Chiliz diz que Brasil é mercado prioritário

O Diretor Geral do Grupo Chiliz no Brasil destacou a evolução regulatória como chave para a próxima fase de crescimento do ecossistema de fan tokens e ativos tokenizados no esporte.

Marta Stephens By Marta Stephens Flavio Aguilar Edited by Flavio Aguilar Atualizado em 6 mins read
Chiliz diz que Brasil é mercado prioritário

Resumo da notícia

  • Chiliz aposta no Brasil como mercado-chave para expansão global dos fan tokens.
  • A empresa tem blockchain própria para projetos de tokenização além do futebol.
  • Regulação clara é vista como o principal motor de crescimento do setor.
  • Sua participação no Blockchain Rio 2025 reforça otimismo com a postura do Banco Central.

A Chiliz, uma das principais plataformas globais na interseção entre blockchain e esportes, está apostando alto no Brasil. Durante o evento Blockchain Rio 2025, realizado na capital fluminense, Bruno Pessoa, Diretor Geral do Grupo Chiliz no Brasil, destacou a importância estratégica do mercado nacional e os planos de expansão envolvendo fan tokens, tokenização de ativos e uso da infraestrutura própria da empresa para além do futebol.

A entrevista reforça o papel cada vez mais relevante da empresa no cenário cripto-esportivo global — especialmente, diante do avanço regulatório em diversas jurisdições. Segundo o executivo, o Brasil é visto como um mercado prioritário.

Chiliz expande operações no Brasil

Com mais de dez clubes parceiros no país, incluindo Flamengo, Fluminense e Vasco — todos com forte apelo popular —, a Chiliz acredita que a combinação entre regulamentação clara, engajamento da comunidade e adoção institucional criará o ambiente ideal para escalar sua tecnologia.

Conforme Pessoa, o evento serviu de vitrine para reafirmar esse posicionamento e antecipar os próximos passos da empresa. O executivo destacou que a clareza regulatória, tanto no Brasil quanto internacionalmente, será o principal catalisador da próxima onda de crescimento para ativos digitais ligados ao esporte.

Quanto mais a gente vê clareza regulatória ao redor do mundo, mais a gente tende a ver também o crescimento dessa classe de ativos.

Pessoa citou o avanço do MiCA na Europa, o Genius Act nos EUA e o processo em curso no Brasil como sinais positivos para a indústria. As novidades vêm impactando o setor como um todo, inclusive com o surgimento de criptomoedas promissoras.

Essa perspectiva regulatória está diretamente relacionada à confiança de investidores institucionais e clubes de futebol em aderirem às soluções da Chiliz. Segundo o porta-voz da empresa:

Você vai ter mais parceiros institucionais abrindo as portas de seus negócios para a cripto.

A empresa não esconde o entusiasmo com o mercado nacional. ‘A gente acredita muito no mercado brasileiro’, disse o executivo, reforçando a presença já estabelecida com grandes clubes do país. Além disso, ele destacou a sinergia entre as torcidas engajadas e a proposta dos fan tokens, que oferecem aos torcedores novas formas de interação, votação em decisões e acesso a experiências exclusivas.

Chiliz quer ser um hub

Mas a Chiliz quer ir além dos fan tokens. Segundo o executivo, a infraestrutura da empresa — uma blockchain própria do tipo EVM compatível, permissionless e de primeira camada (Layer 1) — está aberta ao desenvolvimento de outros ativos tokenizados.

A gente quer ver mais ativos que não necessariamente sejam os nossos próprios, como são os fan tokens.

Esse movimento aponta para a abertura da Chiliz a um universo mais amplo de aplicações, incluindo iniciativas de tokenização de ativos reais, ou RWAs (real world assets).

Embora não tenha liderado diretamente essas iniciativas no Brasil até agora, a empresa se mostra entusiasta de casos como a tokenização do mecanismo de solidariedade da FIFA. Essa inovação permite antecipar valores devidos a clubes formadores em transferências de atletas, usando tecnologia blockchain.

‘Estamos super abertos para essas oportunidades’, reforçou o executivo, sugerindo que a rede da Chiliz pode ser utilizada por terceiros para desenvolver produtos que extrapolem os fan tokens tradicionais.

Com uma comunidade já engajada e a infraestrutura técnica pronta, a empresa busca posicionar sua blockchain como algo novo. A rede pode servir como base para uma nova geração de produtos digitais no esporte.

Essa abordagem amplia significativamente o escopo da Chiliz no ecossistema cripto. Em vez de se limitar à emissão de tokens para clubes e federações, a empresa se posiciona como uma infraestrutura de camada base para o setor esportivo. Desse modo, permite que desenvolvedores, clubes e startups construam sobre sua rede.

Regulador brasileiro está próximo

Na entrevista, também foi abordada a participação do diretor do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, durante o Blockchain Rio 2025. O executivo da Chiliz avaliou positivamente a postura do órgão regulador brasileiro.

A gente tem tido boas interações com o Banco Central (…) Há uma boa vontade grande de transformar o Brasil em um polo referência no mundo para o universo cripto.

Ele também demonstrou otimismo com a possibilidade de avanço regulatório ainda este ano:

Temos uma expectativa muito grande de que a gente possa ter, quem sabe ainda esse ano, um pouco mais de clareza no aspecto e possa de fato ter uma regulação mais clara para todo mundo.

O discurso reflete uma visão cada vez mais compartilhada dentro do setor: de que a regulação, quando bem formulada, não é uma barreira, mas sim uma ponte para institucionalização, escala e sustentabilidade de longo prazo.

Em um mercado historicamente marcado por incertezas jurídicas, a convergência entre empresas, legisladores e reguladores representa um novo ciclo.

A Chiliz, por sua vez, está posicionada para surfar essa onda, argumentou Pessoa. A empresa já lançou dezenas de fan tokens globalmente — incluindo parcerias com gigantes como Paris Saint-Germain, Barcelona e Juventus. Além disso, a Chiliz aposta em tecnologia proprietária para manter a competitividade.

Ao abrir sua rede para outros desenvolvedores, ela amplia sua relevância no ecossistema e se aproxima da lógica de plataformas como Ethereum (ETH) ou Solana (SOL), mas com um foco verticalizado no entretenimento esportivo.

Brasil é estratégico

No Brasil, a abertura também poderá estimular a criação de produtos inovadores. Há a possibilidade de emitir tokens relacionados a atletas, ligas regionais, federações e campeonatos de base. Até mesmo colecionáveis digitais ligados a momentos históricos podem impulsionar um mercado bilionário. Tudo isso teria a chancela técnica e institucional de uma blockchain especializada.

O cenário regulatório também parece caminhar nessa direção. Em 2024, o Congresso Nacional aprovou a Lei 14.478/2022, que estabelece diretrizes para o mercado de ativos virtuais. O texto também cria figuras como a dos provedores de serviços de ativos virtuais (VASPs).

Além disso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem se manifestado de forma mais aberta sobre a tokenização de valores mobiliários. Enquanto isso, o Banco Central, com o Drex, experimenta aplicações públicas de blockchain em uma escala sem precedentes.

Nesse contexto, iniciativas como a da Chiliz ganham legitimidade e horizonte. Segundo o executivo, a união entre paixão pelo esporte, engajamento digital e tecnologias descentralizadas pode não apenas reinventar o relacionamento entre clubes e torcedores, mas também consolidar uma nova fronteira de inovação financeira e cultural.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Marta Stephens

Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona. Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra. No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra. Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.