O que pode mexer com o BTC nesta semana?

A semana promete trazer volatilidade para o Bitcoin, com eventos econômicos capazes de impulsionar ou frear sua trajetória.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 6 mins read
O que pode mexer com o BTC nesta semana?

Resumo da notícia

  • O IPC dos EUA na terça-feira pode influenciar cortes de taxas, beneficiando o BTC.
  • O relatório do Fed na quarta e o discurso de Jerome Powell na sexta também têm potencial de elevar o otimismo.
  • Indicadores fracos de manufatura e vendas de moradias na quinta e sexta atrairiam investidores para o Bitcoin.

O Bitcoin (BTC) começou a semana com perdas, mas a semana promete uma volatilidade distinta devido ao cenário macroeconômico. Com uma agenda econômica agitada, a semana contará com indicadores-chave, decisões de política monetária e discursos de autoridades financeiras dos Estados Unidos.

Na semana anterior, o BTC atingiu novas máximas históricas a US$ 123.500, chegando a ultrapassar a Alphabet em capitalização de mercado. No entanto, hoje chegou a recuar para US$ 115 mil. Por isso, os investidores estão ansiosos para entender como esses eventos podem influenciar a trajetória da principal criptomoeda do mercado.

A agenda econômica da semana

O foco da agenda está na maior economia do mundo, os EUA, que exercem uma influência dominante no mercado global das melhores criptomoedas. O destaque inicial é a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na terça-feira, 19 de agosto.

O IPC, que mede a inflação ao consumidor, é um indicador crucial para o Federal Reserve (Fed) ao definir sua política monetária. Após meses de inflação moderada, uma leitura acima das expectativas (estimada em 2,8% anual) pode sinalizar pressões inflacionárias. Por outro lado, um número abaixo disso pode reforçar as chances de cortes de taxas, um cenário historicamente favorável ao Bitcoin.

Além disso, na quarta-feira (20/8), o Fed divulgará o Livro Bege, um relatório semestral que detalha as condições econômicas regionais. Esse documento pode oferecer pistas sobre o sentimento do banco central dos EUA em relação ao crescimento e à inflação, influenciando as expectativas de mercado.

Índice manufatureiro e Jackson Hole

Na quinta-feira (21/8), será publicado o índice de atividade manufatureira do Fed de Filadélfia, refletindo a saúde da indústria americana. Um resultado fraco pode reforçar a narrativa de uma economia em desaceleração, aumentando a pressão por estímulos monetários.

Contudo, o ápice da semana deve ocorrer na sexta-feira (22/8), com dois eventos importantes.

O primeiro deles será o relatório de vendas de moradias existentes. Trata-se de um indicador da demanda imobiliária e do poder de compra dos consumidores. Dados fracos podem indicar uma economia em contração, beneficiando ativos como o Bitcoin.

Em seguida, o mundo dos investimentos voltará suas atenções para o noroeste do Wyoming. O presidente do Fed, Jerome Powell, fará seu discurso político mais importante do ano no Simpósio Econômico Anual de Jackson Hole.

Realizada anualmente no Jackson Lake Lodge, no Parque Nacional Grand Teton, essa reunião anual costuma ser um marco crucial no calendário do presidente do Fed. Comentários dovish (favoráveis a cortes de taxas) podem ser um catalisador para um rali no BTC.

Fatores que podem impulsionar o BTC na semana

Vários elementos na agenda podem atuar como gatilhos positivos para o Bitcoin. Em primeiro lugar, um IPC abaixo das expectativas pode fortalecer a probabilidade de um corte de 50 pontos-base em setembro, como sugerido pelo Secretário do Tesouro Scott Bessent.

Cortes de taxas reduzem o custo de empréstimos, injetando liquidez no mercado e aumentando o apetite por ativos de risco como criptomoedas. Após o corte de 2020, o BTC subiu de US$ 10.000 para US$ 60.000 em poucos meses, um precedente que alimenta o otimismo atual.

Além disso, o Livro Bege e o discurso de Powell no simpósio de Jackson Hole podem reforçar a narrativa de uma política monetária frouxa. Se o relatório indicar uma economia enfraquecida e Williams sinalizar cortes de taxas, o dólar americano pode desvalorizar-se, beneficiando o Bitcoin como um hedge.

A correlação inversa entre o dólar e o BTC, observada em 2024, sugere que uma queda no índice DXY (dólar index) pode impulsionar a criptomoeda acima de US$ 125.000.

Finalmente, dados fracos de vendas de moradias e atividade manufatureira podem amplificar a percepção de uma recessão iminente. Desse modo, os investidores buscariam refúgio em ativos alternativos.

O Bitcoin, frequentemente chamado de ‘ouro digital’, pode atrair capital de portfólios tradicionais. Especialmente, se os rendimentos de títulos do Tesouro caírem com as taxas mais baixas.

O que pode derrubar o BTC na semana?

Apesar do potencial de alta, a semana também traz elementos capazes de pressionar o BTC para baixo. Por exemplo, um IPC acima de 3% poderia reacender temores de inflação persistente, levando o Fed a manter ou até aumentar as taxas.

Isso fortaleceria o dólar, reduzindo o apelo de ativos como o Bitcoin e possivelmente desencadeando uma correção para US$ 120.000 ou menos. A volatilidade recente, com quedas de 10% em dias de ajuste, ilustra essa sensibilidade.

O Livro Bege também pode trazer surpresas. Se o relatório indicar uma recuperação econômica inesperada, o mercado pode antecipar uma postura hawkish (favorável a taxas mais altas) do Fed, desencorajando investimentos em criptos.

Da mesma forma, um discurso de Powell com tom cauteloso pode abalar a confiança. Especialmente, se ele enfatizar riscos inflacionários em vez de estímulos.

Contexto de mercado e tendências

O Bitcoin entra na semana em uma posição de força, com uma capitalização de mercado de US$ 2,457 trilhões, superando a Alphabet na semana passada. Esse marco reflete a crescente adoção institucional.

A combinação de liquidez adicional, como a proposta da SEC de incluir criptos em contas de aposentadoria, além do enfraquecimento do dólar, criam um ambiente propício para ganhos.

No entanto, a volatilidade permanece alta. A semana passada viu liquidações de US$ 300 milhões após comentários do Fed, segundo relatórios de mercado. O movimento indica que os investidores reagem a dados econômicos. A resistência técnica em US$ 125.000 e o suporte em US$ 120.000 consistem em níveis críticos a serem monitorados.

Para os investidores, a semana exige cautela e preparação. Acompanhar o IPC na terça-feira será essencial, com foco em desvios das estimativas. O Livro Bege e o discurso de Williams na quinta e sexta-feira podem oferecer clareza sobre o rumo do Fed, guiando decisões de compra ou venda.

O que fazer em meio à volatilidade?

Especialistas sugerem diversificar portfólios, considerando altcoins como Ethereum, que podem se beneficiar de um ‘DeFi Summer’ especulativo, além de usar ordens stop-loss para mitigar riscos. A agenda econômica, com o IPC, o Livro Bege, os dados de manufatura e vendas de moradias nos EUA, assim como o discurso de Powell, pode moldar a semana do BTC.

Portanto, se os indicadores apontarem para uma economia enfraquecida e cortes de taxas, o Bitcoin pode testar novos recordes acima de US$ 125.000. Por outro lado, surpresas inflacionárias ou hawkish podem levar a uma correção.

A ascensão do BTC a US$ 2,457 trilhões e a crescente adoção institucional reforçam seu status como um ativo de referência.

No entanto, a volatilidade e os riscos externos exigem que os investidores fiquem atentos. Esta semana será um teste de resiliência para o Bitcoin, com o mercado global observando cada movimento. Para os mais entusiasmados, é uma oportunidade de consolidar ganhos. Para os cautelosos, trata- se um momento para observar e planejar.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.