60% das instituições disseram que vão ampliar exposição a cripto nos próximos 12 meses.
A tokenização de ativos privados foi citada como principal vetor de crescimento até 2028.
40% das empresas já possuem departamentos dedicados a ativos digitais.
A pesquisa reforça que o foco institucional está migrando do varejo para operações on-chain de alta escala.
Um novo estudo da gestora estatal State Street revela uma mudança de patamar no interesse dos institucionais por ativos digitais. A maioria das instituições entrevistadas espera dobrar suas participações em Bitcoin e outras criptomoedas até 2028.
Esse movimento sinaliza uma transição de fase de testes tímidos para adoção estratégica em larga escala de criptoativos nas carteiras institucionais.
A pesquisa global, divulgada em 9 de outubro de 2025, ouviu executivos sênior de instituições de gestão de ativos e proprietárias de capital. Cerca de 60% dos participantes afirmaram que planejam aumentar suas alocações em ativos digitais dentro de um ano.
A expectativa de duplicação em alguns casos reflete confiança crescente em infraestrutura, custódia e modelos regulatórios mais claros para blockchain e tokenização de mercados privados.
Tokenização de mercados privados
Uma parte central do relatório aponta que a tokenização de mercados privados, ativos como ações privadas, dívida e participações ilíquidas será o primeiro grande vetor de adoção institucional.
Essa via permite que ativos tradicionalmente ilíquidos sejam representados como tokens negociáveis em redes blockchain, trazendo mais eficiência, transparência e liquidez.
Outro dado relevante é que a State Street afirma que cerca de 40% das instituições já criaram unidades dedicadas a investimento em criptomoedas. Isso mostra que o movimento já não é somente aspiracional.
Diversas entidades começaram a operacionalizar cripto dentro de suas estruturas. Segundo a empresa, ganhos operacionais em visibilidade, compliance e custos são motes decisivos para essa transição.
Implicações para o mercado cripto
Esse aumento projetado nas participações institucionais pode redefinir o perfil estrutural do mercado cripto. Antes visto como predominante entre investidores de varejo e entusiastas de tecnologia, o setor agora entra no radar de grandes gestoras, fundos de pensão e alocações corporativas.
Um efeito direto é a elevação da demanda resiliente. Instituições tendem a operar com horizontes mais longos e menor sensibilidade a volatilidades diárias.
Com mais players institucionais no mercado, pode haver maior estabilidade e pisos de suporte mais robustos em quedas. Por outro lado, essa mudança também representará desafios. A infraestrutura de custódia precisa acompanhar padrões escaláveis e seguros.
A confiança em custódia institucional ‘bank grade’ será vital, sobretudo para evitar falhas ou vulnerabilidades que possam causar perdas ou crises de credibilidade.
Além disso, com mais capital caminhando para cripto, a liquidez concorrente pode se ajustar. Em momentos de estresse, a participação institucional pode tanto amortecer o impacto quanto acentuar a disparidade entre compradores e vendedores dependendo do tamanho das ordens.
A tokenização de mercados privados também redefine setores tradicionais de finanças. Muitas vezes, a liquidez histórica de imóveis, private equity ou dívida corporativa ficará ‘on-chain’, permitindo negociações mais rápidas e acesso mais amplo — com implicações profundas para bancos, administradoras e agentes de mercado.
Contexto macro e desafios regulatórios
Esse movimento institucional por mais cripto não ocorre em vácuo. O ambiente macroeconômico global, marcado por expectativas de cortes de juros nos EUA e ajustes monetários em economias emergentes, favorece ativos de risco com potencial de retorno.
O Bitcoin, historicamente sensível à liquidez global, tende a se beneficiar de condições monetárias mais frouxas.
Contudo, a força do dólar americano ainda atua como barreira. Capitais internacionais frequentemente convertem ativos em dólar para entrar ou sair de posições em cripto, e um dólar forte pode tornar alternativas em outras moedas menos atraentes.
No Brasil, por exemplo, essa dinâmica é bem percebida entre investidores que comparam retorno em cripto com juros e rentabilidade local.
No âmbito regulatório, a trajetória ainda é incerta. Apesar de maior clareza em alguns países, muitos mercados aguardam legislações específicas para definição de ativos digitais, custódia, impostos e compliance. Instituições considerando dobrar suas alocações precisarão navegar esse mosaico regulatório e gerar previsibilidade para seus stakeholders.
Comparativo com outros dados recentes e ressalvas
Embora o otimismo institucional seja visível, alguns dados apontam que ainda há caminho a percorrer. Um relatório da Reuters apontou que, no primeiro trimestre de 2025, investidores institucionais ajustaram suas posições em ETFs de Bitcoin, reduzindo ou realocando participações diante de volatilidades e colapso do prêmio entre futuros e spot.
Outra análise da Reuters indica que, apesar do aumento de interesse, a participação institucional ainda é modesta: menos de 5% dos ativos sob ETF de Bitcoin são detidos por entidades de longo prazo como fundos de pensão, enquanto entre 10 a 15% estão nas mãos de hedge funds ou gestores que operam para clientes de varejo.
Esses indicadores mostram que, embora a expectativa seja de crescimento agressivo até 2028, a base de adoção institucional ainda está em fase de maturação.
O passo para duplicar a exposição no longo prazo exigirá execução, resiliência regulatória, transparência e infraestrutura robusta.
Reflexões para o Brasil
Para o mercado brasileiro, esse tipo de previsão reforça a urgência de fortalecer marcos regulatórios e infraestrutura institucional em cripto. O país já avança no debate legislativo e busca consolidar a Lei dos Criptoativos como referência.
Mas inserir investidores institucionais exige clareza tributária, segurança jurídica, mecanismos eficientes de custódia e parcerias com grandes gestores globais.
Uma migração mais sólida de capital institucional poderia favorecer a liquidez dos principais projetos cripto brasileiros, facilitar incentivos de pesquisa, mineração sustentável e criação de produtos financeiros locais. Também fortaleceria a posição do Brasil como destino competitivo de investimento cripto na América Latina.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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