Scilex troca US$ 200 milhões em ações por Bitcoin

Além disso, a Scilex firmou uma parceria com a empresa de infraestrutura em criptoativos Biconomy.com.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 5 mins read
Scilex troca US$ 200 milhões em ações por Bitcoin

Resumo da notícia

  • Scilex vai trocar US$ 200 milhões em ações da Semnur Pharmaceuticals por valor equivalente em Bitcoin.
  • Serão vendidas 12,5 milhões de ações de Semnur a US$ 16 cada.
  • Transação ocorre como oferta privada, sob Seção 4(a)(2) do Securities Act dos EUA, não registrada publicamente.
  • A Scilex firmou parceria com a Biconomy.com para gestão de reservas de cripto, estratégias de tesouraria e implementação futura de criptoativos.

A Scilex Holding Company (NASDAQ: SCLX) anunciou nesta terça-feira (23/09) que vai trocar US$ 200 milhões em ações da sua subsidiária Semnur Pharmaceuticals por US$ 200 milhões em Bitcoin.

A transação envolve 12,5 milhões de ações da Semnur, cotadas a US$ 16 cada, e será feita por meio de uma oferta privada, sob a seção 4(a)(2) do Securities Act dos EUA.

Além disso, a Scilex firmou uma parceria com a empresa de infraestrutura em criptoativos Biconomy.com. O acordo visa o apoio para novas estratégias de tesouraria, reserva de cripto e gestão de Bitcoin como ativo de reserva corporativa.

Essa movimentação representa um passo marcante para a adoção institucional de criptomoedas fora das empresas típicas de tecnologia ou fintechs.

A Scilex é uma companhia do setor farmacêutico, especializada em tratamentos com medicamentos não-opioides para dor aguda e crônica. Portanto, o negócio sinaliza que empresas de saúde, normalmente vistas como conservadoras em seus balanços, estão dispostas a redirecionar parte de seu patrimônio para ativos digitais.

A estrutura do acordo prevê que o comprador institucional adquira as ações da Semnur mantidas pela Scilex, enquanto esta receberá um valor em Bitcoin correspondente a US$ 200 milhões.

A operação está sujeita às condições usuais de fechamento, como garantias, representações, obrigações contratuais e auditorias. A oferta é privada, ou seja, não envolve o registro público de uma oferta de valores mobiliários, o que limita a distribuição e revenda das ações envolvidas.

Por que a Scilex optou pelo Bitcoin

Segundo um comunicado, a decisão de substituir ações por Bitcoin faz parte de uma nova estratégia de tesouraria que busca a diversificação de ativos. Também visa a uma maior proteção contra a inflação do dólar, exposição ao mercado digital e resiliência frente a flutuações macroeconômicas.

A parceria com a Biconomy não é um movimento isolado, mas um plano com gestão profissional para reservas de criptoativos.

Outro elemento importante é o timing. O preço de mercado da Scilex estava próximo de suas máximas nas últimas semanas, o que pode indicar uma maior confiança da empresa na valorização de seus ativos.

Diversas empresas tradicionais estão adotando a tesouraria de Bitcoin e também mirando outras das melhores criptomoedas do mercado.

A liquidez do Bitcoin, sua adoção crescente por empresas e investidores institucionais, bem como a narrativa de valor reserva e hedge contra instabilidade monetária, tornam essa alocação mais compreensível mesmo para setores menos acostumados com volatilidade.

Riscos e desafios

Apesar do movimento estratégico, há riscos claros. O Bitcoin é um ativo de alta volatilidade e pode gerar impacto considerável no balanço caso haja uma desvalorização expressiva.

Empresas que alocam parte de seu patrimônio em criptoativos precisam estar preparadas para oscilações fortes de preço. Além disso, há riscos regulatórios, tanto normativos para criptomoedas quanto obrigações de divulgação financeira nos EUA, especialmente em operações que envolvem ofertas privadas ou holdings que reportam ao mercado.

Outro ponto é que a empresa está trocando ações da Semnur, sua subsidiária, o que reduz sua participação acionária nessa unidade.

Isso pode afetar o controle, influência ou participação nos lucros futuros da empresa, dependendo de como estiver estruturado o contrato.

Também pode haver impacto na percepção dos investidores. Afinal, alguns deles poderão ver essa troca como um abandono de parte do negócio em favor de um ativo financeiro mais especulativo.

Tesourarias corporativas movimentam o setor cripto

A transação reforça a tendência de empresas fora do setor de tecnologia adotarem Bitcoin como parte de suas reservas de tesouraria.

Em comparação com empresas como a Strategy, que há anos adiciona Bitcoin sistematicamente ao seu balanço, a Scilex mostra que o modelo pode se estender a outros setores. Isso pode estimular a concorrência e aumentar o apetite institucional por criptomoedas como hedge, reserva de valor ou alocação estratégica.

Para empresas do setor farmacêutico, o movimento da Scilex também pode gerar o efeito de precedência. Ou seja, outras companhias que tenham boas margens ou reservas em caixa considerarão alocar parte desses recursos em Bitcoin.

Isso ocorreria especialmente em ambientes macro nos quais a inflação ou taxas de juros elevadas corroem ativos denominados em moeda fiduciária.

Reações do mercado

Após o anúncio, as ações da Scilex operaram em alta, refletindo a surpresa e o otimismo com a estratégia da empresa.

No entanto, os analistas estão de olho em diversas implicações. Por exemplo, que impacto a estratégia terá no custo de capital da empresa e no perfil de risco percebido pelos investidores? Além disso, como o mercado reagirá à exposição institucional a um ativo digital com forte volatilidade?

A parceria com a Biconomy.com sugere que a empresa está buscando expertise para estruturar adequadamente essa exposição. Portanto, pode diminuir riscos operacionais e garantir a custódia segura de Bitcoin, com auditorias, reporte contábil e gestão de risco.

Implicações estratégicas de longo prazo

Se a estratégia der certo, isso é, se Scilex conseguir manter seu valor e justificar a troca para seus acionistas, pode fortalecer a narrativa de que Bitcoin não é apenas uma criptomoeda para especuladores.

Além disso, a moeda pode servir como ativo estratégico para empresas que buscam formas de proteção patrimonial e diversificação. Também pressionaria reguladores a ajustar regras para empresas que mantêm reservas de criptomoedas.

Por fim, outro possível efeito é incentivar outras empresas de capital aberto a fazer movimentos parecidos.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.