O movimento reforça a institucionalização do Ethereum e pressiona reguladores de outros países, incluindo o Brasil, a debater produtos semelhantes.
A REX Shares, em parceria com a Osprey Funds, anunciou o lançamento do primeiro fundo negociado em bolsa (ETF) de staking de Ethereum (ETH) do país nesta quinta-feira (25/09). Dessa maneira, o produto oferece aos investidores a possibilidade inédita de acessar diretamente recompensas de staking por meio de um produto regulado.
A novidade foi recebida como um divisor de águas no setor, pois além de representar um avanço regulatório significativo. Isso porque abre espaço para novas formas de participação institucional no ecossistema Ethereum.
O ETF, aprovado após meses de discussões com reguladores, promete unir exposição ao preço à vista do ETH com rendimentos provenientes da participação direta na rede.
Ou seja, isso significa que, pela primeira vez em solo americano, investidores poderão combinar dois elementos centrais do ecossistema Ethereum em um único veículo regulado. São eles, a valorização do token e retorno de staking.
ETF de staking democratiza atividade onchain
O staking foi introduzido após a transição do Ethereum para o modelo de consenso Proof of Stake (PoS). A atualização foi consolidada com o chamado Merge em 2022. Após a atualização, os detentores de ETH podem validar transações na rede e receber recompensas por isso. A grande maioria das melhores criptomoedas usam o mesmo modelo.
Embora já fosse possível participar do processo por meio de exchanges e protocolos descentralizados, havia limitações em termos de segurança regulatória e acessibilidade. Agora, com um ETF aprovado, o mercado norte-americano passa a dispor de um instrumento que legitima o staking aos olhos de investidores institucionais e reguladores.
A decisão da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) marca também uma guinada em sua postura.
Até recentemente, o órgão adotava uma linha rígida contra produtos relacionados a staking, chegando a aplicar multas a empresas como Kraken em 2023 pelo oferecimento de serviços sem registro. O aval a este novo ETF indica uma mudança de entendimento ou, ao menos, uma flexibilização diante do crescimento do setor.
Segundo analistas, o fundo pode atrair fluxos bilionários já nos primeiros meses. Instituições financeiras que até então evitavam participar de atividades de staking, por receio regulatório, agora têm a oportunidade de acessar o rendimento por meio de um produto listado em bolsa, com custódia regulada e auditoria transparente.
Termômetro para outros ETFs
Além disso, o ETF pode se tornar um termômetro para a aceitação de outros produtos semelhantes no futuro, incluindo aqueles voltados para blockchains alternativas como Solana e Avalanche.
Para a Osprey Funds, gestora conhecida por lançar produtos inovadores no setor cripto, este é mais um movimento de vanguarda.
A empresa já havia introduzido ETFs temáticos, incluindo exposição a Solana, e agora assume protagonismo ao ser a primeira a oferecer um veículo de staking. A REX Shares, por sua vez, adiciona peso institucional à parceria, reforçando a segurança jurídica e operacional do produto.
O impacto imediato também existe no mercado de Ethereum. A expectativa é que a demanda adicional por ETH, proveniente do interesse em participar do ETF, aumente a pressão de compra sobre o ativo.
Além disso, ao canalizar volumes significativos para o staking, a liquidez disponível no mercado à vista pode se reduzir, o que tende a acentuar movimentos de valorização em períodos de forte demanda.
Além disso, o desempenho do ETF dependerá da estabilidade da rede Ethereum e das recompensas de staking, que podem variar de acordo com a dinâmica de uso da blockchain.
Influência global
No cenário internacional, o lançamento deste ETF reforça a posição dos Estados Unidos como epicentro do mercado global de ETFs cripto.
Após a aprovação dos ETFs à vista de Bitcoin e Ethereum no início de 2025, o produto de staking sinaliza que o setor está evoluindo rapidamente para atender a diferentes perfis de investidores, desde aqueles que buscam exposição simples ao preço até os que desejam rendimentos adicionais.
Para investidores brasileiros, a novidade também traz implicações relevantes. Embora o produto seja exclusivo do mercado americano, ele funciona como um termômetro da direção que os reguladores internacionais estão tomando.
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já autorizou ETFs de Bitcoin e Ethereum à vista, mas ainda não há clareza sobre a aceitação de modelos que incluam staking.
A aprovação da SEC pode servir de referência para discussões locais, especialmente em um país onde a demanda por criptoativos entre investidores institucionais cresce de forma acelerada.
Do ponto de vista prático, investidores brasileiros que operam por meio de corretoras internacionais terão acesso indireto ao ETF, ampliando suas opções de diversificação. Essa é uma oportunidade particularmente relevante para fundos de pensão e gestoras que buscam alinhar inovação com segurança regulatória.
Impactos em RWA
Além disso, o novo produto pode impulsionar o debate sobre a tokenização de ativos no Brasil, já que o staking é um exemplo claro de como o blockchain pode gerar rendimentos dentro de um sistema financeiro descentralizado.
Outro impacto esperado é sobre a relação entre regulação e inovação no mercado local. O avanço dos Estados Unidos pressiona o Brasil a acompanhar o ritmo, sob risco de perder competitividade em um setor que atrai cada vez mais capital global.
Caso a CVM adote postura favorável, poderemos ver no médio prazo os primeiros ETFs com staking sendo oferecidos também na B3, ampliando a integração do mercado nacional ao ecossistema internacional de criptoativos.
A médio e longo prazo, o lançamento do ETF de staking de Ethereum nos EUA pode acelerar o amadurecimento do setor como um todo.
A institucionalização do staking representa um passo importante para transformar a atividade em uma fonte legítima de rendimento, comparável a dividendos ou cupons de renda fixa.
Portanto, esse novo paradigma tem potencial para atrair investidores conservadores, antes com o pé atrás do universo cripto. Ao mesmo tempo em que fortalece a tese de que o Ethereum pode ser entendido como uma ‘infraestrutura de mercado’ e não apenas como um ativo volátil.
Enquanto isso, os mercados aguardam os próximos movimentos regulatórios. Há expectativa de que a SEC possa analisar produtos semelhantes para outras blockchains, ou até expandir o modelo para incluir derivativos ligados ao staking.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
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