Venus Protocol propõe votação de emergência após hack de US$ 27 milhões
O ataque de phishing desencadeou uma votação de emergência para recuperar os fundos, testando a resiliência da comunidade DeFi em um mercado em alerta.
Um usuário da Venus Protocol perdeu US$ 27 milhões em criptoativos devido a um ataque de phishing.
A Venus propôs uma votação no Snapshot para liquidar a posição do atacante e recuperar os fundos, com prazo de 1 hora.
O protocolo foi pausado imediatamente, bloqueando os ativos roubados, com plano de revisão de segurança em 24 horas.
O ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) sofreu mais um ataque hacker, especificamente de phishing, nesta terça-feira (2/9). O ataque de phishing devastador drenou cerca de US$ 27 milhões em criptoativos de um usuário da Venus Protocol. Essa é uma das principais plataformas de empréstimo descentralizado na blockchain BNB Chain.
Segundo o perfil PeckShieldAlert, do X, a Venus Protocol respondeu rapidamente. O protocolo propôs uma votação de emergência para forçar a liquidação da posição do atacante e recuperar os fundos roubados.
Com um prazo crítico de uma hora para a votação no Snapshot, o incidente expõs vulnerabilidades persistentes em DeFi. Desse modo, mobilizou a comunidade para proteger o protocolo e seus usuários em um mercado de US$ 288 bilhões, conforme estimativas globais de stablecoins e ativos digitais.
O começo do ataque à Venus
O ataque, identificado quase imediatamente após sua execução, envolveu um usuário que, sem saber, aprovou uma transação maliciosa. A transação concedeu permissão ao endereço do atacante (0x7fd8…202a) para transferir ativos da carteira da vítima.
De acordo com o site da Venus Protocol, o protocolo foi pausado como medida de segurança, bloqueando os US$ 27 milhões roubados na carteira do hacker. A proposta de emergência, detalhada em uma página de votação, delineou um plano em três etapas.
A primeira foi restaurar parcialmente o protocolo, em até 5 horas. Em seguida, foi necessário liquidar forçadamente a posição do atacante, em até 7 horas. Por fim, recomendou-se realizar uma revisão de segurança completa em até 24 horas.
Portanto, a resposta ágil acalmou os usuários do protocolo, refletindo o compromisso da Venus de proteger sua comunidade. Mas também destacou os desafios de segurança em um setor onde os ativos são gerenciados por código e confiança.
Resposta incluiu a restauração parcial do protocolo
Phishing é uma tática comum em que os atacantes enganam usuários para aprovar transações maliciosas e roubar as melhores criptomoedas do mercado. Neste caso, explorou uma vulnerabilidade no processo de aprovação de tokens da vítima.
Dados da PeckShield sobre o hack indicam que o endereço 0x7fd8…202a, identificado como o beneficiário do ataque, agora detém os US$ 27 milhões em ativos. Isso inclui uma mistura de BNB, stablecoins como USDT e USDC, e outros tokens suportados pela Venus.
A pausa imediata do protocolo, anunciada pela equipe em um comunicado no site e no X, evitou perdas adicionais. Mas deixou os fundos travados, exigindo uma ação coordenada para sua recuperação.
A votação de emergência, que requeria um quórum de 0,0208%, encerrou no dia 2 de setembro, um prazo apertado que testa a mobilização da comunidade.
O plano proposto pela Venus inclui a restauração parcial do protocolo para permitir que usuários ajustem posições e evitem liquidações, seguida pela liquidação forçada da carteira do atacante.
Essa medida, executada com uma transação de guardião, visa recuperar os fundos sem afetar outras posições no protocolo.
Além disso, a revisão de segurança subsequente envolveu uma análise completa dos contratos inteligentes para prevenir ataques futuros.
A equipe enfatizou que o protocolo em si permaneceu intacto, com o incidente limitado a uma falha de usuário. Mas a rapidez da resposta recebeu elogios. Afinal, foi um exemplo de governança descentralizada eficaz, ainda que sob pressão.
Impacto sobre o ecossistema DeFi
O ataque de US$ 27 milhões é um dos maiores registrados em 2025, superando incidentes como o hack de US$ 13,5 milhões na Venus em setembro de 2024, conforme o The Block.
O valor representa cerca de 0,01% do mercado global de DeFi, que movimenta US$ 288 bilhões, segundo dados da DefiLlama. Mas seu impacto simbólico é significativo.
A BNB Chain, que hospeda a Venus, viu seu volume diário de transações cair 15% em apenas 24 horas, refletindo a cautela dos investidores.
Já o preço do token Venus (XVS) caiu 8% para US$ 6,92. Enquanto isso, o Bitcoin (BTC) e o Ether (ETH) permaneceram relativamente estáveis em US$ 108.200 e US$ 4.500, respectivamente. Portanto, os efeitos não extrapolaram o ecossistema específico.
A pausa da Venus também afetou os detentores de posições alavancadas, com liquidações totais na plataforma atingindo US$ 1,2 milhão em poucas horas, segundo o CoinGlass.
Portanto, incluiu perdas de usuários que não conseguiram ajustar suas posições a tempo, amplificando o impacto econômico.
Apesar disso, a proposta de recuperação foi recebida com otimismo, com analistas da Chainalysis sugerindo que a liquidação forçada pode restaurar até 90% dos fundos, dependendo da eficiência da execução.
O incidente reforça a necessidade de educação sobre segurança em DeFi. Afinal, os usuários são responsáveis por proteger suas chaves privadas e aprovações de tokens.
Vulnerabilidades em DeFi
A popularidade da Venus, que oferece taxas de juros competitivas e suporte a mais de 30 ativos, atrai milhões de usuários, mas também criminosos que exploram falhas humanas.
Os ataques de phishing, responsáveis por 40% dos roubos de cripto em 2024, segundo o CipherTrace, dependem de e-mails falsos, sites clonados ou contratos maliciosos que enganam usuários para aprovar transações. No caso da Venus, a vítima aparentemente clicou em um link fraudulento, concedendo acesso irrestrito ao atacante.
A pausa do protocolo, embora eficaz para conter o dano, expõe uma limitação inerente ao modelo DeFi: a dependência de respostas manuais em emergências.
Diferentemente de bancos tradicionais com sistemas de segurança centralizados, a Venus opera sob governança comunitária, o que exige votações rápidas como a atual. Essa estrutura, enquanto democrática, pode ser lenta em crises, como observado em hacks anteriores, como o de US$ 600 milhões na Poly Network em 2021.
A revisão de segurança planejada pela Venus pode incluir a implementação de ‘time locks’ ou limites de aprovação. Mas a eficácia dependerá da adesão da comunidade.
Controvérsias e reações da comunidade
A resposta da Venus foi amplamente elogiada, mas não isenta de críticas. Alguns usuários no X questionaram por que o protocolo não implementou alertas de aprovação em tempo real, sugerindo que a responsabilidade recai parcialmente sobre a governança.
Outros apontaram que o atacante pode ter explorado uma falha conhecida no padrão ERC-20, usado pela BNB Chain, levantando debates sobre a compatibilidade dos contratos.
A proposta de liquidação forçada também gerou controvérsia, com preocupações de que possa estabelecer um precedente para intervenções centralizadas em DeFi.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this site we will assume that you are happy with it.Ok