Só na última semana, por exemplo, o ETH recebeu mais de US$ 1,8 bilhão em novos aportes, contra apenas US$ 388 milhões no BTC.
Segundo dados da StrategicETHReserve, entidades institucionais e fundos chegaram a controlar 10% de toda a oferta de Ethereum em circulação esta semana.
O Ethereum ganha força no curto prazo, mas pode perder parte de sua essência no longo prazo.
O Ethereum (ETH) tem ganhado protagonismo nos últimos meses com a chegada de fundos negociados em bolsa (ETFs) à vista nos Estados Unidos.
Dados da SoSoValue mostram que, entre julho e agosto, os ETFs de Ethereum superaram os de Bitcoin (BTC) em captação por seis semanas seguidas. Só na última semana, por exemplo, o ETH recebeu mais de US$ 1,8 bilhão em novos aportes, contra apenas US$ 388 milhões no BTC.
Essa disparidade revela uma mudança no apetite institucional. Enquanto os fundos de Bitcoin enfrentaram saídas, os produtos atrelados ao Ethereum mostraram fôlego. Esse comportamento fortaleceu o otimismo no mercado, mas levantou também uma questão fundamental: essa injeção de capital não gera uma centralização de oferta?
Os efeitos positivos dos ETFs
O primeiro ponto a considerar é o impacto direto no preço. De acordo com o CoinGecko, o ETH chegou a subir 7% em apenas uma semana, enquanto o Bitcoin registrou leve queda de 1%. No acumulado mensal, o Ethereum apresentou ganhos próximos a 20%, mostrando maior resiliência em relação ao seu ‘rival’, que acumula queda de 5% no mesmo período.
Os ETFs também trouxeram maior legitimidade ao ativo. Com players como BlackRock, Fidelity e Grayscale oferecendo produtos lastreados em ETH, investidores institucionais encontram segurança para se expor ao mercado.
Nesse sentido, a presença de gigantes de Wall Street ajuda a consolidar o Ethereum como uma das melhores altcoins para alocação em carteiras tradicionais.
Outro fator é a liquidez. Os fundos ampliam o acesso a novos públicos e aumentam o volume de negociação. Essa liquidez, por sua vez, reduz a volatilidade em momentos de alta demanda, tornando o ativo mais atrativo para investidores avessos ao risco.
Além disso, a captação acelerada pode indicar que o ativo já se consolidou como a principal alternativa ao Bitcoin. A adoção crescente em contratos inteligentes, DeFi e NFTs reforça a visão de que o ativo tem fundamentos para sustentar novos ciclos de valorização.
Ethereum está se tornando centralizado?
Por outro lado, o avanço dos ETFs levanta sinais de alerta. Segundo dados da StrategicETHReserve, entidades institucionais e fundos chegaram a controlar 10% de toda a oferta de Ethereum em circulação esta semana.
Apenas os ETFs dos Estados Unidos respondem por 5,6% dessa fatia, o que equivale a mais de US$ 31 bilhões.
Essa concentração vai contra os princípios de descentralização que marcaram o nascimento das criptomoedas. Além do mais, o domínio de grandes corporações financeiras pode gerar distorções no mercado, influenciar decisões de governança e limitar a autonomia da rede.
Outro ponto é a dependência. Se os ETFs concentram boa parte da liquidez, um eventual movimento coordenado de venda poderia derrubar o preço de forma considerável. Isso aumenta o risco sistêmico, especialmente em cenários de aperto monetário ou fuga de capitais.
Vale lembrar que esse cenário não é inédito. O próprio Bitcoin também enfrenta críticas pela concentração de suas reservas em poucas empresas, especialmente ETFs e mineradoras.
Assim, o debate em torno do Ethereum segue a mesma linha, mas com um agravante: tem maior utilidade em contratos inteligentes, tornando-se ainda mais estratégico para o ecossistema web3.
Portanto, o dilema é claro: o Ethereum ganha força no curto prazo, mas pode perder parte de sua essência no longo prazo. A resposta definitiva depende de como o mercado reagirá ao avanço desses fundos e de como a comunidade conseguirá equilibrar adoção em massa com descentralização real.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok