Google liberou correção na versão 140.0.7339.185. Atualização imediata é recomendada.
Uma falha grave no navegador Google Chrome, e também em todas as versões baseadas em Chromium, como Brave, Opera e Vivaldi, permite que hackers acessem fundos de criptomoedas num piscar de olhos.
O bug, classificado como ‘Type Confusion’, foi detectado no motor V8, responsável por executar JavaScript e WebAssembly, e pode comprometer chaves privadas, seed phrases e arquivos de carteira apenas por visitar sites maliciosos.
Essa vulnerabilidade impacta milhões de usuários globalmente, segundo alerta de especialistas em segurança. O Google já liberou uma atualização emergencial. A versão considerada segura é a 140.0.7339.185.
Como funciona a vulnerabilidade
A falha de Type Confusion permite que um código malicioso confunda o tipo de dados esperado no motor V8 do navegador. Isso abre brecha para que invasores executem ações inesperadas, como ler ou exfiltrar dados sensíveis armazenados localmente no dispositivo do usuário.
Carteiras de software (software wallets) e hardware podem estar em risco porque, embora as chaves privadas às vezes estejam offline, algumas partes do processo (como assinaturas ou verificações) utilizam componentes do navegador.
Portanto, esse tipo de vulnerabilidade pode ser explorada silenciosamente, sem que o usuário perceba. Ou seja, pode ocorrer algo apenas ao visitar páginas web especialmente maliciosas.
Outros navegadores que usam o mesmo código-base do Chromium também são vulneráveis, segundo o relatório.
A Ledger, empresa fabricante de carteiras de hardware, recomendou por meio de seu CTO, Charles Guillemet, que os usuários não armazenem localmente dados sensíveis enquanto a correção não for instalada. Caso o façam, correm o risco de perderem suas melhores criptomoedas.
Resposta do Google e medidas imediatas
Menos de 48 horas após a divulgação da vulnerabilidade, o Google liberou uma correção emergencial. A versão 140.0.7339.185 do Chrome é indicada como segura.
Os usuários devem atualizar o navegador imediatamente acessando Configurações → Sobre o Google Chrome. Nenhum download externo suspeito é necessário, a atualização é interna ao navegador.
Especialistas em segurança digital recomendam ações preventivas adicionais. Por exemplo, evitar armazenar informações sensíveis localmente e limitar o uso do navegador para atividades financeiras até confirmar que todos os componentes estão atualizados. Além disso, preste atenção a alertas de segurança em sites confiáveis e fóruns de tecnologia.
Impacto sobre carteiras de criptomoedas
Carteiras de hardware (hardware wallets), tradicionalmente consideradas mais seguras, também podem estar expostas em partes do seu uso que dependam de software de navegador. Por exemplo, é o caso de atualizações, integração com dApps ou operações de visualização de saldo.
Se essas conexões não estiverem isoladas, a falha de Type Confusion pode permitir que invasores acessem dados que facilitem ataques maiores.
Carteiras de software, extensões de navegador ou aplicações Web3 que dependam fortemente de JavaScript/WebAssembly também estão em risco.
Os usuários que mantêm grandes somas sem adotar boas práticas de segurança devem considerar mover seus ativos para ambientes mais seguros (cold storage), usar autenticação em múltiplos fatores e monitorar notificações de segurança do navegador.
A importância da segurança digital contínua
Esse incidente reforça algo que muitos no ecossistema cripto sabem, mas que nem sempre aplicam de forma consistente: a segurança digital não é opcional.
Atualizações frequentes, manutenção de softwares, uso de versões oficiais, escolha de carteiras confiáveis e desconfiança em relação a sites pouco conhecidos são fundamentais.
Também fica claro o risco de usar navegadores para interações sensíveis sem proteção extra. Mesmo pequenas falhas no software podem gerar perdas enormes.
Lições para usuários e empresas
Para usuários:
- Atualizar o Chrome ou navegador baseado em Chromium para a versão 140.0.7339.185 ou superior;
- Evitar armazenar chaves privadas, seed phrases ou arquivos sensíveis no computador ou no navegador;
- Usar carteiras de hardware topo de linha e mantê-las completamente offline, quando possível;
- Evitar visitar links suspeitos ou abrir páginas desconhecidas com conteúdo Web3 sem verificar a reputação.
Para desenvolvedores, carteiras e empresas:
- Revisar o uso de JavaScript/WebAssembly nos projetos, minimizando a dependência de partes vulneráveis;
- Auditar software regularmente, especialmente os componentes que executam dentro do navegador;
- Seguir boas práticas de segurança, como isolamento de processo, sandbox e uso de bibliotecas seguras;
- Comunicar vulnerabilidades prontamente e lançar correções de forma transparente.
O que isso impacta no setor?
A falha do Chrome mostra que mesmo softwares amplamente usados e teoricamente confiáveis podem esconder vulnerabilidades críticas que impactam o mundo cripto.
Até agora, ataques de grande escala envolvendo falhas de navegador como o Chrome não são raros, mas geralmente envolvem phishing ou exploits combinados. Este caso difere por permitir o roubo direto de dados sensíveis localizados.
A confiança em navegadores seguros, carteiras descentralizadas ou hardware wallet tem se baseado justamente na ideia de que partes críticas permanecem isoladas. Quando esse isolamento falha, o risco sobe.
O incidente também pode aumentar o interesse por soluções mais seguras, protocolos de segurança, práticas de ‘defensive Web3’ (uso seguro da Web3) e ferramentas de auditoria.
O que os especialistas estão dizendo
Charles Guillemet, CTO da Ledger, alertou que a atualização precisa ser feita o quanto antes. Também disse que é essencial evitar o armazenamento local de dados críticos enquanto o navegador não estiver em versão corrigida.
Os pesquisadores que identificaram a falha (via reportes de segurança ao Google) ressaltam que vulnerabilidades do tipo ‘Type Confusion’ são particularmente perigosas porque permitem a hackers aproveitar discrepâncias sutis no tratamento de dados pelo navegador.
Por isso, as empresas de segurança digital apelam para que usuários corporativos façam auditoria imediata dos sistemas usados para interações com ativos digitais e reforcem políticas de segurança interna.
O que os investidores devem observar
Os investidores de criptomoedas devem considerar o risco operacional associado ao software que usam. Mesmo que o preço ou a perspectiva de valorização de um ativo seja favorável, uma falha técnica pode gerar perdas irreversíveis.
Além disso, casos como este tendem a aumentar o escrutínio regulatório. Autoridades podem exigir padrões de segurança mais elevados para carteiras, exchanges e softwares que lidam com ativos digitais, com impactos em compliance, custos operacionais e exigência de auditoria independente.
Tendências futuras
A falha pode estimular o desenvolvimento e a adoção de navegadores ou extensões mais seguras, com isolamento reforçado e menor dependência de componentes vulneráveis. Talvez vejamos um crescimento de carteiras que operam independentemente do navegador, ou com modelos de verificação offline.
Além disso, o caso pode pressionar fabricantes de hardware wallets a melhorar a interoperabilidade sem expor os usuários a riscos via browsers.
Finalmente, um episódio desse tipo reforça a narrativa de que a propriedade real de ativos digitais exige cuidado técnico. Segurança, custódia, prática individual de proteção importam tanto quanto o preço do ativo.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
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