HYPE como nova fronteira do DeFi, aponta estrategista da 21Shares

Em entrevista exclusiva, Maximiliaan Michielsen, estrategista da gigante em gestão de ativos digitais, detalhou o racional por trás do lançamento.

Leonardo Cavalcanti By Leonardo Cavalcanti Marta Stephens Edited by Marta Stephens Atualizado em 7 mins read
HYPE como nova fronteira do DeFi, aponta estrategista da 21Shares

Resumo da notícia

  • A Hyperliquid é uma blockchain própria de derivativos perpétuos, com arquitetura sem taxas de gas e execução instantânea.
  • 95% das receitas do protocolo são destinadas a recompras automáticas de HYPE, criando um modelo de valorização sustentável.
  • O setor de derivativos on-chain já movimenta US$ 200 bilhões por semana, mas ainda representa apenas 1% do mercado global.

A 21Shares, uma das maiores gestoras de ativos digitais do mundo, com mais de US$ 11 bilhões sob gestão e presença em 15 bolsas globais, reforça sua aposta em ativos emergentes do ecossistema DeFi. Entre os novos produtos lançados, o ETP de HYPE (Hyperliquid) se destaca como uma das iniciativas mais ousadas da empresa suíça. Além disso, como uma das mais simbólicas da maturidade do mercado cripto no ambiente institucional.

Em entrevista exclusiva, Maximiliaan Michielsen, estrategista de investimentos da 21Shares, detalhou o racional por trás do lançamento. Ademais, apontou as razões pelas quais o Hyperliquid, blockchain nativa de derivativos perpétuos, pode se tornar uma das infraestruturas mais relevantes do setor descentralizado.

Segundo Michielsen, a empresa busca ‘oferecer aos investidores exposição regulamentada à próxima geração de infraestrutura DeFi’, levando ativos como HYPE ao universo dos mercados tradicionais.

ETP de HYPE já acumula US$ 5 milhões de AUM

Lançado em 28 de agosto, o ETP de HYPE é um dos produtos com foco em democratizar o acesso às criptomoedas mais valiosas do mercado.

O ETP acumula mais de US$ 5 milhões em ativos sob gestão em pouco mais de um mês. Embora ainda pequeno se comparado ao portfólio multibilionário da gestora, o produto é considerado um passo estratégico.

O Hyperliquid é, nas palavras de Michielsen, ‘a infraestrutura da próxima geração do DeFi’. Trata-se de uma blockchain layer 1 própria, criada especificamente para operar derivativos perpétuos, uma das classes de ativos mais negociadas no universo cripto.

Esses contratos conhecidos como perps permitem aos traders especular sobre o preço futuro de um ativo sem a necessidade de possuí-lo e sem data de vencimento, diferentemente dos contratos futuros tradicionais.

Portanto, o modelo tornou-se extremamente popular porque oferece alta alavancagem, operação 24/7 e liquidez constante, atendendo a um perfil de investidor ativo.

Nova infraestrutura para o mercado de derivativos on-chain

Michielsen explica que a Hyperliquid nasceu justamente para solucionar gargalos históricos do DeFi. ‘Enquanto exchanges descentralizadas tradicionais, como a Uniswap, dependem da blockchain do Ethereum e enfrentam custos elevados e lentidão, a Hyperliquid é uma cadeia própria, otimizada para operações de alta frequência e baixíssima latência.’

A arquitetura do protocolo é completamente verticalizada. Isso significa que a Hyperliquid não apenas opera sua blockchain, mas também controla integralmente o mecanismo de ordens, liquidez e processamento.

‘A ausência de taxas de gas e a execução instantânea fazem com que a experiência do usuário seja comparável à de exchanges centralizadas como Binance e Coinbase, mas com segurança e transparência on-chain’, afirma Michielsen.

Essa combinação cria um diferencial competitivo significativo. Ao eliminar intermediários e custos de rede, o ecossistema da Hyperliquid se torna autossustentável, canalizando 95% das taxas internas diretamente para recompras do token HYPE, fortalecendo o valor do ativo e alinhando os incentivos entre usuários, traders e investidores.

O mecanismo de captura de valor e o papel do HYPE

Um dos pontos centrais da tese da 21Shares é a captura de valor real do token HYPE. No passado, grande parte dos tokens de governança de protocolos DeFi não conseguia converter o uso do sistema em valorização do ativo.

Michielsen reconhece que essa desconexão foi um dos principais problemas do setor. `Havia plataformas com volumes bilionários, mas tokens sem utilidade prática, o que frustrava investidores`, pontua.

A Hyperliquid, por outro lado, integra a economia do protocolo ao desempenho do token. Como opera toda a pilha tecnológica internamente, quase toda a receita, taxas, comissões e parte das recompensas de liquidez, é destinada a recompras de HYPE no mercado secundário.

Segundo o analista, isso cria um efeito de flywheel. Ou seja, quanto maior o uso da plataforma, maior a pressão compradora sobre o token, estimulando a valorização orgânica.

Além disso, o protocolo introduziu o Hyper Liquidity Pool (HLP), no qual provedores de liquidez recebem parte das receitas, enquanto outra fração é usada nas recompras automáticas de HYPE. Desde 2023, já foram mais de US$ 1 bilhão em recompras acumuladas, um número expressivo que reforça a solidez da tokenomics.

Michielsen compara o modelo à geração anterior de DEXs. ‘O HyperLiquid resolveu o problema de alinhamento entre uso e valorização. No Uniswap, por exemplo, o token UNI não reflete o desempenho da plataforma. No Hyper, o HYPE captura diretamente o valor econômico do ecossistema.’

Competição crescente: o desafio de manter a liderança

Nos últimos meses, o setor de perp DEXs tornou-se um dos mais competitivos do DeFi. Protocolos como Aster, Lighter, Advantis (na Base) e Apex, vinculada à Bybit, entraram na disputa pelo domínio de mercado.

O crescimento explosivo do Aster, que chegou a concentrar 70% do volume semanal em setembro, levantou debates sobre manipulação e sustentabilidade dos volumes reportados.

‘É um mercado dinâmico, muito parecido com as guerras de DEX de 2021’, observa Michielsen. ‘O Aster cresceu rápido, impulsionado pela distribuição e conexão com o ecossistema da Binance, mas ainda há dúvidas sobre a saúde dos seus números. Quando vemos um volume 70 vezes maior que o TVL, isso acende um alerta.’

Segundo ele, no longo prazo, o diferencial da Hyperliquid está em sua liquidez estrutural e transparência on-chain. Embora o volume diário tenha oscilado com a chegada de novos competidores, o protocolo ainda lidera em open interest e profundidade de mercado. São métricas que indicam a confiança de traders institucionais e a solidez de sua infraestrutura.

‘Mesmo que o Aster tenha roubado parte do holofote, a Hyperliquid mantém a estrutura mais sustentável em termos de tokenomics e alinhamento de incentivos. O mercado pode se agitar no curto prazo, mas as fundações do HYPE permanecem muito mais robustas’, destaca o estrategista.

Crescimento do mercado e perspectivas de longo prazo

Apesar da competição intensa, o cenário para derivativos on-chain segue em franca expansão. O mercado, que movimentava alguns bilhões em 2023, já ultrapassa US$ 200 bilhões em volume semanal, segundo dados da DeFiLlama.

HYPE desponta como nova fronteira do DeFi, segundo estrategista da 21Shares

Volume semanal de contratos perpétuos (Imagem: DeFiLlama)

Ainda assim, Michielsen lembra que essa cifra representa apenas 1% do mercado global de derivativos, estimado em US$ 700 trilhões.

‘O bolo ainda é pequeno, mas está crescendo rápido’, explica. ‘Há espaço para múltiplos players, e o avanço de infraestrutura como o HyperLiquid é um sinal de amadurecimento do setor. Acredito que veremos crescimento paralelo. Tanto no tamanho do mercado quanto na fatia de cada protocolo.’

No âmbito macroeconômico, Michielsen também vê um ambiente favorável. A expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve ao longo de 2026 tende a impulsionar ativos de risco, incluindo criptoativos e tokens de infraestrutura como HYPE.

‘O cenário global é propício. À medida que o capital migra da renda fixa para ativos com potencial de valorização, o DeFi ganha força, e o Hyperliquid está posicionado para capturar esse movimento.’

HYPE como reflexo da nova fase do DeFi

Para Michielsen, o HYPE representa mais do que um ativo de nicho. Ele simboliza a evolução estrutural do DeFi, que se aproxima cada vez mais da eficiência dos mercados tradicionais.

‘O HyperLiquid une performance técnica, tokenomics sólida e experiência de usuário aprimorada. É o primeiro protocolo capaz de competir em paridade com exchanges centralizadas em velocidade e custo’, afirma.

Com mais de US$ 2 trilhões em volume acumulado desde o lançamento e cerca de US$ 10 bilhões em negociações diárias, a Hyperliquid já se tornou uma das principais referências do setor.

A expectativa, segundo Michielsen, é que a adoção continue crescendo à medida que novos produtos, como o Project Nova, ampliem o ecossistema e reforcem a sustentabilidade do modelo.

Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.

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Leonardo Cavalcanti

Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.