Os ETFs fortalecem o Ethereum ou aumentam sua centralização? 

Na última semana, o ETH recebeu mais de US$ 1,8 bilhão em novos aportes

Flavio Aguilar By Flavio Aguilar Atualizado em 4 mins read
Os ETFs fortalecem o Ethereum ou aumentam sua centralização? 

Resumo da notícia

  • Só na última semana, por exemplo, o ETH recebeu mais de US$ 1,8 bilhão em novos aportes, contra apenas US$ 388 milhões no BTC.
  • Segundo dados da StrategicETHReserve, entidades institucionais e fundos chegaram a controlar 10% de toda a oferta de Ethereum em circulação esta semana.
  • O Ethereum ganha força no curto prazo, mas pode perder parte de sua essência no longo prazo.

O Ethereum (ETH) tem ganhado protagonismo nos últimos meses com a chegada de fundos negociados em bolsa (ETFs) à vista nos Estados Unidos. 

Dados da SoSoValue mostram que, entre julho e agosto, os ETFs de Ethereum superaram os de Bitcoin (BTC) em captação por seis semanas seguidas. Só na última semana, por exemplo, o ETH recebeu mais de US$ 1,8 bilhão em novos aportes, contra apenas US$ 388 milhões no BTC.

Essa disparidade revela uma mudança no apetite institucional. Enquanto os fundos de Bitcoin enfrentaram saídas, os produtos atrelados ao Ethereum mostraram fôlego. Esse comportamento fortaleceu o otimismo no mercado, mas levantou também uma questão fundamental: essa injeção de capital não gera uma centralização de oferta?

Os efeitos positivos dos ETFs 

O primeiro ponto a considerar é o impacto direto no preço. De acordo com o CoinGecko, o ETH chegou a subir 7% em apenas uma semana, enquanto o Bitcoin registrou leve queda de 1%. No acumulado mensal, o Ethereum apresentou ganhos próximos a 20%, mostrando maior resiliência em relação ao seu ‘rival’, que acumula queda de 5% no mesmo período.

Os ETFs também trouxeram maior legitimidade ao ativo. Com players como BlackRock, Fidelity e Grayscale oferecendo produtos lastreados em ETH, investidores institucionais encontram segurança para se expor ao mercado. 

Nesse sentido, a presença de gigantes de Wall Street ajuda a consolidar o Ethereum como uma das melhores altcoins para alocação em carteiras tradicionais.

Outro fator é a liquidez. Os fundos ampliam o acesso a novos públicos e aumentam o volume de negociação. Essa liquidez, por sua vez, reduz a volatilidade em momentos de alta demanda, tornando o ativo mais atrativo para investidores avessos ao risco.

Além disso, a captação acelerada pode indicar que o ativo já se consolidou como a principal alternativa ao Bitcoin. A adoção crescente em contratos inteligentes, DeFi e NFTs reforça a visão de que o ativo tem fundamentos para sustentar novos ciclos de valorização.

Ethereum está se tornando centralizado? 

Por outro lado, o avanço dos ETFs levanta sinais de alerta. Segundo dados da StrategicETHReserve, entidades institucionais e fundos chegaram a controlar 10% de toda a oferta de Ethereum em circulação esta semana.

Apenas os ETFs dos Estados Unidos respondem por 5,6% dessa fatia, o que equivale a mais de US$ 31 bilhões.

Essa concentração vai contra os princípios de descentralização que marcaram o nascimento das criptomoedas. Além do mais, o domínio de grandes corporações financeiras pode gerar distorções no mercado, influenciar decisões de governança e limitar a autonomia da rede.

Outro ponto é a dependência. Se os ETFs concentram boa parte da liquidez, um eventual movimento coordenado de venda poderia derrubar o preço de forma considerável. Isso aumenta o risco sistêmico, especialmente em cenários de aperto monetário ou fuga de capitais.

Vale lembrar que esse cenário não é inédito. O próprio Bitcoin também enfrenta críticas pela concentração de suas reservas em poucas empresas, especialmente ETFs e mineradoras. 

Assim, o debate em torno do Ethereum segue a mesma linha, mas com um agravante: tem maior utilidade em contratos inteligentes, tornando-se ainda mais estratégico para o ecossistema web3.

Portanto, o dilema é claro: o Ethereum ganha força no curto prazo, mas pode perder parte de sua essência no longo prazo. A resposta definitiva depende de como o mercado reagirá ao avanço desses fundos e de como a comunidade conseguirá equilibrar adoção em massa com descentralização real.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Flavio Aguilar

Flavio Aguilar é jornalista e economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua há mais de 15 anos como repórter e editor em jornais e portais de notícias no Brasil. No momento, está cursando o mestrado em estudos literários da Universidade do Porto.