Regulador da UE alerta para riscos em ações tokenizadas

ESMA pede cautela, apontando riscos de liquidez e proteção limitada ao investidor.

Gabriel Gomes By Gabriel Gomes Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 4 mins read
Regulador da UE alerta para riscos em ações tokenizadas

Resumo da notícia

  • ESMA alerta que ações tokenizadas podem confundir investidores por não garantirem direitos de acionistas.
  • Projetos seguem pequenos e ilíquidos, com baixa interoperabilidade entre plataformas.
  • Robinhood, Kraken e Coinbase avançam em ofertas de ações tokenizadas.
  • HYLQ Strategy Corp adota o token HYPE em sua tesouraria, criando novo modelo de integração com cripto.

O avanço das ações tokenizadas vem chamando atenção no mercado financeiro europeu, mas também despertando preocupações.

A Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ESMA) emitiu um alerta nesta segunda-feira, destacando os riscos que esses instrumentos podem trazer aos investidores.

A declaração foi feita por Natasha Cazenave, diretora-executiva da ESMA, durante uma conferência em Dubrovnik, na Croácia.

Segundo ela, apesar de refletirem o valor de ações reais, os tokens que representam papéis de empresas nem sempre concedem os mesmos direitos garantidos pela propriedade direta das ações. Segundo Cazenave:

Esses instrumentos tokenizados podem oferecer acesso contínuo e fracionado, mas geralmente não conferem direitos de acionista.

Quando estruturados como reivindicações sintéticas, e não como propriedade direta, eles criam um risco específico de má compreensão por parte dos investidores e reforçam a necessidade de comunicação clara e salvaguardas.

Ações tokenizadas crescem, mas enfrentam barreiras de liquidez

As ações tokenizadas, normalmente lastreadas em papéis guardados por veículos de propósito específico (SPVs), vêm ganhando espaço. Para muitos, elas servem como forma de democratizar o acesso às melhores ações para investir.

Os defensores argumentam que esse modelo pode reduzir custos de emissão, permitir negociação secundária e viabilizar investimentos fracionados.

A União Europeia, inclusive, já testa soluções de tokenização desde 2019, com iniciativas do Banco Europeu de Investimento e do Ministério das Finanças da Alemanha.

No entanto, Cazenave reconheceu que a escala ainda é limitada. Segundo ela, a maioria dos projetos continua pequena e ilíquida, restrita a emissões privadas e mantidas até o vencimento. Além disso, a falta de interoperabilidade entre plataformas trava a eficiência e reduz a adoção em larga escala.

No mês passado, a Federação Mundial de Bolsas já havia pedido maior rigor regulatório para o setor, lembrando que os investidores não contam com o mesmo nível de proteção jurídica das ações tradicionais.

Reguladores pedem cautela, mas não fecham portas à inovação

Apesar das críticas, a ESMA afirma que não está fechada à inovação. Para Cazenave, a tokenização pode trazer ganhos de transparência, eficiência transfronteiriça e interoperabilidade de mercados, desde que inserida em um arcabouço legal sólido.

Ela citou o regime-piloto de blockchain da União Europeia, que permite testes de produtos tokenizados sob isenções regulatórias, além do regulamento MiCA, como bases para o desenvolvimento de regras mais claras.

Enquanto isso, corretoras e plataformas seguem avançando. A Robinhood lançou ações tokenizadas na União Europeia em junho. Mas já enfrenta questionamentos de empresas cujos papéis estão sendo representados.

No exterior, a Kraken estreou um serviço semelhante, enquanto a Coinbase estuda obter autorização regulatória para lançar produtos equivalentes.

Por enquanto, o recado do regulador europeu é que a tokenização pode, sim, transformar o mercado. Porém, sem as devidas salvaguardas, existe o risco de confundir investidores e enfraquecer as proteções construídas ao longo de décadas nas bolsas tradicionais.

HYLQ Strategy Corp: pioneirismo em tesouraria digital com HYPE

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Enquanto reguladores europeus alertam para os riscos da tokenização de ações tradicionais, algumas companhias estão abrindo caminhos mais ousados dentro do universo cripto.

É o caso da HYLQ Strategy Corp, listada na Canadian Securities Exchange (CSE:HYLQ). Ela se tornou a primeira empresa de capital aberto a adotar o token HYPE, nativo do ecossistema descentralizado Hyperliquid, como pilar de sua tesouraria corporativa.

Além de incorporar o HYPE à sua estratégia de reservas, a empresa substituiu parte do caixa tradicional por um token que se conecta diretamente a uma rede de alta performance em DeFi.

Segundo a HYLQ, em vez de deixar capital estacionado em ativos que perdem valor com o tempo, a companhia busca capturar o crescimento de um protocolo conhecido pela eficiência, velocidade e pela capacidade de atrair liquidez global.

Esse posicionamento cria um precedente importante para o mercado. Mais do que fortalecer sua própria estrutura financeira, a HYLQ abre um canal regulado para que investidores tenham exposição ao Hyperliquid. E o melhor, sem a necessidade de operar diretamente no mercado cripto.

Na prática, isso significa que qualquer pessoa que adquira ações da companhia está, indiretamente, exposta ao potencial de valorização do ecossistema HYPE. Além disso, a decisão reflete um novo modelo de integração entre empresas listadas e ativos digitais.

Diferentemente da tokenização de ações, que muitas vezes replica instrumentos já conhecidos sem grandes inovações, a HYLQ aposta em um modelo de tesouraria nativa da Web3.

Com isso, amplia as possibilidades de diversificação e oferece ao mercado um exemplo prático de como companhias podem se alinhar ao futuro descentralizado das finanças.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Gabriel Gomes

Com formação em TI, Gabriel tem dedicado os últimos anos em redação de conteúdo especializado em criptoativos, Web3 e inovação financeira. Sua intensa curiosidade gera análises, notícias e artigos opinativos sobre o futuro do dinheiro, com foco em projetos relevantes, tecnologias disruptivas e tendências de mercado.