conseguir atravessar esse teste inicial, poderemos ver o DOGE ganhar mais lugar nas carteiras de alguns investidores, de maneira mais estável. Por outro lado, se for tratado como uma novidade limitada ao hype, pode perder força rapidamente após o efeito novidade.

Para Paulo Aragão, André Franco e outros observadores, o lançamento do DOJE é tão significativo quanto uma espécie de experimento institucional.

O foco está em descobrir se uma memecoin pode realmente fazer parte do mainstream financeiro, não apenas como entretenimento, cultura ou meme, mas como instrumento de investimento com expectativas de retorno.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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