Renato Amoedo no Blockchain Rio: ‘Bitcoin é evangelho, o resto é idolatria’

No Blockchain Rio 2025, Renato Amoedo criticou a especulação em altcoins, defendeu o Bitcoin como única verdadeira revolução.

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Renato Amoedo no Blockchain Rio: ‘Bitcoin é evangelho, o resto é idolatria’

Resumo da notícia

  • Renatão critica MP 1203 e alerta para risco de demissões e recuo no setor cripto brasileiro.
  • Segundo ele, ignorar o Bitcoin hoje é como ter ignorado a energia elétrica no passado.
  • Modelo da MicroStrategy é elogiado, mas risco de confisco estatal é levantado.
  • ‘Evangelização’ do BTC é a missão de quem entende o potencial civilizacional do ativo.

Renato Amoedo, mais conhecido como Renatão, não economizou nas palavras durante sua participação no Blockchain Rio 2025. Com seu estilo direto e provocador, o economista e evangelista do Bitcoin fez uma série de declarações fortes sobre o cenário atual das criptomoedas, a predominância das altcoins e os riscos que, segundo ele, ameaçam a integridade do ecossistema cripto brasileiro.

Renato Amoedo conversou com a reportagem do Coinspeaker e soltou o verbo. Bastante conhecido por sua mentalidade Bitcoin Only – ou seja, defende que apenas o Bitcoin tem valor real dentre as outras criptomoedas – Amoedo não teve receio de falar o que pensa.

Recado de Renato Amoedo

A fala de Renatão ocorreu em um dos corredores mais movimentados do evento, mas a espontaneidade do momento não impediu que sua mensagem fosse clara: a comunidade precisa acordar para os perigos da atual conjuntura política e regulatória no Brasil.

‘Sinto-me como um missionário num terreiro de macumba’, ironizou, referindo-se ao ambiente que mistura euforia com ignorância técnica e excessos especulativos. Para ele, mesmo os projetos sérios estão sob risco iminente com a possível aprovação da MP 1203, medida provisória que, segundo especialistas, pode trazer consequências severas para empresas de criptomoedas com sede no Brasil.

‘Mesmo os projetos legítimos vão tomar no cozinho se passar essa MP’, disse Renatão, com sua costumeira irreverência. Segundo ele, o momento exige mobilização política e institucional. O recado é direto para os grandes players do setor: os chamados ‘magnatas do Bitcoin’.

‘Se eles não usarem sua influência financeira e política para derrubar essa merda, eles vão se foder. E essa porra aqui, no ano que vem, vai ter metade do tamanho. Metade da galera vai estar desempregada’, alertou, referindo-se ao impacto negativo que a MP pode gerar no ecossistema de startups, desenvolvedores, prestadores de serviço e educadores do setor cripto.

Críticas à comunidade cripto

Mas a crítica de Renatão vai além da política. Ele também observa com preocupação o comportamento de parte da comunidade cripto, que, segundo ele, ignora o papel central do Bitcoin em favor de modismos e promessas duvidosas. Para o economista, Bitcoin é o único ativo verdadeiramente revolucionário, e tudo o que foge disso é ruído.

‘Quem ignorar o Bitcoin vai tomar no cu como quem ignorou a energia elétrica’, disparou.

A metáfora não é gratuita. Para Renatão, a adoção do Bitcoin representa uma transformação civilizatória comparável à descoberta da eletricidade. Quem não entender isso agora, segundo ele, vai ficar para trás — financeiramente, tecnologicamente e politicamente.

Desse modo, o tom profético também se estendeu à análise sobre as chamadas Bitcoin Treasury Companies, empresas como a Strategy que adotaram o BTC como ativo estratégico de tesouraria. ‘O modelo da MSTR é a alavancagem sem chamada de margem. Quem fizer isso, tende a bombar’, explicou.

EUA vai desapropriar Bitcoin

No entanto, o futuro dessa estratégia, para Renato Amoedo, não está isento de riscos. Ele acredita que, até 2033, o governo dos Estados Unidos pode tomar uma atitude radical em relação ao Bitcoin.

‘O final disso, na minha opinião, vai ser a desapropriação dos Bitcoins pelo governo americano. Eles vão fazer com o Bitcoin o que fizeram com o ouro em 1933’, afirmou. A referência é ao histórico confisco de ouro pelo presidente Franklin D. Roosevelt, que obrigou cidadãos americanos a entregarem seus metais ao governo, sob pena de sanções.

Segundo Renatão, o mesmo poderia ocorrer com grandes detentores de BTC, por meio de um instrumento semelhante ao eminent domain, no qual o Estado toma posse de ativos considerados estratégicos. Nesse cenário, os holders perderiam o potencial multiplicador do ativo, que, na visão do economista, explodiria em valor logo após a suposta intervenção estatal.

Apesar disso, do tom de alerta, Renatão também deixou espaço para o entusiasmo. Ele citou o caso de Israel Salmen, CEO da Méliuz, dizendo que triplicou seu patrimônio antes dos 30 anos graças ao Bitcoin. A mensagem, mais uma vez, é clara: quem estuda e se posiciona cedo colhe os frutos. Quem ignora, paga o preço.

Renato tenta evangelizar evento

No contexto do Blockchain Rio, onde muitos painéis e estandes ainda priorizam o lançamento de tokens, NFTs e soluções on-chain de segunda camada, a fala de Renatão surge como um contraponto interessante. Uma tentativa de reorientar o foco para o que, em sua visão, é o núcleo duro do criptoativo original: descentralização, escassez programada e soberania individual.

Além disso, a preocupação com os rumos do setor também passa pela percepção de que, mesmo com o crescimento institucional, o Brasil ainda é vulnerável a medidas legislativas mal formuladas ou mal-intencionadas. A MP 1203, que ainda não teve todos os detalhes divulgados publicamente, já é vista com desconfiança por especialistas e empreendedores do setor, que temem um efeito inibidor sobre a inovação.

Problema não é regulação em si

Renatão, que transita entre o mercado tradicional e a cultura cripto com facilidade, reforça que o problema não é regulação em si, mas sim a forma como ela é implementada. Para ele, o Brasil corre o risco de seguir o caminho oposto ao que países como Suíça, El Salvador e até Indonésia estão trilhando — onde o Bitcoin é visto como reserva estratégica ou ativo de infraestrutura.

‘Evangelizar’ é a palavra que ele escolhe para descrever sua missão. Em um ambiente onde a hype ainda impera e as decisões de investimento muitas vezes seguem a manada, Renatão se vê como uma voz dissonante, mas necessária.

Portanto, ele afirmou ter ido ao evento como um contraponto à euforia, um lembrete de que o Bitcoin não precisa de marketing. Ele só precisa ser entendido. No encerramento da entrevista, sua frase final ecoa com força: ‘Minha honra’.

Texto: Leonardo Cavalcanti

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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