Africa Bitcoin Corp é primeira tesouraria de BTC listada em bolsa na África
A Altvest Capital, agora rebatizada como Africa Bitcoin Corp, anunciou que pretende levantar US$ 210 milhões para comprar Bitcoin e transformá-lo em seu principal ativo de tesouraria.
Altvest Capital passa a se chamar Africa Bitcoin Corp e anuncia compra de US$ 210 milhões em BTC.
Empresa se torna a primeira listada em bolsa na África a adotar Bitcoin como reserva de tesouraria.
Proposta oferece exposição regulada ao BTC para fundos de pensão, trusts e investidores institucionais.
Estratégia segue exemplos da Strategy (EUA) e Metaplanet (Japão).
África registrou crescimento de 52% na adoção cripto entre 2024 e 2025.
A Altvest Capital Ltd., uma empresa listada na Bolsa de Joanesburgo (JSE) com valor de mercado modesto de cerca de 52,8 milhões de rands (em torno de US$ 3 milhões) anunciou um movimento pioneiro na região. Afinal, ela passou a se chamar Africa Bitcoin Corp e agora pretende levantar US$ 210 milhões para comprar Bitcoin. O objetivo é ter uma tesouraria de BTC como a Strategy e outras empresas de destaque.
Com isso, a Africa Bitcoin Corp torna-se a primeira companhia listada em bolsa na África a adotar o BTC como reserva estratégica.
Segundo o CEO Warren Wheatley, a proposta é democratizar o acesso institucional ao Bitcoin. Afinal, muitos fundos de pensão, trusts e veículos de investimento regulados no continente não podem, pelas regras atuais, comprar BTC diretamente.
Com a Africa Bitcoin Corp, investidores poderão ter exposição ao ativo por meio de ações, dentro de uma estrutura regulada de mercado de capitais. Portanto, trata-se de uma ponte entre o mercado tradicional e o universo cripto, mas adaptada à realidade africana.
O CEO afirma ser maximalista. Ou seja, acredita na tese do Bitcoin de forma fundamentalista:
É diferente de possuir o ativo em si, que é quando você realmente tem Bitcoin. E queremos dizer a todos: se você quer ter Bitcoin, vá lá e compre Bitcoin, tire-o da exchange e guarde em uma cold wallet. Eu sou um maximalista de Bitcoin. Queremos que vocês continuem fazendo isso.
Um marco para a África e para o Bitcoin
A decisão é simbólica, histórica e impulsiona uma das melhores criptomoedas dentro da narrativa de tesouraria. O continente africano se tornou um ponto de crescimento acelerado para criptos, com um aumento de 52% na adoção entre 2024 e 2025, segundo a Chainalysis.
Países como Nigéria, Quênia, Etiópia e Gana figuram entre os maiores mercados de cripto do mundo em termos de adoção popular, sobretudo em soluções peer-to-peer e stablecoins. No entanto, até agora, a presença institucional era tímida.
Com o anúncio da Africa Bitcoin Corp, abre-se a porta para que o ecossistema cripto saia da esfera informal e entre no coração dos mercados de capitais africanos.
A iniciativa também pretende se expandir além da África do Sul. A empresa já revelou planos para listar suas ações em outras bolsas do continente, incluindo Botsuana, Namíbia e Quênia, e até em mercados internacionais.
Essa estratégia ampliaria o alcance da proposta, oferecendo um canal regulado de acesso ao Bitcoin para investidores institucionais de diferentes jurisdições.
Bitcoin como ouro digital em mercados emergentes
A lógica da Africa Bitcoin Corp é clara. Em mercados emergentes, frequentemente expostos à inflação elevada, à desvalorização cambial e à instabilidade política, o Bitcoin funciona como ativo de proteção e reserva de valor, semelhante ao ouro.
Ao adotar o BTC como tesouraria, a empresa busca não apenas valorizar seu balanço patrimonial, mas também capturar a narrativa de escassez e independência que o Bitcoin representa.
Esse movimento ecoa a estratégia de Michael Saylor, da Strategy, que desde 2020 vem transformando seu negócio em uma espécie de ETF de Bitcoin disfarçado como empresa de software.
Assim como a Metaplanet, no Japão, e mais recentemente a SharpLink Gaming, nos EUA, a Africa Bitcoin Corp se junta ao seleto grupo de companhias que fizeram do BTC a peça central de sua estratégia financeira.
Os riscos da aposta
Apesar do entusiasmo, não se trata de um movimento livre de riscos. O primeiro é a própria volatilidade do Bitcoin, capaz de provocar variações bruscas de valor na tesouraria e, por consequência, no preço das ações.
Outro ponto é a desproporção entre o tamanho atual da empresa e o capital que se pretende captar. Afinal, US$ 210 milhões são quase 70 vezes mais do que o valor de mercado da Altvest no momento do anúncio.
Convencer investidores a embarcar nessa jornada exigirá credibilidade, execução impecável e clareza regulatória.
Além disso, embora a África do Sul tenha avançado em suas leis para o setor, com a Financial Sector Conduct Authority (FSCA) reconhecendo prestadores de serviços de cripto, a regulamentação ainda está em evolução.
A Africa Bitcoin Corp montou uma estrutura via subsidiária, a Altvest Bitcoin Strategies Pty Ltd., em parceria com a CAEP Asset Managers, para reforçar sua governança e compliance. Mas o desafio é transformar essas bases em um modelo de operação estável que resista ao escrutínio do mercado e das autoridades.
Impactos para o mercado africano e global
Se o plano for bem-sucedido, as repercussões podem ser profundas. Primeiramente, abre-se um precedente para outras empresas africanas listadas seguirem o mesmo caminho, seja em setores financeiros, de energia ou de tecnologia.
Em um continente onde as moedas locais sofrem com instabilidade crônica, a narrativa de diversificação em Bitcoin pode se tornar altamente atraente.
Em segundo lugar, o movimento pode acelerar a pressão regulatória positiva. Ou seja, pressionaria autoridades a criarem estruturas mais claras para custodiar, divulgar e tributar ativos digitais em empresas públicas. Isso, por sua vez, pode trazer mais segurança para investidores e estimular novas ondas de capital institucional.
Por fim, no cenário global, a Africa Bitcoin Corp adiciona uma peça ao mosaico de adoção corporativa do BTC. Empresas de diferentes continentes estão começando a convergir em torno de uma mesma estratégia: usar o Bitcoin como proteção contra inflação, diversificação patrimonial e símbolo de inovação.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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