Filho de Trump afirmou que Bitcoin é o 'hedge perfeito' contra o mercado imobiliário.
Empresa American Bitcoin promete minerar BTC nos EUA com foco em eficiência energética e redução de dependências externas.
Anúncio sinaliza maior institucionalização dos criptoativos e posiciona o Bitcoin como alternativa séria a ativos tradicionais.
Eric Trump, filho do ex-presidente dos EUA, protagonizou nos últimos dias um movimento institucional que reforça sua visão já pública de que criptomoedas são uma ‘proteção perfeita’, especialmente contra o mercado imobiliário.
O lançamento da American Bitcoin, uma empresa híbrida de mineração e tesouraria derivada da reestruturação da Hut Eight, segue as experiências da família Trump com o desbanking por parte de grandes bancos americanos. Segundo Eric, isso revelou as vulnerabilidades das finanças tradicionais e acelerou sua entrada no mercado de criptomoedas.
A combinação de sua história na área imobiliária, a nova empresa mineradora e agora seu posicionamento público geram interesse e debate. Até que ponto os criptoativos podem de fato funcionar como hedge (proteção) para ativos físicos, como imóveis?
O que é a empresa de Trump?
Conforme reportado, a American Bitcoin Corp pretende criar uma estrutura de mineração de Bitcoin nos Estados Unidos. Ela teria produção energética otimizada e uso de criptomoedas como componente central de seu modelo financeiro.
O anúncio mais recente indica que Eric Trump não vê as melhores criptomoedas, em especial o Bitcoin, apenas como um ativo digital. Em sua visão, elas são um vetor de valor que pode proteger o patrimônio contra os rigores, limitações e ineficiências inerentes ao mercado imobiliário tradicional.
Seu argumento é baseado em características intrínsecas do criptoativo. Ou seja: liquidez superior, posse digital (sem necessidade de manutenção física) e potencial de valorização significativa, além de descentralização relativa.
Eric Trump já vinha afirmando que criptomoedas são o ‘hedge perfeito para real estate’. Portanto, vê elas como uma forma de proteger valor patrimonial atrelado a imóveis, que exigem manutenção, impostos, taxas, regulamentos locais, custos fixos elevados, e que muitas vezes têm liquidez lenta (vender um imóvel pode levar meses ou anos).
Ele acredita que ter parte do patrimônio em criptoações ou em Bitcoin pode agir como um contrapeso a desafios como inflação, custos de juros, desvalorização local, deterioração física, ciclos imobiliários ruins, entre outros.
American Bitcoin é crença de Trump na prática
O anúncio da American Bitcoin Corp representa, então, um passo prático dessa crença. Com a listagem na Nasdaq, Eric Trump e seus sócios inserem o projeto no ambiente de mercado de capitais. Além disso, a listagem traz exigências de governança e divulgação de risco para acionistas.
Portanto, não é só uma tese, mas uma estratégia que será testada com dinheiro real, investidores reais e métricas de desempenho.
A empresa mineradora, por sua vez, busca produção doméstica de Bitcoin, reduzindo dependência externa e custos logísticos e se empenhando em eficiência energética, o que também se alinha à narrativa de proteção.
Ativos digitais minerados localmente podem oferecer mais controle, menos vulnerabilidade geopolítica e um menor impacto nos custos variáveis externos.
O anúncio gerou entusiasmo no mercado, com os investidores chamando a atenção para o potencial disruptivo do modelo. Mas há ressalvas importantes.
Por exemplo, a volatilidade do Bitcoin permanece elevada. O valor pode subir rapidamente, mas também pode despencar.
Imóveis, por outro lado, embora rígidos e custosos, têm alguma previsibilidade de fluxo de renda (aluguéis) ou de uso tangível.
Outro ponto é que o poder de hedge depende muito de como o Bitcoin é mantido (custódia segura, proteção contra perdas), bem como da exposição proporcional no portfólio.
Um investidor que troca muito de criptoativos baseando-se em especulação, ou armazena o ativo em condições inseguras, pode acabar com perdas maiores do que teria se mantivesse um imóvel valorizado, apesar de seus custos de manutenção.
Debates regulatórios
Empresas mineradoras têm estado no cerne dos debates regulatórios, especialmente quanto ao consumo de energia ou incentivos fiscais.
A American Bitcoin Corp operará em um ambiente no qual investidores exigem transparência, governança, cumprimento de leis federais e estaduais.
Além disso, haverá cobrança e o risco de enfrentar penalidades ou perder credibilidade.
Por outro lado, a iniciativa revela uma mudança de mentalidade mais ampla: investidores, empresários e até figuras públicas estão tratando os criptoativos não apenas como um objeto especulativo, mas também como componente legítimo de diversificação patrimonial e reserva de valor.
Já não basta falar de ‘Bitcoin como ouro digital’. A ação concreta de criar uma empresa mineradora, listá-la na Nasdaq e dizer publicamente que parte do patrimônio será protegida por criptos sinaliza que o mercado está entrando em uma fase de teste real de seu uso prático.
Para o mercado imobiliário, isso pode representar uma pressão futura. Se muitos investidores seguirem essa lógica, parte do capital poderia fluir do mercado de imóveis para os criptoativos.
Perspectivas são boas
Os agentes podem começar a migrar para ativos digitais se virem neles uma alternativa com maior liquidez. Afinal, há características como custos fixos menores e a expectativa de uma valorização mais agressiva.
Isso pode afetar preços de imóveis, além da demanda por aluguéis ou residências de luxo, especialmente em locais onde há muitas taxas, impostos ou custos de manutenção.
O anúncio da American Bitcoin Corp consolida a visão de Eric Trump de que criptomoedas podem funcionar como hedge para o real estate, transformando crença em projeto corporativo.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Marta Barbosa Stephens é escritora e jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com mestrado na PUC São Paulo e pós-graduação em edição na Universidade de Barcelona.
Trabalhou em diversas redações de jornais e revistas no Brasil. Foi repórter de economia no Jornal da Tarde, do grupo O Estado de São Paulo e editora-adjunta de finanças pessoais na revista IstoÉ Dinheiro. Atuou no mercado de edição de livros de finanças em São Paulo e foi, por seis anos, redatora-chefe da revista Prazeres da Mesa (https://www.prazeresdamesa.com.br/), antes de se mudar para Inglaterra.
No Reino Unido, foi editora do jornal Notícias em Português, voltado à comunidade lusófona na Inglaterra.
Escreve e edita sobre o mercado de criptomoedas e tecnologia blockchain desde 2022.
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