A OranjeBTC executou recompra de 99.600 ações a um preço médio de R$ 13,12, totalizando R$ 1,12 milhão, entre 27 e 30 de outubro de 2025.
Segundo a empresa, o objetivo é corrigir o desconto no mNAV, já que as ações vinham sendo negociadas abaixo do valor patrimonial líquido por Bitcoin em custódia.
Durante o período, a companhia não ampliou sua posição em Bitcoin, que permanece em 3.708 BTC.
Desde a estreia na B3, os papéis caíram mais de 30%, enquanto o Bitcoin recuou cerca de 13% no mesmo intervalo.
A OranjeBTC comunicou ao mercado, na noite da quinta-feira (30/10), que executou uma rodada de recompra de ações próprias entre os dias 27 e 30 de outubro. Após quedas na ação, a empresa decidiu seguir por esse caminho para aumentar o mNAV, métrica bastante avaliada por analistas entre as empresas com estratégia de tesouraria em Bitcoin.
Segundo o comunicado, a companhia vendeu 12.400 ações ordinárias a um preço médio de R$ 14,71 e recomprou 99.600 ações a preço médio de R$ 13,12, resultando num desembolso líquido de cerca de R$ 1,12 milhão.
OranjeBTC e mNAV
A OranjeBTC justificou a recompra afirmando que suas ações estavam sendo negociadas abaixo de seu mNAV (múltiplo do valor patrimonial líquido ajustado. Ou seja, abaixo de 1,0× o valor do ativo por ação.
Portanto, isso faz da recompra uma forma indireta de adquirir Bitcoin ‘com desconto’ para o acionista, ao reduzir o número de ações em circulação e, consequentemente, elevar a exposição ao ativo digital por ação.
A empresa também informou que, no período da recompra, não realizou compras de Bitcoin, mantendo sua reserva em ~3.708 BTC. O movimento marca uma pausa momentânea na trajetória recente da companhia de ser uma Bitcoin treasure company.
Anteriormente vinha divulgando aquisições regulares de BTC como parte de sua estratégia. Entre elas, a compra de 16 BTC no início de outubro de 2025 por mais de R$ 10,3 milhões.
A estreia da OranjeBTC na bolsa, em 7 de outubro de 2025, via incorporação reversa da antiga Cursinho Integraus, gerou grande expectativa entre o mercado das criptomoedas mais promissoras. Na ocasião, a empresa informava possuir cerca de 3.675 BTC, o que resultava em um valor implícito de bitcoin por ação de aproximadamente R$ 14,96. No entanto, desde então os papéis acumulam queda de ~46% enquanto o Bitcoin recuou cerca de 13,7% no mesmo período.
Por que a recompra agora?
A decisão da empresa pode ser entendida sob duas lentes principais. A primeira é uma resposta ao mercado: com o múltiplo mNAV abaixo de 1,0×, a empresa identifica que o mercado está atribuindo valor inferior ao que ela considera justo para seu portfólio de BTC.
Dessa forma, recomprar ações é vista como uma alocação de capital eficiente para ‘comprar Bitcoin com desconto’.
A segunda lente é mais estratégica. Pela natureza de empresa de tesouraria de Bitcoin, a exposição ao ativo per ação é uma métrica vital de valorização. A ideia é reduzir ações em circulação, que implica em mais satoshis por ação. Consequentemente, comunica ao mercado uma forma alternativa de retorno.
Contexto de mercado e comparação internacional
No universo global das ‘Bitcoin treasury companies’, o mNAV é uma métrica amplamente utilizada para comparar empresas que mantêm Bitcoin como ativo de reserva.
Quando o mNAV está acima de 1, significa que o mercado valoriza o gerenciamento, a marca e a execução da empresa além do simples valor do Bitcoin. Quando está abaixo de 1, há sinal de desconto e de possível percepção de risco. No caso da OranjeBTC, o mNAV abaixo de 1 já motivou a ação de recompra.
Outras empresas listadas, nos EUA, por exemplo, continuam acumulando Bitcoin mesmo em ciclos de queda, como a Strategy que ampliou sua exposição em momentos adversos.
OranjeBTC segue plano Bitcoin
Para o mercado brasileiro, a OranjeBTC continua a mandar um recado. Assim como a Méliuz (CASH3), a empresa quer ser uma empresa listada que oferece ao investidor varejo exposição direta ao Bitcoin, regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Portanto, essa exposição inclui não apenas o preço do Bitcoin, mas o risco de execução, custódia, comunicação e governança da companhia.
Diante disso, a recompra comunica ao mercado que a companhia possui governança capital e busca corrigir o desconto, mas também revela que o caminho de acumulação de Bitcoin não está isento de desafios, seja de liquidez, seja de percepção de valor.
Se a empresa conseguir manter ou ampliar sua reserva de Bitcoin no médio prazo, enquanto reduz o número de ações em circulação, poderá construir um “moat” (vareira) de satoshis por ação que favoreça o acionista. Caso contrário, corre o risco de ser vista como um veículo de especulação ou correção de mercado, e não como um player de tesouraria genuína.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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