OranjeBTC aumenta posição em Bitcoin e alcança 3.708 BTC sob gestão
Especialistas avaliam que a estratégia da OranjeBTC pode servir de modelo para outras empresas brasileiras interessadas em incluir Bitcoin em suas estruturas de capital.
OranjeBTC comprou 7 BTC entre 20 e 26 de outubro de 2025, totalizando cerca de US$ 774 mil.
A companhia agora detém 3.708 BTC, avaliados em aproximadamente US$ 390,94 milhões.
O portfólio de Bitcoin da empresa registra um yield de 1,82% em 2025.
A OranjeBTC anunciou na segunda-feira (27/10) a aquisição de mais 7 Bitcoins (BTC) por aproximadamente US$ 774 mil, a um preço médio de US$ 110.613 por unidade. Com essa nova compra, a gestora acumula um total de 3.708 BTC em seu balanço. O valor é equivalente a cerca de US$ 390,94 milhões considerando o preço médio de aquisição de US$ 105.431 por Bitcoin.
A empresa também informou ter alcançado um rendimento acumulado de 1,82% em Bitcoin no ano de 2025. Dessa maneira, a OranjeBTC agora consolida sua estratégia de acumulação progressiva do ativo digital.
Segundo o comunicado oficial, que foi divulgado nas redes sociais e registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o movimento faz parte da política de investimento contínuo da companhia. Afinal, ela adota uma abordagem sistemática de alocação em Bitcoin desde o início do ano.
A compra mais recente foi realizada entre os dias 20 e 26 de outubro de 2025, refletindo o compromisso da OranjeBTC com a exposição direta ao ativo como parte de sua reserva corporativa.
A atualização leva a empresa para um novo patamar de capitalização em Bitcoin, aproximando-a de players institucionais que vêm adotando estratégias semelhantes, como a Strategy, que hoje detém mais de 640 mil BTC, assim como empresas de capital aberto com tesourarias parciais em criptoativos.
Reservas da OranjeBTC
De acordo com o relatório financeiro protocolado sob o número 1435746 no sistema da CVM, a OranjeBTC tem 162.759.960 ações ordinárias emitidas. Além disso, a política de aquisição de Bitcoin é financiada exclusivamente com capital próprio, sem alavancagem. Nisso ela é diferente de empresas dos EUA, que escolhem alguma das criptomoedas mais promissoras para compor seus tesouros.
O documento ressalta que o foco da empresa é a gestão de exposição em Bitcoin de longo prazo, considerando o ativo como reserva de valor e proteção contra desvalorização monetária.
A estratégia segue uma tendência mais ampla entre companhias que se identificam com a tese do Bitcoin como ativo digital escasso e deflacionário.
Desde o halving de abril de 2024, o número de empresas listadas que passaram a incluir BTC em suas carteiras aumentou substancialmente, impulsionado pela liquidez institucional e pela valorização do ativo, que supera os US$ 105 mil no momento da publicação.
A OranjeBTC, que opera sob o ticker OBTC3, vem se destacando no mercado brasileiro por adotar padrões de transparência similares aos de companhias norte-americanas com exposição cripto.
Cada aquisição é reportada publicamente, com detalhes sobre o período, volume, preço médio e rendimento anual. O mercado interpreta a prática como um sinal de maturidade e comprometimento regulatório. Afinal, o cenário é de adoção institucional crescente, mas ainda falta padronização de disclosure.
Custo médio e valorização
Com o Bitcoin apresentando desempenho positivo ao longo de 2025, a posição da OranjeBTC alcançou uma valorização expressiva em relação ao preço médio de aquisição.
O custo médio acumulado de US$ 105.431 por BTC é inferior ao preço de mercado atual, que gira em torno de US$ 110.600. Desse modo, a aquisição contribui para o yield de 1,82% declarado pela companhia. A diferença parece modesta em termos percentuais. No entanto, é significativa para estratégias de longo prazo com base em acumulação progressiva.
Em nota, executivos da OranjeBTC destacaram que a política de compras regulares visa reduzir o impacto da volatilidade de curto prazo, adotando um modelo de dollar-cost averaging (DCA).
Essa abordagem, amplamente utilizada por empresas com tesourarias cripto, consiste em realizar aquisições periódicas independentemente do preço, suavizando o custo médio ao longo do tempo.
Segundo o comunicado, a empresa continuará executando aquisições trimestrais de pequeno volume até o final de 2025. Portanto, segue em linha com o plano estratégico aprovado pelo conselho.
O relatório entregue à CVM também reforça que a companhia não realiza operações de derivativos, empréstimos garantidos ou staking com seus Bitcoins, mantendo 100% dos ativos sob custódia fria (cold storage) com provedores de segurança certificados.
Impactos para o mercado
Essa política reflete uma abordagem conservadora em comparação a outras empresas do setor. Elas frequentemente buscam rendimentos adicionais através de plataformas de empréstimo ou produtos estruturados.
Para o mercado, a movimentação reforça a confiança institucional no Bitcoin em um contexto de política monetária restritiva e aumento da demanda por ativos de escassez comprovada.
Desde o início de 2025, o BTC acumula valorização de mais de 40%, impulsionado por fluxos líquidos de ETFs spot nos Estados Unidos, pela entrada de fundos soberanos asiáticos e pelo crescimento da tokenização de ativos do mundo real, que ampliou a exposição de investidores tradicionais ao ecossistema digital.
O posicionamento da OranjeBTC no Brasil também é significativo por representar uma estrutura de capital aberta com exposição ao Bitcoin. Isso confere ao investidor local uma alternativa de acesso indireto ao ativo via mercado de capitais, sem necessidade de operar carteiras digitais ou exchanges.
Na prática, o OBTC3 funciona como um proxy de investimento em Bitcoin listado. Portanto, é semelhante ao modelo da Strategy nos EUA, embora com foco geográfico e regulatório distintos.
Contexto do mercado ajuda no hype
O movimento também ocorre em um momento em que a adoção corporativa de Bitcoin atinge novas máximas.
Especialistas avaliam que a estratégia da OranjeBTC pode servir de modelo para outras empresas brasileiras interessadas em incluir Bitcoin em suas estruturas de capital. A OranjeBTC foi a segunda empresa a adotar o modelo na América Latina, após a empresa de cashback Méliuz.
A existência de regulamentação clara pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aliada à adoção de padrões contábeis específicos para ativos digitais, tem facilitado o avanço de iniciativas semelhantes no Brasil.
Além disso, a integração entre custodiantes regulados e plataformas de liquidação em reais oferece um ambiente operacional mais seguro e compatível com as normas locais.
A consistência da OranjeBTC na execução de sua política de aquisição também mostra que a tese corporativa do Bitcoin evoluiu de uma aposta especulativa para um componente estratégico de balanço patrimonial.
Em relatórios anteriores, a empresa já havia destacado que vê o BTC como:
Ativo de reserva de longo prazo. Não correlacionado com instrumentos de dívida e com potencial de valorização sustentada em ciclos macroeconômicos adversos.
Essa visão vem ganhando força em um cenário global de endividamento crescente e desvalorização de moedas fiduciárias.
Regulação no Brasil para BTC treasuries companies
Outro aspecto relevante é o impacto reputacional de movimentos como esse no ambiente regulatório brasileiro.
Ao registrar todas as operações na CVM, a OranjeBTC reforça a importância da conformidade no setor. Ou seja, sinaliza que a adoção de criptoativos por empresas listadas pode coexistir com transparência e governança. Esse comportamento contribui para fortalecer o ecossistema e legitimar o Bitcoin como ativo financeiro dentro do mercado regulado.
O relatório da companhia também observa que, até o momento, não há planos para diversificar a reserva para outros criptoativos, mantendo foco exclusivo em Bitcoin. Essa decisão segue a tese de segurança e liquidez máxima, característica que diferencia o BTC de outros tokens voláteis ou de governança.
Além disso, a empresa acredita que a limitação de oferta total a 21 milhões de unidades reforça a proteção inflacionária e a previsibilidade de longo prazo.
Portanto, em termos macroeconômicos, o contexto favorece estratégias desse tipo. O Fed manteve juros elevados nos EUA ao longo do ano. Apesar disso, sinalizou possíveis cortes graduais para 2026, o que tende a sustentar a atratividade de ativos de risco e de escassez digital.
O Bitcoin, que opera acima de US$ 110 mil, se consolidou como um dos principais beneficiários desse ciclo, servindo de contraponto à política monetária expansionista de governos e bancos centrais.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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