JPMorgan permitirá BTC e ETH como colateral de empréstimos

Updated 11 horas ago by · 6 mins read

O programa será lançado gradualmente até o fim de 2025.

O JPMorgan Chase & Co., maior banco dos Estados Unidos e uma das instituições financeiras mais influentes do mundo, passará a aceitar Bitcoin (BTC) e Ether (ETH) como colateral para operações de crédito de clientes institucionais.

A medida, conforme noticiou a Bloomberg na última sexta-feira (24/10), marca um passo histórico na integração entre ativos digitais e o sistema bancário tradicional. Portanto, trata-se de algo que até recentemente era considerado improvável para uma instituição conhecida por sua postura conservadora diante das criptomoedas.

O programa será lançado gradualmente até o fim de 2025. Além disso, envolverá um modelo de custódia com terceiros, garantindo que os ativos digitais usados como colateral permaneçam armazenados de forma segura e regulamentada.

Os empréstimos lastreados em criptoativos não implicam exposição direta do banco aos riscos de mercado desses ativos. Isso porque a custódia e a marcação a mercado serão operadas com base em parâmetros pré-definidos.

Como será o modelo?

De acordo com fontes citadas pela Bloomberg Tax, o banco trabalhará com custódia especializada para armazenar as garantias digitais, em conformidade com as diretrizes da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e do Office of the Comptroller of the Currency (OCC).

O modelo é semelhante ao já adotado por instituições como o BNY Mellon e o Standard Chartered em suas divisões digitais. Ele permite que ativos tokenizados e as melhores criptomoedas funcionem como garantia sem comprometer a estrutura de compliance do sistema bancário.

O anúncio representa uma guinada simbólica para o JPMorgan. Seu CEO, Jamie Dimon, já havia se posicionado publicamente contra o Bitcoin em anos anteriores, chamando-o de ‘fraude’ em 2017. Mas, desde então, o banco evoluiu em sua postura, tornando-se um dos principais provedores de infraestrutura para o setor institucional de criptoativos.

A decisão de aceitar criptomoedas como colateral reforça a tendência de que o setor financeiro tradicional finalmente reconhece o papel das moedas digitais como instrumentos legítimos de liquidez e diversificação patrimonial.

O banco já aceitava ETFs lastreados em criptoativos como parte de sua cesta de garantias desde o início de 2025. E a expansão para criptoativos ‘puros’, como Bitcoin e Ethereum, era uma etapa esperada após a aprovação dos ETFs à vista nos Estados Unidos em janeiro daquele ano.

Fontes próximas à operação afirmam que o banco se baseará em parceiros institucionais com certificação SOC2 para a guarda dos ativos. Portanto, atenderia aos requisitos de segurança e rastreabilidade impostos pelos reguladores.

Blockchain nos bancos

O movimento também reflete uma mudança mais ampla na estratégia do JPMorgan quanto à tokenização de ativos e ao uso de blockchain em infraestrutura bancária.

Em 2023, o banco lançou o JPM Coin, sua moeda privada usada para liquidação instantânea de transações entre clientes corporativos. Em seguida, em 2024, inaugurou a Onyx Digital Assets, uma divisão voltada à emissão e negociação de instrumentos financeiros tokenizados.

Portanto, a aceitação de criptoativos como colateral é a extensão natural dessa trajetória de digitalização. Segundo a Bloomberg Tax, a medida poderá beneficiar principalmente gestores de fundos, family offices e empresas que detêm grandes volumes de Bitcoin e Ether, mas preferem não liquidar suas posições.

Ao oferecer esses ativos como colateral, os investidores poderão acessar liquidez imediata em dólar ou outras moedas fiduciárias, sem perder exposição aos ganhos potenciais dos ativos digitais. Essa modalidade é comum em plataformas DeFi e vem sendo gradualmente incorporada por instituições tradicionais.

O uso de cripto como colateral também pode ajudar a ampliar o mercado de crédito institucional ligado ao setor.

Relatórios apontam que o valor total bloqueado em contratos de empréstimos garantidos por criptoativos ultrapassou US$ 40 bilhões em 2025. Aliás, esse valor representa um crescimento de 60% em relação ao ano anterior.

JPMorgan sinaliza otimismo ao mercado

A entrada de um gigante bancário como o JPMorgan nesse segmento sinaliza confiança de que o risco associado a esses ativos é hoje mais mensurável e gerenciável. Isso ocorre após a consolidação de provedores de custódia licenciados e mecanismos de liquidação automatizada.

Outro aspecto relevante é o impacto na relação entre o sistema financeiro e as stablecoins. Afinal, o JPMorgan já vinha testando colaterais híbridos, parte em stablecoins, parte em ativos tokenizados, em sua plataforma Onyx, voltada a liquidações interbancárias.

Além disso, a aceitação formal de Bitcoin e Ether amplia o escopo de experimentação e reforça a convergência entre os mercados tradicionais e a Web3.

De acordo com analistas da CoinDesk, a decisão do banco também reflete uma leitura pragmática do novo cenário político e regulatório dos Estados Unidos.

Desde o início do governo Trump em 2025, houve uma clara mudança de postura em relação à regulação cripto. Atualmente, o foco está em competitividade global e atração de capital.

O Departamento do Tesouro vem trabalhando em novas diretrizes de capital e liquidez que reconhecem o valor dos criptoativos mais promissores como instrumentos de hedge e diversificação.

Ainda assim, o programa do JPMorgan terá como foco exclusivamente clientes institucionais e de alta renda, não estando disponível ao público varejista.

O banco enfatizou que todas as operações serão estruturadas em conformidade com normas de Know Your Customer (KYC) e antilavagem de dinheiro (AML). Além disso, os ativos deverão ter custódia de entidades sob a regulação da SEC ou da CFTC.

Divisor de águas

Especialistas do mercado veem a decisão como um divisor de águas.  Um gestor de fundos em Nova York, que preferiu não ser identificado, disse à Bloomberg:

Quando o maior banco do mundo em valor de mercado começa a aceitar Bitcoin como colateral, isso legitima o ativo em um nível que nenhum ETF conseguiu (…) Isso significa que o Bitcoin passou a ser considerado um ativo financeiro de primeira linha, capaz de gerar crédito dentro do sistema bancário.

Outros bancos globais vêm estudando iniciativas semelhantes. O Goldman Sachs e o Citi já testam produtos internos de crédito com garantia em cripto. Enquanto isso, o Standard Chartered e o DBS, de Singapura, conduzem pilotos regulatórios para ampliar o uso desses ativos como garantia em empréstimos comerciais.

A entrada do JPMorgan acelera essa competição e pode levar a uma padronização de práticas regulatórias entre os grandes bancos globais.

A decisão do JPMorgan de aceitar criptoativos como colateral também pode impactar positivamente a liquidez global do mercado. Ao permitir que detentores institucionais usem suas carteiras para obter crédito, o banco cria uma nova ponte entre o capital digital e o financeiro tradicional.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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