Vanguard avalia liberar ETFs de criptomoedas em sua plataforma de corretagem nos EUA.
Empresa historicamente se manteve distante do setor, citando volatilidade e perfil especulativo.
Mudança ocorre em meio a ambiente regulatório mais favorável após novas diretrizes da SEC.
Ex-executivo da BlackRock, Salim Ramji, lidera a possível guinada estratégica.
Com US$ 10 trilhões em ativos sob gestão, impacto pode ser significativo para o mercado cripto.
A gigante de gestão de ativos Vanguard estaria prestes a romper um de seus maiores tabus. Após anos de resistência, a gestora irá finalmente permitir que clientes de sua corretora nos Estados Unidos acessem ETFs de Bitcoin e outras criptomoedas.
Fontes anônimas informaram ao site Crypto In America que a empresa já iniciou estudos internos e conversas externas para incorporar seleções de ETFs cripto de terceiros à sua plataforma de brokerage.
Vanguard é conhecida por resistência a criptos
A movimentação marca uma guinada estratégica da empresa, que até recentemente se mantinha distante do universo digital por cautela regulatória e preocupação com a volatilidade dos ativos cripto.
Historicamente, a Vanguard tem sido associada a uma abordagem conservadora, evitando que seus usuários participem diretamente de bolsas de criptomoedas ou produtos relacionados, como ETFs.
Em 2024, por exemplo, quando os ETFs de Bitcoin foram aprovados nos EUA, a empresa optou por não oferecer esse tipo de exposição aos seus clientes. Afinal, alegou que criptos eram ativos especulativos demais para o perfil de longo prazo que costuma defender.
Agora, esse posicionamento parece estar sendo revisado. No entanto, ainda não há confirmação pública nem cronograma oficial para essa possível mudança.
Fontes relatam que a Vanguard não pretende lançar seus próprios produtos cripto, ao menos por enquanto. Por outro lado, poderia oferecer acesso a ETFs já existentes das melhores criptomoedas, desde que atendam a critérios de compliance e regulamentação rigorosa.
A estratégia reduziria riscos de custódia e compliance para a Vanguard, ao mesmo tempo em que responderia à pressão de clientes que buscam exposição diversificada em ativos digitais.
Por que agora?
Parte do impulso para essa reavaliação é atribuída ao ambiente regulatório americano, que está mais favorável a criptoativos em 2025.
Em setembro, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) aprovou novas diretrizes genéricas para listagem de ETFs de Bitcoin e outras moedas. Além disso, reduziu o prazo de análise de até 270 dias para cerca de 75 dias para produtos que cumpram requisitos padrão.
Isso estimulou uma onda de novas inscrições de ETFs por diferentes gestoras, gerando um cenário mais competitivo e convidativo para que players como a Vanguard repensem sua postura.
Além disso, entre os fatores internos, destaca-se a chegada de Salim Ramji, ex-executivo da BlackRock, ao comando da Vanguard. Ramji esteve envolvido no lançamento do Bitcoin ETF da BlackRock e entende bem os desafios regulatórios e estratégicos desse mercado.
Sua liderança é apontada como peça-chave para essa transição da empresa, sem abrir mão da reputação de estabilidade que a Vanguard carrega.
Implicações e desafios
Se a Vanguard de fato permitir que clientes acessem ETFs de Bitcoin e outras moedas em sua plataforma de corretagem, o impacto pode ser profundo. Afinal, esse ainda é um dos maiores tabus do mercado.
Com cerca de US$ 10 trilhões em ativos sob gestão, segundo dados recentes, mesmo uma pequena migração de usuários da gestora para produtos cripto pode movimentar quantias relevantes.
Para o mercado de criptomoedas, esse movimento adicionaria legitimidade institucional ao setor. Os ETFs são vistos como um canal mais seguro e regulado de acesso. Portanto, se grandes plataformas como a Vanguard adotarem esse modelo, o apelo para investidores conservadores pode aumentar.
Próximos passos da Vanguard
Não houve confirmação oficial da Vanguard até o momento, mas os indícios são fortes. O rumor já circula nos meios especializados e ganhou força diante das mudanças regulatórias nos EUA. Resta saber quando a empresa irá formalizar, e com que escopo, esse novo capítulo.
Contudo, os desafios são consideráveis. Em primeiro lugar, é preciso saber quais ETFs a gestora ofertará.
Além disso, a Vanguard terá de equilibrar conformidade regulatória com a eficiência operacional para integrar negociações cripto em sua infraestrutura de corretagem, sem comprometer os padrões de segurança que seus clientes esperam.
Finalmente, haverá a pressão de corresponder às expectativas de retorno em um ambiente historicamente de alta volatilidade.
Do ponto de vista regulatório, permitir produtos cripto dentro de uma corretora tradicional implica em conformidade reforçada com normas da SEC, da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) e outros órgãos que regulam papéis financeiros nos EUA. A interseção entre mercados cripto e regulamentos de valores mobiliários permanece complexa e sujeita a disputas jurídicas.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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