Segundo analista da Coinext, o cenário atual remete a momentos anteriores de correção que antecederam novas máximas.
Apesar disso, o cenário também carrega semelhanças com o início do último ciclo de baixa em 2021.
Retomada da liquidez global pode redefinir o cenário em 2026.
Melhora gradual das condições macroeconômicas também pode impulsionar.
O Bitcoin iniciou novembro pressionado e voltou a ser negociado próximo de US$ 100 mil, o menor patamar desde junho, em meio ao aumento da aversão ao risco global.
A análise divulgada pela Coinext, assinada pelo analista-chefe Taiamã Demaman, indica que o mercado ainda não apresenta sinais de esgotamento estrutural.
Apesar disso, o curto prazo segue fragilizado e dependente de fatores externos como a política monetária dos Estados Unidos e as tensões geopolíticas.
Segundo Demaman, o cenário atual remete a momentos anteriores de correção que antecederam novas máximas, mas também carrega semelhanças com o início do último ciclo de baixa em 2021.
O que definirá a direção do mercado nos próximos meses, afirma, é a capacidade do BTC de manter o suporte técnico entre US$ 101 mil e US$ 103 mil.
De ‘Uptober’ a outubro negativo
O início de outubro parecia promissor, o Bitcoin alcançou US$ 126,2 mil em 6 de outubro, impulsionado pelas expectativas de corte de juros nos EUA e pela sinalização de um ambiente mais favorável a ativos de risco.
O mercado já projetavam mais um ‘Uptober’, o apelido dado aos períodos de forte valorização que o BTC costuma registrar nesse mês.
Mas a realidade contrariou as previsões. O shutdown do governo americano, combinado com novas tarifas impostas por Donald Trump à China, derrubou o humor dos mercados e marcou o primeiro outubro negativo em sete anos para o Bitcoin.
Ainda assim, tanto o BTC quanto o Ethereum (ETH) conseguiram preservar níveis de suporte considerados estratégicos, mantendo a estrutura de alta de longo prazo.
Novembro começa sob tensão
Com o fim do ‘shutdown’ se aproximando — agora o mais longo da história dos EUA — e um possível acordo tarifário entre Washington e Pequim, esperava-se que o mercado retomasse o tom positivo. No entanto, a instabilidade política interna americana e a ausência de dados econômicos oficiais seguem pesando sobre o apetite ao risco.
Em discurso recente, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que os cortes de juros devem levar mais tempo para se consolidar, já que as pressões inflacionárias voltaram a crescer com as tarifas de importação.
Mesmo com essa postura mais cautelosa, Demaman destaca que um ambiente mais líquido em 2026 pode representar o início de um novo ciclo de valorização dos ativos de risco, embora 2025 deva seguir com volatilidade elevada e movimentos laterais.
Fim de ciclo ou nova oportunidade?
A queda recente do Bitcoin reabriu o debate sobre o fim do atual ciclo de alta. Apesar da fragilidade técnica, não há confirmação de reversão estrutural, aponta a Coinext.
O Índice de Medo e Ganância retornou a níveis vistos em abril. Na época, o BTC recuou abaixo de US$ 75 mil durante a crise tarifária.
E em junho, quando tensões entre Irã e Estados Unidos levaram a uma breve correção antes de o ativo renovar máximas.
‘Os padrões técnicos atuais lembram tanto a consolidação de fundo de abril — que antecedeu uma recuperação expressiva — quanto o comportamento do mercado no início do bear market de 2021. A diferença entre um cenário e outro dependerá de como o Bitcoin reagirá aos suportes’, explica o analista.
Para o restante do ano, o intervalo entre US$ 101 mil e US$ 103 mil é o nível-chave. A manutenção dessa faixa garante estabilidade ou até uma lateralização saudável.
Se rompida para baixo, o risco aumenta, e os próximos alvos de suporte ficam em US$ 97,4 mil e US$ 93,7 mil.
Um movimento mais agressivo de venda poderia levar o preço até US$ 78,7 mil e US$ 70,3 mil, o que, segundo Demaman, marcaria o fim do ciclo atual de alta.
Por outro lado, uma reversão positiva só ganharia tração com fechamentos semanais consistentes acima de US$ 103 mil e seria confirmada caso o ativo rompesse a resistência em US$ 108 mil.
Fatores que podem mudar o cenário
A Coinext destaca que o momento atual, embora desafiador, ainda não sinaliza um esgotamento estrutural do mercado. Pelo contrário, há fatores potenciais de sustentação para o próximo ciclo:
Encerramento do shutdown e divulgação dos dados econômicos represados nos EUA;
Próximos discursos e diretrizes do Fed, que podem indicar o ritmo das flexibilizações;
Movimentos geopolíticos de Donald Trump, que elevam a imprevisibilidade do mercado;
Desempenho das empresas de tecnologia do S&P 500, altamente correlacionadas com o BTC.
Além disso, o relatório aponta que o mercado cripto parece se aproximar do fim do ciclo de correlação negativa com índices como o S&P 500, a Nasdaq e o ouro. Historicamente, esses períodos de divergência duram cerca de 60 dias. Isso significa que ou os índices tradicionais iniciarão uma correção, ou o Bitcoin deve estabilizar na faixa atual.
Essa convergência tende a ser decisiva para o rumo do mercado em 2025, reforçando a importância de acompanhar os níveis técnicos e o comportamento dos ativos tradicionais.
Ethereum testa suportes decisivos
Enquanto o Bitcoin luta para se manter acima dos US$ 100 mil, o Ethereum enfrenta um cenário de maior pressão. Após três semanas tentando preservar o suporte em torno de US$ 3,9 mil, o ativo cedeu à força vendedora e confirmou uma tendência de baixa no gráfico semanal.
O suporte intermediário crucial está entre US$ 3,3 mil e US$ 3,5 mil. Portanto, faixa que pode definir se o ETH manterá a estrutura de alta mensal. Em um cenário mais negativo, o suporte final em US$ 2,8 mil ganha destaque. Sua preservação é o que ainda impede a confirmação de um novo bear market.
Segundo a Coinext, a pressão vendedora no ETH reflete a mesma dinâmica observada no BTC. Ou seja, investidores adotando postura defensiva enquanto aguardam definições de política monetária e redução da incerteza geopolítica.
Perspectivas para o restante de 2025
O relatório da Coinext enfatiza que o comportamento atual do mercado lembra fases de transição entre ciclos. Embora a euforia de ‘Uptober’ tenha se dissipado, a estrutura de longo prazo permanece positiva, e o Bitcoin segue sustentado por um suporte técnico sólido.
Para o analista Taiamã Demaman, a retomada da liquidez global e a melhora gradual das condições macroeconômicas podem redefinir o cenário em 2026, impulsionando o retorno de capital para ativos de risco, especialmente o Bitcoin.
Até lá, o mercado deve se manter em modo de cautela, com oportunidades pontuais para quem busca posições estratégicas de médio prazo.
‘O Bitcoin ainda se apoia em bases fortes. Mesmo com o recuo recente, o atual patamar pode representar mais uma oportunidade de entrada do que o fim de um ciclo’, conclui o analista.
Disclaimer: Coinspeaker está comprometido em fornecer reportagens imparciais e transparentes. Este artigo tem como objetivo fornecer informações precisas e oportunas. Mas não deve ser considerado como conselho financeiro ou de investimento. Como as condições do mercado podem mudar rapidamente, recomendamos que você verifique as informações por conta própria. E consulte um profissional antes de tomar qualquer decisão com base neste conteúdo.
Leonardo Cavalcanti é jornalista especializado em criptomoedas, blockchain e finanças digitais. Além de tocar projetos próprios como o podcast BlockHistory. Também trabalha em desenvolvimento de negócios no ecossistema cripto como parceiro comercial Azify, com foco em parcerias estratégicas, tokenização e soluções de infraestrutura financeira.
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