Truth Social Bitcoin ETF será do tipo spot, com custódia exclusiva feita pela Crypto com.
Yorkville America Digital será patrocinadora e estruturadora do fundo.
Produto pretende alocar até 70% em Bitcoin, 15% em Treasuries e 15% em caixa.
Listagem prevista para a NYSE Arca, dependente da aprovação da SEC.
A Trump Media & Technology Group (TMTG), empresa por trás da rede social Truth Social, protocolou junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) uma emenda para lançar um fundo negociado em bolsa (ETF) de Bitcoin com custódia direta do ativo.
O produto, batizado de Truth Social Bitcoin ETF, busca oferecer aos investidores exposição regulada ao preço do BTC sem a necessidade de adquirir e armazenar criptomoedas por conta própria.
A iniciativa representa mais um movimento estratégico da TMTG para expandir sua atuação além do segmento de mídia e redes sociais, aproveitando o crescente apetite do mercado por ativos digitais e o momento favorável dos ETFs spot nos Estados Unidos.
O que é o ETF da Trump Media
De acordo com o documento enviado à SEC, a custódia do Bitcoin será realizada pela Crypto.com, que também atuará como agente de execução e fornecedora de liquidez. Já a Yorkville America Digital será a patrocinadora do fundo, responsável por sua estruturação e acompanhamento regulatório.
(Imagem: SEC)
A expectativa é de que o ETF seja listado na NYSE Arca, plataforma da Bolsa de Nova York voltada para fundos e produtos estruturados. Embora o ticker oficial ainda não tenha sido confirmado, fontes próximas ao processo indicam que poderá ser algo como B.T., reforçando a associação direta ao Bitcoin.
O ETF será do tipo spot, o que significa que manterá Bitcoin fisicamente na custódia, refletindo seu preço de mercado de forma integral. A proposta também indica a possibilidade de alocar parte dos recursos em títulos do Tesouro dos Estados Unidos e equivalentes de caixa para gestão de liquidez.
Segundo informações preliminares, a estrutura do fundo pode seguir um modelo de 70% em BTC, 15% em Treasuries e 15% em caixa. No entanto, esses percentuais ainda dependem da versão final do prospecto e da aprovação regulatória.
A diversificação, comum em alguns fundos internacionais, busca equilibrar exposição e estabilidade. Em muitos casos, as estratégias podem incluir uma cesta com outras criptomoedas promissoras.
SEC ainda precisa aprovar o fundo
O protocolo da emenda ao Form S-1 marca um avanço no processo. Mas ainda há etapas críticas antes que o Truth Social Bitcoin ETF possa ser negociado.
A SEC precisará declarar o registro efetivo e aprovar o Form 19b-4, necessário para a listagem do produto na bolsa. Até lá, o projeto permanece em fase de avaliação. Também está sujeito a alterações solicitadas pelo órgão regulador.
Apesar de a SEC ter aprovado 11 ETFs spot de Bitcoin em janeiro de 2024, cada novo pedido passa por análise individual. Ou seja, não há garantia de aprovação automática.
A entrada da TMTG nesse mercado se soma a outros movimentos recentes da empresa no setor. Antes mesmo de anunciar o ETF, a companhia já havia captado US$ 2,5 bilhões para formar reservas de Bitcoin. Além disso, recebeu um aporte de US$ 100 milhões da DRW Investments.
Esses recursos reforçam a estratégia de longo prazo de posicionar a Truth Social não apenas como uma plataforma de mídia, mas também como um ecossistema que inclui produtos de investimento e serviços financeiros relacionados a criptoativos.
Trump vem sendo acusado de conflito de interesse
Para o mercado, a proposta do Truth Social Bitcoin ETF traz algumas particularidades. Por exemplo, o uso da marca associada a Donald Trump e sua base política podem gerar um efeito de marketing diferenciado. Ou seja, são capazes de atrair investidores que veem no presidente uma figura de confiança para promover ativos digitais.
Desde o início de seu mandato, Trump nomeou reguladores mais alinhados ao setor e reduziu barreiras regulatórias, incluindo mudanças na atuação da própria SEC. Recentemente, o presidente americano também falou em penalizar bancos que ‘discriminarem’ criptoativos.
Essa atuação tem levantado debates sobre potenciais conflitos de interesse. Afinal, a atual administração se mostra amplamente favorável à indústria cripto ao mesmo tempo em que o presidente lucra com negócios nesse setor.
Analistas apontam que o sucesso do ETF dependerá não apenas da aprovação da SEC, mas também da capacidade de se diferenciar dos produtos já existentes.
Atualmente, fundos como o iShares Bitcoin Trust (IBIT) da BlackRock e o Wise Origin Bitcoin Trust (FBTC) da Fidelity dominam o mercado de ETFs spot, movimentando bilhões em ativos sob gestão.
Custódia da Crypto.com pode ser elemento-chave
O desafio da Truth Social será conquistar uma participação relevante nesse cenário competitivo, possivelmente explorando sua audiência já consolidada na rede social e associando o fundo a uma narrativa política e cultural forte.
Outro ponto relevante é a escolha da Crypto.com como custodiante exclusivo. A exchange, que passou por um período de ajustes após o colapso de empresas como FTX e Celsius, vem reforçando suas práticas de segurança e transparência.
A parceria com a TMTG pode servir como vitrine para demonstrar a robustez de sua infraestrutura de custódia institucional. Especialmente, levando em conta que esse produto em particular estará sob constante escrutínio regulatório e midiático.
No cenário macro, a aprovação de mais um ETF spot de Bitcoin pode impulsionar a demanda institucional pelo ativo. Desde o lançamento dos primeiros fundos desse tipo nos EUA, em janeiro de 2024, o mercado observou entradas bilionárias e um aumento significativo na liquidez.
Esses produtos oferecem uma porta de entrada segura e regulada para investidores que antes evitavam a exposição direta a criptomoedas por preocupações com custódia, compliance e volatilidade.
Ambiente favorável nos EUA
Se o Truth Social Bitcoin ETF conseguir captar parte desse fluxo, poderá se consolidar como uma opção relevante no portfólio de investidores americanos e internacionais.
Além disso, qualquer mudança na postura regulatória dos Estados Unidos, especialmente se houver uma alteração de cenário político ou econômico, pode afetar o apetite dos investidores por produtos cripto.
Por outro lado, se o ambiente regulatório permanecer favorável, a tendência é que novos ETFs spot sejam aprovados e que o mercado se amplie.
O lançamento desse ETF também pode reforçar o posicionamento de Donald Trump como defensor público do Bitcoin e dos criptoativos. Durante a campanha e já no governo, o presidente expressou apoio à adoção de criptomoedas. Ele menciona o potencial do setor para gerar inovação e independência financeira.
Ao vincular sua plataforma de mídia a um produto financeiro de grande visibilidade, Trump não apenas fortalece a marca Truth Social. Também consolida sua imagem junto a um público que vê no Bitcoin uma forma de resistência ao sistema financeiro tradicional.
Se aprovado, o Truth Social Bitcoin ETF poderá se tornar um caso singular de interseção entre política, mídia e finanças.
Trump Media forte no mercado?
Ao unir a força de uma base engajada, infraestrutura de custódia reconhecida e a credibilidade de um produto regulado, a Trump Media aposta em capturar um segmento de mercado que vai além dos investidores tradicionais de ETFs. É uma estratégia de alto risco e potencial alto retorno, que pode redefinir o papel de empresas de mídia no mercado financeiro global.
Enquanto a SEC avalia a proposta, o mercado acompanha de perto cada atualização. A decisão sobre o ETF não será apenas um veredito sobre um produto específico. Mas também um termômetro para medir até onde o ambiente regulatório americano está disposto a avançar na integração entre criptoativos e o sistema financeiro tradicional.
Portanto, para a Truth Social e a Trump Media, é a oportunidade de consolidar uma narrativa de inovação e protagonismo no setor de ativos digitais. Para o mercado, é mais um capítulo na corrida por participação no que pode se tornar um dos segmentos mais lucrativos da indústria financeira na próxima década.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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