O Ministério das Finanças da Rússia e o Banco Central da Rússia concordaram em legalizar o uso de criptomoedas para pagamentos em transações externas.
A decisão foi anunciada pelo ministro Anton Siluanov, após reunião sobre 'melhoria da eficiência econômica e ambiente de negócios justo'.
O objetivo é reduzir a dependência da Rússia em sistemas internacionais como o SWIFT e moedas ocidentais diante das sanções.
A Rússia acordou nesta semana um marco regulatório que permite o uso de criptomoedas para liquidação de operações de comércio exterior, segundo anúncio conjunto do Ministério das Finanças da Federação Russa e do Banco Central da Rússia. A decisão veio após uma reunião estratégica sobre ‘melhoria da eficiência econômica e ambiente justo de negócios’.
A medida surge em um momento de forte tensão nas relações comerciais entre Moscou e Ocidente, intensificadas pelas sanções impostas desde 2022.
Em vez de simplesmente endurecer restrições, a Rússia optou por liberar o uso de criptomoedas em transações externas. Portanto, trata-se de um reconhecimento tácito de que esses ativos digitais podem atuar como alternativa ao sistema tradicional de pagamentos internacionais.
O ministro Anton Siluanov destacou que o país entende que ‘essa área deve ser legalizada e receber regulação legislativa’. Além disso, afirmou que o uso de criptomoedas para liquidações internacionais pode ajudar empresas russas a reduzir a dependência de intermediários ocidentais e de sistemas como o SWIFT.
Impactos no cenário geopolítico e econômico
A legalização do uso das melhores criptomoedas no comércio externo representa uma guinada na estratégia econômica russa. Em meio ao bloqueio de acesso a muitos sistemas financeiros globais e à pressão sobre seu setor energético, a Rússia parece buscar alternativas para manter fluxos de liquidez e comércio internacional sem depender exclusivamente do dólar ou de sistemas de pagamento ocidentais.
No entanto, isso não significa que o uso doméstico de criptomoedas esteja liberado de forma irrestrita.
O anúncio enfatiza que o uso para liquidações externas será acompanhado de regulação reforçada, cooperação com a agência de inteligência financeira russa e outros mecanismos de supervisão.
Para o mercado cripto global, a decisão russa pode gerar dois efeitos principais.
Em primeiro lugar, há a possibilidade concreta de um grande player comercial, com relevante volume de operações externas, adotar criptomoedas como meio de pagamento.
Além disso, em segundo lugar, está o efeito do estímulo à percepção de que ativos digitais podem ultrapassar o uso puramente especulativo e começar a ser integrados como meio de liquidação entre estados e empresas.
Reações do mercado e risco regulatório
Entretanto, analistas também apontam que o risco regulatório permanece elevado. Embora a medida vislumbre maior liberdade para transações cripto, também significa que empresas russas que passam a operar nesse ambiente estarão sob maior supervisão estatal.
A Rússia já prepara penalidades para cidadãos que realizem transações cripto não autorizadas, mesmo no contexto externo.
Adicionalmente, a comunidade internacional monitora de perto essa mudança pela potencial implicação em sanções, lavagem de dinheiro, financiamento de operações sensíveis e mecanismos de evasão.
Um relatório da Chainalysis apontou que a Rússia já vinha estruturando uma economia paralela de criptomoedas para contornar restrições ocidentais.
O que muda para empresas e comércio externo
Para empresas russas que operam no mercado internacional, esse novo enquadramento abre oportunidades de liquidação em criptomoedas. Isso porque reduz potencialmente o tempo de pagamento, diminuindo taxas de conversão e a volatilidade de liquidações em rublo ou dólar.
Desde 2024, a mineração de criptomoedas já havia sido legalizada na Rússia, sobretudo para operações ligadas a exportações de energia e metais. Agora, oferecer liquidação por cripto é uma evolução natural desse caminho.
Do lado das contrapartes estrangeiras, a adoção dependerá da disposição para receber em criptomoedas, gerenciar risco de volatilidade e cumprir normas de compliance internacional.
Isso significa que, embora a autorização russa represente um passo significativo, a integração operacional pode levar algum tempo.
Para o ecossistema global de criptoativos, a medida reforça o argumento de que as moedas digitais podem assumir o papel de infraestrutura de liquidação internacional — não apenas como ativos para investimento especulativo, mas também como instrumentos de pagamento.
No entanto, mesmo com a autorização, haverá a necessidade de desenvolvimento de contratos, integração técnica, governança corporativa, custódia e mecanismos de mitigação de risco que ainda não estão plenamente maduros para uso em larga escala por corporações ou governos.
Também existe o risco de contrapartes estrangeiras evitarem aceitar criptomoedas russas devido a sanções ou a preocupações regulatórias. Caso isso ocorra, pode limitar o efeito prático da nova norma no comércio externo russo.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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