‘Latam pode liderar tesouraria em BTC’, diz CEO da OranjeBTC

Gomes também comparou a experiência da região com a de El Salvador, primeiro país do mundo a adotar o ativo digital como moeda de curso legal.

Leonardo Cavalcanti By Leonardo Cavalcanti Atualizado em 5 mins read
‘Latam pode liderar tesouraria em BTC’, diz CEO da OranjeBTC

Resumo da notícia

  • Guilherme Gomes, CEO da OranjeBTC, defende o uso de Bitcoin como ativo de tesouraria corporativa.
  • Os principais desafios são falta de conhecimento e clareza regulatória.
  • Gomes afirma que o Brasil e a América Latina estão em posição privilegiada devido à experiência com inflação e desvalorização cambial.
  • O executivo cita El Salvador como exemplo de adoção nacional bem-sucedida.
  • Defende que uma grande economia como o Brasil poderia ter impacto global ao adotar Bitcoin de forma estrutural.

O Brasil e outros países da América Latina têm potencial para liderar uma transformação global na forma como empresas estruturam suas tesourarias, adotando o BTC como ativo estratégico de reserva.

A afirmação aconteceu durante o OranjeBTC Summit 2025, realizado nesta quinta-feira (6/11) em São Paulo, o CEO da OranjeBTC, Guilherme Gomes.

Assim, para Gomes, a adoção corporativa do Bitcoin ainda está em estágio inicial no mundo e enfrenta desafios estruturais, especialmente no Brasil.

‘Acho que o primeiro ponto é sempre o conhecimento. Ainda é algo novo o Bitcoin, e mais novo ainda é o conceito de você usar o Bitcoin como reserva de ativo. Hoje, existem cerca de 190 empresas no mundo que fazem isso, e no Brasil temos apenas duas. Parece que o Itaú anunciou recentemente uma reserva em cripto, mas ainda estamos no começo’, disse o executivo.

OranjeBTC foca em educação sobre tesouraria em BTC

A OranjeBTC, que se apresenta como uma das primeiras empresas gestão de tesouraria em Bitcoin, busca justamente educar o mercado sobre as vantagens de incluir o ativo nas reservas corporativas.

Segundo Gomes, a estratégia é uma forma de proteção contra a inflação e a desvalorização cambial, unindo melhores criptomoedas e mercado financeiro tradicional.

‘O brasileiro, e o latino-americano em geral, viveu diversos tipos de moedas nas últimas décadas. Já viu uma moeda se desvalorizar por completo, como aconteceu recentemente na Argentina. Aqui, estamos acostumados com inflação de dois ou três dígitos e com o impacto direto do dólar nas nossas vidas’, afirmou ele.

Essa vivência, segundo o CEO da empresa, coloca a região em vantagem em relação a países desenvolvidos quando o assunto é adoção de um padrão monetário descentralizado.

‘Empresários que vivem em economias instáveis estão muito mais abertos a entender o que seria um padrão descentralizado de moedas, representado pelo Bitcoin. Vejo um potencial gigantesco na região e acredito que a América Latina tem tudo para liderar esse movimento’, disse Gomes.

Entre os fatores que ainda limitam essa adoção no Brasil, ele cita a falta de clareza regulatória e o alto grau de complexidade das normas aplicáveis a instituições financeiras.

‘O segundo obstáculo é a regulamentação. O Banco Central tem proposto diretrizes sobre quanto as instituições podem manter em cripto, especialmente para instituições de pagamento e fintechs. Empresas comuns não enfrentam tantas restrições, mas, no caso do setor financeiro, maior clareza é fundamental’, afirmou o executivo em nota.

Regulamentação tende a evoluir a favor da inovação

O executivo destacou que, apesar dos desafios, a regulamentação pode evoluir a favor da inovação, desde que exista diálogo entre empresas e autoridades.

‘As empresas precisam entender o que podem fazer dentro do que está estabelecido e participar da construção dessas regras. O Brasil tem feito avanços importantes, e isso será essencial para o crescimento sustentável do ecossistema’, disse ele.

Gomes também comparou a experiência da região com a de El Salvador, primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda de curso legal. Embora reconheça o pioneirismo salvadorenho, ele acredita que o verdadeiro impacto virá quando uma economia de grande porte abraçar a tecnologia de forma estrutural.

‘Ainda não vimos uma economia grande abraçar o Bitcoin de forma expressiva. Nos Estados Unidos, já há um movimento interessante — mesmo sendo o país que controla a principal moeda global, há abertura para o tema. Mas ainda é tímido’, afirmou Gomes.

El Salvador pode ensinar muito ao Brasil

O CEO destacou que El Salvador se diferenciou por ter estabelecido uma política de compras contínuas de Bitcoin e mantido a estratégia ao longo do tempo. ‘El Salvador foi diferente, porque efetivamente estabeleceu uma reserva de estratégia em Bitcoin e vem comprando ao longo dos anos’, disse.

Além disso, na visão dele, o Brasil poderia exercer papel semelhante, em escala muito maior. ‘Imagino o impacto de uma grande economia, como o Brasil, abraçando o Bitcoin de forma real e estrutural. Isso colocaria o país em uma guinada transformadora. Seria revolucionário’, afirmou Gomes.

Para ele, a consolidação de uma política de tesouraria corporativa em Bitcoin não é apenas uma decisão financeira, mas uma mudança de paradigma.

‘O que estamos construindo é uma nova forma de pensar reserva de valor. Não se trata de uma aposta, mas de uma estratégia de longo prazo. Estamos falando de proteger caixa e preservar poder de compra em um cenário global onde as moedas fiduciárias perdem força’, explicou.

Evento da OranjeBTC reforça visão da empresa

O OranjeBTC Summit 2025 reforçou essa visão. Reunindo executivos, investidores e líderes do mercado cripto, o encontro destacou o papel das empresas que, como a OranjeBTC, buscam institucionalizar o uso do Bitcoin.

O evento serviu também para apresentar novos indicadores de performance da empresa e discutir tendências de infraestrutura, custódia e compliance. Todas são áreas que se tornaram prioridade à medida que o mercado amadurece.

Com o crescimento da adoção institucional de criptoativos, a OranjeBTC quer consolidar-se como parceira estratégica de companhias que desejam diversificar suas reservas.

O modelo da empresa combina custódia qualificada, parceria com provedores internacionais e educação financeira voltada a executivos.

‘Estamos ajudando as empresas a compreender que o Bitcoin é uma ferramenta de gestão de tesouraria. E o primeiro passo é o conhecimento’, reforçou Gomes.

Por fim, ao final da entrevista, o CEO reafirmou o compromisso da OranjeBTC em expandir a presença regional e ampliar o debate sobre Bitcoin corporativo.

‘Nosso papel é educar e mostrar que há um caminho seguro e regulado para as empresas fazerem parte dessa revolução. A América Latina tem todos os ingredientes para liderar essa mudança global’, concluiu o executivo.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Leonardo Cavalcanti

Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.