Winklevoss doam US$ 21 milhões em Bitcoin para PAC pró-cripto nos EUA

A iniciativa pretende avançar um ‘Bitcoin Bill of Rights’, defender o direito à autocustódia e combater a emissão de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs).

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 6 mins read
Winklevoss doam US$ 21 milhões em Bitcoin para PAC pró-cripto nos EUA

Resumo da notícia

  • Os irmãos Winklevoss doaram 188 BTC (US$ 21 milhões) para o Digital Freedom Fund PAC.
  • O fundo apoiará candidatos pró-Bitcoin e impulsionará uma 'Carta de Direitos do Bitcoin'.
  • A iniciativa visa reforçar o direito à autocustódia e barrar CBDCs nos EUA.
  • Movimento coloca o lobby pró-cripto em novo patamar político em Washington.

Os gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss, fundadores da exchange Gemini e figuras históricas do ecossistema cripto, anunciaram a doação de 188 BTC, equivalentes a cerca de US$ 21 milhões, ao Digital Freedom Fund PAC.

O objetivo do comitê de ação política é apoiar candidatos pró-Bitcoin e pautas que reforcem direitos digitais nos Estados Unidos. O movimento é visto por analistas como um divisor de águas na luta política que envolve o futuro das criptomoedas no país.

O objetivo do PAC

A criação da Digital Freedom Fund PAC pode dar musculatura à presença de líderes pró-cripto no congresso americano e nas assembleias estaduais. A regulação nos EUA está cada vez mais favorável para que as melhores criptomoedas prevaleçam no mercado.

Segundo seus organizadores, o comitê pretende financiar campanhas eleitorais de candidatos que defendem o Bitcoin como instrumento de liberdade econômica.

Além disso, busca pautar o que chamam de ‘Bitcoin Bill of Rights’, uma carta de direitos que garantiria liberdades como o direito à autocustódia. Ou seja, defende a liberdade de transacionar peer-to-peer e a resistência a medidas de censura financeira.

Outro ponto central da agenda do PAC é a oposição explícita às moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Os irmãos Winklevoss se alinham a uma crescente ala política e empresarial que vê nos projetos de CBDCs riscos à privacidade dos cidadãos e à soberania financeira individual.

Contexto político

A doação ocorre em um momento de forte polarização regulatória nos EUA. De um lado, órgãos como a SEC e a CFTC travam batalhas jurídicas sobre a classificação de criptoativos.

De outro, cresce o lobby legislativo para aprovar leis federais que garantam clareza regulatória e consolidem os EUA como ‘capital cripto do mundo’.

Para o analistas, a doação representa um salto qualitativo no jogo político. Os US$ 21 milhões em poder de fogo permitem que os players pró-Bitcoin deixem de ser apenas barulho e passem a impulsionar políticas reais.

Há quem defenda que os recursos podem turbinar campanhas de candidatos comprometidos com a liberdade de autocustódia, fortalecer o lobby contra CBDCs e gerar uma onda de engajamento varejista em torno da pauta cripto.

O histórico dos Winklevoss

Conhecidos desde os anos 2000 pelo embate judicial com Mark Zuckerberg em torno da criação do Facebook, Tyler e Cameron Winklevoss consolidaram seu nome no setor cripto ao fundarem a exchange Gemini em 2014.

Desde então, tornaram-se defensores abertos do Bitcoin como ‘ouro digital’ e investiram fortemente em ativos digitais, infraestrutura blockchain e custódia institucional.

Ao longo da última década, os irmãos protagonizaram também diversos debates sobre regulação. Por exemplo, foram pioneiros em solicitar à SEC a aprovação de um ETF de Bitcoin, embora tenham enfrentado sucessivas negativas.

Agora, ao direcionarem recursos diretamente para a arena política, eles ampliam sua influência em uma fase em que o setor busca a integração definitiva ao sistema financeiro tradicional.

Impactos esperados

O efeito imediato da doação é simbólico: ela mostra que bilionários do setor estão dispostos a entrar no jogo político de maneira aberta e transparente, em vez de apenas apoiar discretamente candidaturas.

Já no médio prazo, os recursos devem ser aplicados em campanhas nas eleições de meio de mandato e na corrida presidencial de 2026.

Entre as pautas que podem ganhar tração com a força do Digital Freedom Fund PAC, estão:

  • Leis que garantam o direito irrestrito à autocustódia de Bitcoin por pessoas físicas;
  • Restrições legais ao desenvolvimento ou emissão de CBDCs pelo Federal Reserve;
  • Incentivos fiscais para mineração e infraestrutura blockchain em território americano;
  • Maior clareza regulatória sobre o enquadramento de tokens e exchanges.

Segundo analistas de Washington, os US$ 21 milhões iniciais podem ser apenas a ponta do iceberg. Caso o PAC consiga agregar mais doadores do setor, pode se transformar em uma das frentes mais poderosas do lobby pró-cripto em Capitol Hill.

Críticas e reações

Como esperado, a iniciativa não passou incólume às críticas. Grupos ligados à defesa do dólar forte e think tanks pró-regulação mais rígida acusam os Winklevoss de tentar comprar influência política para enfraquecer o papel do Estado na supervisão financeira.

Outros alertaram que a luta contra as CBDCs pode ser interpretada como um entrave a políticas monetárias mais modernas.

Apesar disso, o movimento ecoa entre uma base crescente de eleitores que enxergam nas criptomoedas um vetor de liberdade individual e resistência à vigilância governamental. Nas redes sociais, o anúncio da doação foi celebrado por influenciadores cripto como um ‘all-in político’ em defesa do Bitcoin.

Paralelo internacional

O passo dado pelos Winklevoss também insere os EUA em uma disputa global.

Enquanto países como China, Nigéria e Índia avançam em projetos de moedas digitais estatais, o fortalecimento de um movimento político anti-CBDC nos EUA pode reforçar a ideia de que o país pretende se diferenciar como bastião da inovação privada e da descentralização financeira.

Além disso, o exemplo pode estimular iniciativas semelhantes em outras democracias ocidentais, onde partidos e candidatos buscam cada vez mais financiamento em setores emergentes, como os de criptos e inteligência artificial.

O que vem a seguir

O Digital Freedom Fund PAC ainda está em fase inicial de organização. No entanto, já indicou que atuará agressivamente no ciclo eleitoral de 2026.

O comitê deve se concentrar em estados-chave, como Wyoming, Texas e Flórida.  Afinal, são regiões onde a adoção cripto é maior e onde legisladores já apresentaram propostas inovadoras em relação à blockchain.

Para os Winklevoss, a estratégia parece ser clara: fazer dos EUA a capital mundial das criptomoedas. Se terão sucesso ou não, dependerá da aceitação de suas ideias por um eleitorado cada vez mais dividido entre entusiasmo tecnológico e cautela regulatória.

A doação de 188 BTC ao Digital Freedom Fund PAC marca uma escalada sem precedentes na relação entre criptomoedas e política nos Estados Unidos.

Portanto, com US$ 21 milhões em caixa, os irmãos Winklevoss colocam o lobby pró-Bitcoin em outro patamar, prometendo pautar debates sobre autocustódia, liberdades digitais e resistência às moedas digitais estatais.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.